11.6.11

Igual a si próprio


BCE reitera posição de Trichet sobre nova ajuda à Grécia e corrige declarações de Constâncio


O Banco Central Europeu divulgou hoje um comunicado reiterando a posição do seu residente, Jean-Claude Trichet, em relação a forma de envolver os credores privados numa nova ajuda da zona euro à Grécia, depois de o vice-presidente, Vítor Constâncio, ter mostrado alguma abertura esta manhã à “extensão de maturidades” da dívida grega.

“O vice-presidente do BCE substitui a sua declaração anterior sobre o possível envolvimento do sector privado no programa de ajustamento grego pelo seguinte: ‘O president Trichet tornou claro que o Conselho de Governadores do BCE exclui qualquer conceito que não seja puramente voluntário ou que tenha elementos de coacção que impliquem situações dedefault ou default selectivo.’”





 PÚBLICO

Tão amigos que nós eramos - 2


O Cabo Submarino

Velhos vícios

O consulado Sócrates merecerá vários tipos de análise. Hoje centro-me nos efeitos dele sobre o PS.
Por:Medeiros Ferreira, Professor Universitário
Como declaração de abertura, esclareço que não fui seu apoiante desde a primeira eleição para SG em Outubro de 2005. Dois meses depois desta, foram convocadas legislativas, cujos resultados foram os melhores alguma vez alcançados pelo PS, atingindo a maioria absoluta. Refira-se que, pouco antes, o PS, ainda sob a direcção de Ferro Rodrigues, já havia averbado um score esmagador nas europeias. Depois de 2005, porém, os candidatos apoiados pelo partido governamental começaram a somar derrotas: Manuel Maria Carrilho nas autárquicas de 2005, Mário Soares nas presidenciais de 2006, Vital Moreira nas eleições para o PE em 2009. Eram sinais mais do que suficientes para a direcção do partido se indagar em consciência sobre o que iria mal na governação. A ausência de reacção significava que a oligarquia se sentia satisfeita no governo e com o governo. Mas a verdade é que todos os candidatos apoiados por José Sócrates perdiam as eleições no país. Mesmo sendo fortes.
Concentrados os esforços, os meios e as medidas governamentais nas legislativas de 2009, Sócrates venceu-as, mas descendo no número de deputados, e ficando privado da maioria absoluta em que tinha moldado o seu modo de governar. Percebeu-se que a nova legislatura não chegaria ao fim. Entretanto, a crise internacional e interna agravava-se sem saída à vista. Que fazer com José Sócrates?
Fui dos que defenderam que, nas circunstâncias dilemáticas em que se encontravam o primeiro-ministro e o PS, devia ser José Sócrates o candidato presidencial. Mesmo que não vencesse Cavaco Silva, abria caminho à sua sucessão dentro do PS e tomava a iniciativa de um rumo, em vez de ser um paciente do destino que se anunciava.
O PS partiu para as presidenciais com um candidato que não as ganharia certamente. Manuel Alegre tomou o caminho da cruz dos seus antecessores sacrificados ao situacionismo mais egoísta de uma oligarquia que alcançara o poder mais pela sorte das circunstâncias do que pelos méritos prévios apresentados. Tudo isto estava previsto nos verdadeiros manuais da arte política.
Sócrates acabou por se demitir face à derrota de domingo. Mas há outros responsáveis. Basta retransmitir na íntegra o último congresso do PS. Houve quem preferisse levar o líder ao colo até ao cemitério. Alguns chamam a isso ‘ética partidária’. Mas perversa…

Tão amigos que nós eramos - 1

– Mas nos últimos anos o PS não foi um partido a uma só voz?
– Houve essa tentativa.
– Por parte de quem? De Sócrates?
–Há uma tendência muito grande para quando as pessoas são ganhadoras reunirem à sua volta um conjunto de pessoas que lhes dizem que está tudo bem.
– Os ‘yes men’?
– Sim. A governação é tão pesada que as pessoas não conseguem perceber que os subservientes nunca são bons conselheiros. Normalmente são perniciosos. Nunca me deixei rodear por subservientes, porque são perigosíssimos.
– José Sócrates esteve rodeado de subservientes?
– Todos os líderes estão. Passos Coelho estará, Paulo Portas também. Todos os líderes acabam sempre por serem rodeados por pessoas que pretendem beneficiar com isso.

Maria de Belém Roseira, CORREIO DA MANHÃ, 11/6

9.6.11

futuro: CAIXEIRO VIAJANTE

Dilma oferece emprego a Sócrates



José Sócrates poderá assumir, em breve, a função de representante de várias empresas brasileiras de topo para Portugal e toda a União Europeia – apurou o SOL junto de fontes próximas do Governo brasileiro.
A proposta e o convite foram intermediados pelo ex-Presidente Lula e pela actual Presidente Dilma Rousseff, ambos com estreitas ligações pessoais e políticas a Sócrates. E, na sua visita a Lisboa no final de Março, por ocasião do doutoramento honoris causa de Lula da Silva pela Universidade de Coimbra, Dilma terá reafirmado a Sócrates – já então primeiro-ministro demissionário – o seu empenho para que aceitasse o cargo.
Entre o grupo de empresas de primeiro plano que endereçaram a José Sócrates o convite para ser o seu representante de negócios na UE contam-se a gigante petrolífera Petrobrás e a cimenteira Camargo Correia. O estreito conhecimento que Sócrates adquiriu, nos últimos seis anos e meio, junto de chefes de Governo e de Estado dos outros 26 países da União Europeia, e o seu bom relacionamento com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e as instâncias comunitárias em Bruxelas terão sido os principais argumentos para o convite dirigido por este grupo de empresários ao ex-primeiro-ministro português.

7.6.11

as medidas da troika

A listagem das medidas acordadas publicada pelo Min das Finanças


ler AQUI

6.6.11




40% sem"legitimidade"

À hora a que escrevo, PSD e CDS pareciam ter ganho a subida honra de, em vez do PS, virem a ser eles os feitores do FMI, UE e BCE, espécie de Miguéis de Vasconcelos do plano dos "mercados" para este seu protectorado à beira-mar plantado: recessão, pobreza, desemprego, despedimentos fáceis, destruição do SNS, da escola e da segurança social públicas, desoneração das empresas de qualquer responsabilidade social através de uma gorda redução da TSU que aumentará exponencialmente o número de Ferraris nas estradas das regiões mais deprimidas do país e redistribuição em "apoios" à banca dos recursos sociais afectados aos mais desfavorecidos.

Ao mesmo tempo, a crer na mensagem de sábado do presidente da República, cerca de 40% de portugueses maiores, vacinados e com direito de voto perderam "autoridade" (e "legitimidade") "para criticar as políticas públicas" do próximo Governo a fim de "honrar os compromissos assumidos" com os tutores internacionais em troca dos 78 mil milhões (10 mil milhões para a banca) que tiveram a bondade de nos emprestar a juros usurários.
Se o nosso sistema eleitoral não fingisse que esses 40% de portugueses não existem, haveria na próxima AR 90 e tal cadeiras vazias. E os partidos teriam um número de deputados adequado ao seu real crédito junto dos eleitores: pouco mais de metade dos que irão ter, o que, em linguagem de "mercados", significaria um "rating" de "lixo"