GOVERNO "TIPO FREEPORT"
O governo que temos vai-se manter até às presidenciais;
Nem o Dr. Cavaco dissolve a Assembleia por tal não convir à sua recandidatura, nem o «eng» se demite porque perdia o efeito de vitimização que espera lhe possa trazer ganhos eleitorais.
E vai-se manter sem rasgo, sem grande intervenção política, sem novidades e sem agitação.
Vai tentar sobreviver o mais discretamente possível, vivendo nas águas mornas e turvas de que gosta, fazendo só o alarido necessário para conter as oposições com as quais fará acordos pontuais quer à esquerda quer à direita
Tivesse o PS mantido a maioria absoluta e já aí estava de novo, e apesar da crise, a executar a politica de direita que levou a cabo nos primeiros quatro anos do mandato anterior.
Em minoria é mais arriscado; até porque poderia não segurar, com a mesma eficácia, a agitação interna.
Vai, portanto, navegar à vista sem se empenhar em fazer as reformas urgentes que o País necessita, porque teme as consequências eleitorais que elas teriam.
E poderá fazê-lo porque quem podia, e devia, fazer oposição, o PSD, está no caos absoluto, desarticulado e inerme.
Claro que ao «eng» convinha um PSD dirigido pelo Pedro Passos Coelho.
Entender-se-iam sem problemas, como homens dos negócios e das empresas do regime que ambos são.
De qualquer forma o «eng» vai estar no governo pelo menos um ano.
E isso não será mau para toda a gente; alguns vão ganhar.
Já se sabe como estar no poder mesmo não governando pode produzir resultados.
Como se podem tomar decisões, digamos administrativas, que podem dar dinheiro a ganhar: os negócios, as vendas de património, a desafectação de parcelas de terreno de zonas de reserva, a não conclusão de processos de classificação, os contratos «esguios» que fogem ao controlo das entidades competentes e não estão sujeitos a concurso público, as consultadorias, os pareceres , as avenças...
Não será por acaso que para alguns ministérios foram escolhidos ministros «técnicos» e não «políticos», sem peso próprio, sem capacidade de impôr políticas que não têm, que lá estão apenas para seguir as indicações do «chefe».
Mas que estão em ministérios essenciais para o negócio: obras públicas, ambiente, agricultura.
Claro que tudo isto se fará com prejuízo do País, dos cidadãos, da economia.
Mas será bom para os amigos, para a gente de confiança, para quem ganha dinheiro nessa chafurdice.
BOM ANO?