A guerra entre a Concelhia de Matosinhos do PSD e o candidato pela coligação PSD/CDS à presidência da câmara, Guilherme Aguiar, já tinha começado, mas ontem travou-se uma das mais duras batalhas do conflito. "O PSD não manda em mim. Eu respeito os princípios estatutários do partido, mas o PSD não é meu dono e muito menos a comissão política concelhia", afirmou Guilherme Aguiar numa conferência de imprensa marcada para a mesma hora (12h00) e a escassa distância de outra, protagonizada pelo PSD-Matosinhos e que serviu para criticar Guilherme Aguiar.
Nessa conferência, Clarisse Sousa, presidente demissionária da Concelhia de Matosinhos do PSD, acusou Guilherme Aguiar de "não estar a respeitar a vontade do povo" devido ao acordo celebrado na última quarta-feira com o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto. Acordo esse que prevê uma delegação de competências em Guilherme Aguiar e em Nelson Cardoso, o outro vereador eleito pela coligação PSD/CDS.
Clarisse Sousa acusou Guilherme Aguiar de "excluir totalmente o partido" da recente campanha autárquica, de ter trazido para Matosinhos "Gaia em peso" e de estas opções terem levado ao pior resultado do PSD no concelho desde o 25 Abril. Já Artur Osório - presidente da mesa do núcleo de Matosinhos e novo líder da bancada social-democrata na assembleia municipal matosinhense - afirmou que Guilherme Aguiar "não é uma pessoa digna de pertencer ao PSD" e que o acordo com Guilherme Pinto consubstancia "um acto muito grave".
A conferência de imprensa de Guilherme Aguiar foi tão longa que deu tempo para o vereador responder às críticas proferidas no outro encontro com jornalistas. "A dr.ª Clarisse Sousa representa 1400 militantes e eu represento 15.000 eleitores" foi uma das frases proferidas por Guilherme Aguiar que contra-atacou, afirmando que a líder concelhia o elogiava várias vezes, mas que isso deixou de suceder quando ele lhe negou a possibilidade de ser terceira na lista candidata à câmara. "E, na sequência de não ser número três, recusou ser número dois na lista da assembleia municipal", acrescentou.
"Eu respeito as decisões do partido quando é da sua competência. E não é da competência do partido dizer ao vereador qual é o comportamento que deve ter perante a comunidade que o elegeu", insistiu Guilherme Aguiar, que deu o exemplo da Câmara de Gaia. Se fosse o partido a mandar, então o vice-presidente, Marco António Costa, que é líder concelhio e distrital, "mandaria no presidente da câmara". Já quando questionado sobre uma eventual sanção por parte do PSD, declarou: "Isso é um problema que diz respeito ao partido. O que eu digo é que o PSD não é meu patrão, o meu patrão é a minha consciência."