20.5.11




Os suspeitos do costume

São boas notícias. Após uma investigação exaustiva encomendada pela Conferência Episcopal dos Estados Unidos, descobriu-se de quem é a culpa dos 7 000 casos confirmados (há ainda milhares em análise) de violações e abusos sexuais de crianças por padres católicos.

E a culpa não foi da Igreja (nem, como a Igreja chegou a anunciar, do Diabo ou dos diabólicos homossexuais que conseguiram infiltrar-se em seminários, paróquias e colégios católicos; nem sequer dos padres abusadores), a culpa foi da suspeita do costume: a sociedade.
O estudo, a cargo da Universidade da Cidade de Nova Iorque, demorou 5 anos e custou 1,2 milhões de euros aos bispos, mas valeu a pena porque lhes tirou um enorme peso de cima da consciência.
De facto, muitos bispos chegaram a pensar que poderiam ter tido alguma responsabilidade no assunto por terem escondido à Justiça as denúncias que conheciam e transferido os abusadores para novas paróquias e novos colégios onde puderam continuar a dedicar-se à nobre tarefa de mostrar às crianças o bom caminho. Algumas dessas excelências reverendíssimas, dos Estados Unidos mas também da Austrália, Irlanda, Bélgica, Alemanha e outros países, temeram até ter perdido o lugar que têm reservado no Céu.
Felizmente era um receio infundado. Quem irá parar ao Inferno por causa dos abusos e violações nos colégios católicos serão, sim, as "mudanças sociais" e "a revolução sexual dos anos 60 e 70".

do socretismo como modo de vida


PSP gasta 62 mil euros em relógios

A PSP gastou quase 62 mil euros na compra de relógios de luxo, com a justificação de que estes são bens "de que o director nacional dispõe para oferendar em actos oficiais" a entidades que visitam aquela força de segurança. Grande parte dos 283 relógios adquiridos estão, no entanto, a ser vendidos a agentes.
Segundo a própria PSP explicou ao CM, a compra dos 283 relógios ‘Tissot V8', adquiridos à empresa que representa esta marca em Portugal, "começou a ser pensada em 2007, aquando dos 140 anos da Polícia". "Foi decidido fazer a edição especial de um relógio", explicou por escrito a PSP.
Encetaram-se contactos com várias empresas, tendo a PSP fechado contrato no final de 2010, por ajuste directo, com a representante da Tissot em Portugal. Os relógios foram adquiridos pelo preço unitário de 222 euros, perfazendo um investimento de 61 906,25 euros.
A PSP assegura ter colocado 90% dos 283 relógios para venda "junto dos profissionais de Polícia". "Até Abril, foram adquiridos 55% dos relógios postos à venda e recuperados 38 mil euros", acrescentou. O presidente do Sindicato Unificado de Polícia (SUP), Peixoto Rodrigues, discorda do negócio "numa altura em que há polícias credores da PSP". "Há muitas restrições nas esquadras e a PSP gasta mais de 60 mil euros com relógios", considerou.

19.5.11



o que conta nos políticos é o seu carácter e competência



De quem é a herança?

O Governo costuma tratar os números do desemprego com uma enorme falta de respeito por quem vive esse terrível drama. Figuras patéticas do grupo socrático debitam a relativização estatística habitual como se não fosse já uma enorme tragédia ter mais de 800 mil desempregados.
Por:Eduardo Dâmaso,
E o Governo mais profissional em propaganda de que há memória desde o 25 de Abril fá-lo com o mesmo desplante com que tenta desvirtuar a natureza do debate político em curso – as culpas do estado do País são do PSD e da oposição em geral, que não tiveram um comportamento ‘patriótico’ perante Bruxelas. Como se não existisse uma pesada herança para quem vier e não se soubesse quem a deixa. Como se fosse possível que tão poucos enganassem tantos durante tanto tempo...



"Eles comem tudo"

Fala-se muito, nem sempre com honestidade, do chumbo do PEC 4 e da "crise internacional", atirando para as suas costas a responsabilidade da intervenção financeira externa e de todo o cortejo recessivo de consequências desastrosas que irá acarretar para a economia e para o país.

