11.10.10

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"Para depois"

Após o tsunami do PEC III e das réplicas televisivas dos dias seguintes justificando a receita benzodiazepínica de austeridade com que o Governo pretende "acalmar os mercados", chegou a altura de tudo voltar à normalidade e de as águas começarem a recuar em boa ordem. Para já, a proibição de acumulação de pensões e vencimentos (que afectaria muita gente ilustre, do presidente da República para baixo até vários dos economistas catastrofístico-neo-liberais que todos os dias anunciam na TV o Apocalipse) ficará "para depois" por força, parece, de "ditames de ordem constitucional". Recorde-se que, logo quando do anúncio das medidas de poupança, a coisa se dividia já entre as quantificadas (cortes nos salários, no RSI, Abono de Família e outras despesas sociais, no SNS, na ADSE...) e as "para depois", como a taxa sobre a banca ou a racionalização de institutos, empresas públicas e "gabinetes de estudo" (93 milhões em "estudos" só entre 2001 e 2008), reservas de caça ao Orçamento específicas para "boys". Resta saber onde irá o Governo buscar os mil milhões anuais que pretende poupar com os cortes nos salários se o TC mantiver a sua jurisprudência e, por "ditames de ordem constitucional", der como inconstitucionais as normas da Lei do Orçamento que previrem a redução de remunerações. Mas isso não será provavelmente com este Governo. Será "para depois". E quem vier atrás que feche a porta.

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