Maus augúrios para Kadafi
Mais do que as notícias do avanço da rebelião popular sobre Tripoli, o sinal de que as coisas vão de mal a pior para a ditadura de Kadafi são os ratos que nos últimos dias têm saltado apressadamente do barco. Porque o instinto do tipo de ratazanas que, sob a capa da "realpolitik", se junta à volta da mesa de ditadores de toda a ordem, por mais sanguinários que sejam, com a intenção de apanhar umas migalhas do banquete, nunca se engana.
Basta ouvir agora os "amigos" de Kadafi que ainda há pouco lhe tinham ido cantar os parabéns pelos seus 40 anos de poder absoluto para perdermos alguma réstia de esperança que ainda pudéssemos ter na natureza humana e, em particular, na natureza da política.
Felizmente para a Internacional Socialista, Kadafi não tem um partido e não abrilhanta, pois, o rol de ditadores "socialistas" da organização, ao contrário do RDC de Ben Ali e o PND de Mubarak (ou do FPI de Gbagbo e do MPLA de Eduardo dos Santos). Assim, a IS não terá que expulsar desta vez nenhum partido recém-apeado do poder.
A mesma sorte não tem a ONU. Ontem, o PNUD já se apressou a demitir a filha de Kadafi, Aisha, de "embaixadora da boa vontade" (que terá ela feito ontem que não fizesse há muitos anos?). Espera-se agora pelo que fará também o Conselho "dos Direitos Humanos", de que a Líbia (ao lado de outros notórios defensores dos direitos humanos, como Angola ou a Tailândia) é honorável membro.