No entanto, raramente (para não dizer nunca) se ouve falar, no discurso político da "troika" partidária que se voluntariou para a capatazia das medidas "austeritárias", do papel da agiotagem financeira nacional e internacional seja na "crise" - que provocou e de que é a principal beneficiária - seja no processo que conduziu ao "resgate" (ah, as palavras!) do país.
Ora, se a nacionalização das fraudes financeiras do BPN e BPP já constituía um escândalo dificilmente explicável, fica agora a saber-se pelo DE que, desde o início da "crise", em 2008, o Estado, ao mesmo tempo que cortava impiedosamente nos recursos das classes médias e mais desfavorecidas, deu 6 mil milhões de euros de apoios à banca, ascendendo actualmente as garantias públicas ao sistema financeiro a 35 mil milhões. Além disso, como se sabe, ainda irá parar aos bolsos da banca uma fatia de 12 mil milhões dos 78 mil milhões do empréstimo de FMI, BCE e UE.
Não, não são os portugueses quem "vive acima das suas possibilidades", como constantemente bradam os banqueiros e seus factótuns nos media. Os bancos é que vivem acima das possibilidades dos portugueses.

Estatísticas: Duas gerações ‘à rasca’ de trabalho

84,5 mil doutores sem emprego

Ser um jovem licenciado em Portugal é cada vez mais sinónimo de estar desempregado. Os dados do INE ontem revelados mostram que a taxa de desemprego jovem já atinge os 27,8 por cento.
Em cada grupo de dez portugueses entre os 15 e os 24 anos, há três que não têm emprego. Desempregados com licenciatura já são 84,5 mil. A esta ‘geração à rasca’ junta-se agora outra que parece demasiado velha para conseguir emprego mas muito nova para a reforma: as pessoas com mais de 45 anos representam 30,3 por cento do total de desempregados no País.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) colocam a taxa de desemprego em Portugal nos 12,4 por cento no primeiro trimestre de 2011, um máximo histórico que, contudo, não pode ser comparado devido à alteração de metodologia na recolha dos dados. O valor é, de qualquer modo, elevado e mostra que há agora duas ‘gerações à rasca’ no País. Se somarmos os jovens sem trabalho aos desempregados com mais de 45 anos, temos 332 mil desempregados de duas gerações diferentes em Portugal. É praticamente metade de toda a população desempregada.
A agravar este cenário, há ainda o facto de mais de metade dos portugueses sem trabalho estarem nessa situação há mais de um ano .
Em termos geográficos, o Algarve lidera, com uma taxa de desemprego de 17 por cento, seguido da Madeira, com 13,9 por cento, e de Lisboa, com 13,6 por cento de população activa desempregada. Também o Norte, com 12,8 por cento, e o Alentejo, nos 12,5 por cento, ficam acima dos 12,4 por cento da média de Portugal estimada pelo INE.
Os 12,4 por cento de taxa de desemprego registada no primeiro trimestre deste ano colocam em risco a previsão do ministro das Finanças. Teixeira dos Santos afirmou, durantea apresentação das medidas da troika (BCE/FMI/CE), que a taxa de desemprego deveria chegar aos 13 por cento no final de 2013. Ao ritmo a que se tem verificado o crescimento do número de desempregados, há uma forte probabilidade de chegar aos 13 por cento já este ano.
NÚMEROS NÃO SURPREENDEM GOVERNO
O secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, disse ontem que o aumento da taxa de desemprego "estava dentro das expectativas", ressalvando que "o contributo mais significativo foi de pessoas que não estavam à procura de emprego e que agora estão".
"O contributo mais relevante foi dado pelos fluxos da passagem de inactivos para a situação de desemprego", afirmou o governante, acrescentando estar "preocupado com a alta taxa de desemprego" ontem divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística.

18.5.11

do socretismo como modo de vida


Défice - Empresas do ministério da Saúde com passivo crescente

Saúde com ‘buraco’ de 139 milhões

Três agrupamentos complementares de empresas (ACE) criados pelos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) tiveram, em 2010, um passivo de 53 milhões de euros, a que se soma o passivo de 86 milhões de euros dos próprios SUCH, totalizando um ‘buraco’ financeiro de 139 milhões de euros. 
Por:Cristina Serra/Sónia Trigueirão
A grave situação financeira dos três ACE – ‘Somos Compras’, ‘Somos Contas’ e ‘Somos Pessoas’ – levou o Ministério da Saúde, tutelado por Ana Jorge, a criar, em Março de 2010, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), que absorveu os activos e passivos das empresas. Segundo apurou o CM, a falta de homologação das contas dos ACE pelo Ministério das Finanças fez derrapar ainda mais as contas destas empresas.
Essa derrapagem financeira levou os SUCH a pressionar os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde para acelerar o processo de transição das empresas. A necessidade de aceleração do processo de transição deve-se ao facto de os SUCH não terem capacidade económica para absorver o passivo de 53 milhões de euros dos agrupamento de empresas, porque têm um passivo superior – 86 milhões de euros. O CM sabe que recentemente houve negociações entre os responsáveis pelos SPMS e os ministérios das Finanças e da Saúde, para tentar solucionar o problema. Os SPMS ainda não têm estrutura orgânica definida.
O presidente dos SUCH, Nelson Baltazar, afirmou ao CM que "os agrupamentos foram aglutinados pelos Serviços Partilhados [do Ministério da Saúde]", sendo que a criação dos agrupamentos é anterior à sua gestão. O responsável não quis comentar a situação financeira das empresas.
Os agrupamentos iniciaram a actividade em 2008 e foram criados após o Ministério da Saúde ter convidado, em 2007, o SUCH a alargar as áreas de actividade.
Não foi possível obter, em tempo útil, um esclarecimento do Ministério da Saúde.


Trabalho - taxa real de desemprego atinge 780 mil portugueses

Ignorados 238 mil desempregados

Há 238 mil portugueses sem trabalho que não entram para as estatísticas. O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) revelou ontem que em Abril havia cerca de 542 mil desempregados inscritos nos centros de emprego, uma redução de cinco por cento relativamente ao mesmo mês do ano passado. A taxa real de desemprego é, contudo, bastante mais elevada: perto de 780 mil portugueses, segundo o INE. Pelo caminho da estatística perdem-se 238 mil portugueses sem trabalho.
Para Eugénio Rosa, economista, os motivos que explicam a quebra nos inscritos nos centros de emprego prendem-se essencialmente com a falta de eficácia: "Os desempregados inscrevem-se nos centros do IEFP porque é obrigatório para terem direito ao subsídio de desemprego. Conforme vão perdendo o subsídio, com as regras apertadas, não há motivos para continuarem inscritos porque o IEFP não consegue encontrar emprego para eles. Desistem do centro de emprego e tentam encontrar algo sozinhos", explica Eugénio Rosa. Os números mostram que os desempregados que conseguiram emprego em Abril através do IEFP foram apenas um por cento dos inscritos: 5671.
Se tivermos em atenção a taxa real de desemprego (13,8 por cento) e o número de beneficiários do subsídio de desemprego, há quase meio milhão de portugueses sem trabalho e sem subsídio. Os docentes e os quadros da administração pública lideram os aumentos no desemprego em Abril.
"DIFICULDADES DE RETORNO"
 O Governo considera que a redução do número de desempregados inscritos nos centros de emprego em Abril, pelo quarto mês consecutivo, resulta da queda do número de despedimentos, mantendo-se a dificuldade de retorno ao mercado de trabalho.
"Há menos destruição de postos de trabalho, mas mantêm-se as dificuldades de retorno ao mercado de trabalho por parte daqueles que estão desempregados", afirmou o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional.
Em declarações à Lusa, Valter Lemos considerou que "não se estão a perder tantos postos de trabalho, mas também não se estão a criar os suficientes para permitir o retorno ao mercado de trabalho, o que está de acordo com os últimos sinais da eco-nomia". 




Os homens das "mudanças"

Nos dias que correm, com o país (ou a parte dele visível nos jornais e nas TVs) de olhos esbugalhados postos no pós-5 de Junho, a conjunção que mais vezes por aí se pronuncia nos discursos políticos é a subordinativa condicional "se".

O que não deixa de ser singular, tendo em conta que, sob a forma de memorando, a oração principal e seus sujeitos (FMI, BCE e UE), predicados e complementos não dependem da verificação de qualquer condição. Talvez por isso, o "se o PSD vier a formar governo" e o "se eu vier a ser primeiro-ministro" de Passos Coelho têm, de preferência, condicionado matérias da governação mais adjectivas que substantivas.
Recentemente foi essa coisa misteriosa que vem nas últimas páginas dos Orçamentos e dos programas eleitorais dos partidos e é de uso designar por "cultura" (no programa do PSD começa na página 253, imediatamente antes do "desporto" como nos jornais).
Parece que, no seu afã de "Mudar Portugal", Passos Coelho se prepara (tinha que começar por algum sítio) para, "se" o PSD ganhar as eleições, mudar o Ministério da Cultura do Palácio da Ajuda para uma arrecadação no nº 4 da Rua da Imprensa à Estrela onde, longe dos olhos dos tutores da "troika", se lhe dedicará pessoalmente.
Tantas vezes seduzida e abandonada, a Cultura encontrou finalmente alguém que tomará conta dela "de forma sustentada" e a fará (programa dixit) "cumprir integralmente o seu potencial". "Se"...

stado - testemunhos de formandos pedidos para sessão de campanha

PS aproveita Novas Oportunidades

Os centros públicos de Novas Oportunidades receberam pedidos de testemunhos de formandos para serem apresentados hoje na sessão de campanha eleitoral do Partido Socialista que decorrerá em Vila Franca de Xira.
Depois da troca de acusações entre PSD e PS a propósito do programa Novas Oportunidades, a Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), sob tutela dos ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social e da Educação, recebeu um pedido para que fossem recolhidos testemunhos abonatórios que pudessem ser utilizados na sessão do PS com José Sócrates e o cabeça-de-lista por Lisboa, Ferro Rodrigues.
O CM sabe que foram também enviados e-mails a funcionários dos centros em que se pedia para comentarem notícias relacionadas com declarações do presidente da Agência Nacional para a Qualificação, Luís Capucha, nas quais este atacava o líder do PSD, considerando "insultuosas" as suas palavras sobre as Novas Oportunidades. 

17.5.11



Memorando de entendimento

Governo só publicou em português resumo de 15 páginas do acordo com a troika

O memorando de entendimento assinado entre o Governo de gestão e a troika não está publicado na íntegra em português nem no portal do Governo, nem no portal do Ministério das Finanças, ao contrário do que José Sócrates disse pensar existir, durante o debate para as legislativas com Jerónimo de Sousa esta noite na SIC.

Segundo verificou o PÚBLICO, nenhuma tradução integral do memorando de entendimento com as medidas que Portugal vai ter de aplicar nos próximos anos como contrapartida para receber o empréstimo exterior foi publicado em algum site oficial do Governo.

Tanto no portal do Ministério das Finanças, como no do executivo, apenas está publicada uma apresentação em PDF do pacote de medidas em 15 páginas (uma versão em inglês e outra em português), apresentado por Teixeira dos Santos a 5 de Maio (um dia depois de odocumento em inglês ter sido revelado à comunicação social).

A questão da não tradução do documento foi levantada durante o frente-a-frente entre Sócrates e o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, esta noite, na SIC, e que acabou por ser um dos momentos-chave do debate. Questionado por Clara de Sousa sobre a inexistência de uma tradução oficial, Sócrates respondeu: “Acho que há uma tradução portuguesa. Não posso garantir se não há”. Depois da insistência da jornalista, o secretário-geral do PS voltou a dizer: “Mas olhe que estou convencido que essa tradução existe”.

O documento em português listado nos sites do Governo e das Finanças não se trata do memorando de entendimento assinado com as instituições internacionais – que tem 34 páginas –, mas de um resumo das principais linhas de orientação do programa.

A mesma versão do documento, com o nome “Programa de Ajustamento Económico e Financeiro”, pode ser consultada em inglês.

Uma tradução não oficial do memorando está publicada no blogue Aventar.






Jogar às eleições

Para mim, a popularidade das sondagens continua a ser um mistério maior, que nenhuma ficha, por mais técnica que seja, consegue elucidar.

É certo que as sondagens não prometem exactidão. É uma atitude sensata, já que até a física só à condição é que promete que a água ferva a 100 graus centígrados. No entanto as fichas técnicas reclamam "margens de erro" reduzidíssimas, o que, sendo compreensível do ponto de vista da credibilidade comercial do produto (pois as sondagens são um negócio), suscita mais interrogações que respostas.
A mais recente sondagem da Intercampus para o "Público" e a TVI sobre as intenções de voto (só esta expressão, "intenções de voto", é um mundo) nas próximas eleições põe o PSD com 0,7% de vantagem sobre o PS. Há três dias, em outra sondagem da mesma empresa, era o PS que tinha 2,9% de vantagem sobre o PSD e, quatro dias antes, tinha o PSD 1,1% de vantagem.
Todos estes resultados foram obtidos ouvindo pouco mais de mil pessoas "com telefone fixo" (em tempos em que o telefone fixo é quase uma raridade arqueológica). E nenhum deles poderá ser confirmado nem desmentido.
Não os conhecendo bem, não ponho em dúvida os métodos estatísticos que, a partir de uma tal amostragem, permitem anunciar resultados, quaisquer que sejam. Mas pergunto-me se alguém se meteria a comprar um carro em segunda mão (e quem diz um carro em segunda mão diz uma estratégia política) confiando neles.
ELEIÇÕES LEGISLATRIVAS

Histórico do PS assume que não vai votar em Sócrates

Histórico do PS assume que não vai votar em Sócrates
Desta vez, Henrique Neto admite votar no PCP. Para já, só tem uma certeza: não vai votar no PS.
"Tenho consciência de que isso levanta grandes problemas, mas o País está primeiro", justifica o gestor ao DN. "Ninguém tem dúvidas que foi [José Sócrates] quem nos conduziu a um beco sem saída", acrescenta.
E Henrique Neto não é o único socialista que se mostra, mais ou menos abertamente, descontente com o seu partido.

16.5.11




O Mundo como eles o vêem

Quando ontem soube que Dominique Strauss--Kahn, director-geral do FMI, tinha sido preso em Nova Iorque (a palavra é "detido", mas nem só de rigor jurídico vive a língua, alimenta-a também o desejo) acusado de crimes de violação e sequestro, a minha primeira reacção foi de irracional euforia: afinal havia Justiça - assim, com maiúscula e tudo - no Mundo!

Imaginei Strauss-Kahn acusado de violação dos direitos dos numerosos povos do Mundo que o FMI tem "resgatado", o último dos quais o português, e do sequestro de outras tantas economias nacionais para uso e abuso dos famosos mercados, "petit nom" da banca internacional e dos grandes fundos de especulação financeira.
E veio-me à memória o recente "memorando" da "troika" de FMI & Cª, que PS, PSD e CDS/PP disputam agora a honra de aplicar ao que sobrou das pensões, prestações sociais e salários após os sucessivos PEC aprovados pelos mesmos partidos. Ainda por cima as notícias diziam que Strauss-Kahn é reincidente em crimes semelhantes e não pude evitar lembrar-me dos estragos feitos pelo FMI (só para falar de exemplos recentes) na Grécia e na Irlanda.
Afinal a coisa era literal e Strauss-Kahn terá "apenas" sequestrado e tentado violar uma empregada do hotel onde estava hospedado. Compreende-se como deve ser o Mundo visto de dentro da sua cabeça: se põe e dispõe de povos inteiros porque não há-de dispor como bem entender de uma empregada de hotel?

Mota Pinto

O Governo do bloco central (83-85) gerou uma aliança para a vida entre sectores do PS e PSD que se têm dedicado alegremente a vampirizar o estado em tudo o que, na gíria de Jerónimo de Sousa, é o bife do lombo.
Privatizações, concessões de serviços, construção de mercados blindados à concorrência para entregar a amigos, um corrupio de média e grande corrupção do chamado bloco central dos interesses. Mas o Governo propriamente dito foi patriótico. Teve um grande primeiro-ministro (Soares), e um grande ministro das Finanças (Ernani Lopes). E teve também um terceiro pilar, Mota Pinto, decisivo na construção de uma aliança política entre o PS e PSD. Nesses tempos, a política era a arte de pensar no País antes de pensar nos partidos. Hoje é a arte de usar o País para que os cavalheiros que mandam nos partidos se perpetuem no poder.

15.5.11

Sorria Está A Ser Roubado

FMI

Anda Por Aí