18.6.10

2111

                                   Morreu José Saramago


Morreu o único escritor censurado depois do 25 de Abril.
Morreu o escritor a quem a direita não perdoa ter ganho o prémio Nobel, e a quem a social democracia não perdoa por ser comunista.
Morreu o único prémio Nobel que Portugal recebeu (Egas Moniz recebeu-o a meias).
Um prémio Nobel que que foi escorraçado por um governo chefiado pelo notável Cavaco;
Censurado por um secretário de estado que hoje é vidente, de seu nome Sousa Lara.
Deslocado/emigrado em Lanzarote, lá sentiu mais liberdade que no seu próprio país.
Tirando os comunistas e alguns mais, ninguém se levantou para repudiar esta exclusão.
O dr. Mário Soares que foi tão expedito a deslocar-se á Tunísia para visitar um foragido á justiça italinana, Bettino Craxi, que por acaso( ou se calhar não) era secretário geral do partido socialista italiano, só falou que me lembre, uma vez de José Saramago; foi exactamente para dizer mal dum romance, que se o leu foi com o olho que deus lhe pôs nas costas, pois o que disse não corresponde ao livro, que por acaso relata um país imaginário, votando em branco e pondo a classe política em pânico a fugir do país.
Percebe-se o azedume/mêdo.
Fora Saramago um safardana de direita e teria tido bem mais honrarias.
Cada um com os seus heróis.
Eu como muitos comunistas, temos muito orgulho neste companheiro de estrada.

E SENTIMOS UMA ALEGRIA IMENSA AO VERMOS A RAIVA QUE POR AÍ VAI

2110


O Cronista Indelicado

A arte de não ter vergonha na cara

Por:Por João Miguel Tavares (jmtavares@cmjornal.pt)


Se José Sócrates tivesse tanta habilidade para driblar defesas centrais como tem para fintar escândalos políticos seria titular indiscutível da selecção nacional, mesmo aos 52 anos de idade. Neste mundo, há muitos tipos de inteligência, e dentro do género "olhem como eu passo por trombas de água sem me molhar", o nosso engenheiro é um autêntico prodígio planetário, merecedor de dupla página no Guinness Book of Records. É um talento manhoso, é certo. Mas é um talento.
Eu sei isto. O caro leitor sabe isto. Portugal inteiro sabe isto, tirando, vá lá, dois ou três comentadores de cabelos brancos, que continuam a acreditar que o senhor engenheiro é uma nova aparição da Virgem, agora em cima de um arbusto de São Bento. Eu respeito todas as manifestações de fé. O que eu já tenho dificuldades em respeitar são as manifestações de hipocrisia como aquela que Mário Lino assinou há três dias no jornal ‘Público’. Num texto intitulado "Uma grande mistificação", Mário Lino – grande amigo de Rui Pedro Soares, com quem costumava discutir futebol no Ministério das Obras Públicas – acusa o deputado João Semedo de "baixa política" (conter o riso, por favor) por o relatório parlamentar ao negócio PT-TVI não ilibar por completo o primeiro-ministro.
Lendo isto, só tive pena que Mário Lino não tivesse dado um passo em frente: por que não criticar João Semedo por ter perdido a oportunidade de propor a canonização em vida de José Sócrates? Em Portugal há duas realidades paralelas. Uma, a das pessoas que lêem jornais, conhecem parte das escutas e sabem o que foi o negócio PT-TVI. Outra, a dos senhores que nos governam e representam, e que negam as evidências através de formalismos, silêncios e mentiras. Que depois ainda escrevam artigos indignados nos jornais, eis o que já me parece o cúmulo da cara de pau.

2109




À boleia da crise

Os empresários estão preocupados com a situação do país (os empresários nunca estão preocupados consigo, mas com o país) e querem "rever as bases da competitividade, nomeadamente os custos da mão-de-obra" e correr menos riscos para "contratar e despedir pessoas". Que empresários são estes que querem ter lucro sem correr riscos? E ser "competitivos" pagando menos e exigindo mais aos seus trabalhadores? É sabido que Portugal é um dos países da Europa onde se trabalha mais e onde os custos laborais são mais baixos. E sucessivos estudos internacionais demonstram que a baixa produtividade das empresas portuguesas resulta sobretudo da má qualidade da gestão e do deficiente planeamento e organização do trabalho. Aqui, porém, os nossos empresários assobiam patrioticamente para o lado.

2108

PIADA DO DIA (como se titularia no POLISCOPIO)




Mário Lino nomeado para conselho fiscal de seguradoras da CGD




Conselho Fiscal???

2107

CRÓNICA ESPECTADOR COMPROMETIDO

E porque não os idosos?

por Pedro Adão e Silva, Publicado em 18 de Junho de 2010 


O velho slogan político exige que os ricos paguem a crise. Mas, para além da retórica, há a realidade e as crises são mais duras para os mais pobres. Esta não é excepção e em Portugal, um país onde as desigualdades são muito marcadas, os mais desfavorecidos serão as principais vítimas. É, por isso, numa altura como esta que mais necessária é uma rede de mínimos sociais eficaz. Desde a primeira versão do PEC sabíamos que o esforço de contenção começaria por onde não deveria - pelas prestações não contributivas, o conjunto de benefícios sociais que protege quem nada mais tem. É verdade que existem muitas irracionalidades nas condições de acesso a estas prestações, que o diploma aprovado esta semana resolve: escalas de equivalência não uniformes; rendimentos relevantes que variam de prestação para prestação e exigências aos beneficiários inconstantes. Mas nada disto é novo. Dirão que nunca é má altura para corrigir o que está errado e aumentar a eficácia das prestações. Certo, mas, politicamente, alterações nestes domínios, nesta altura, sugerem que os nossos desequilíbrios orçamentais resultam de uma generosidade excessiva com a protecção dos mais pobres, o que está longe de ser verdade. Aliás, se assim fosse, o que faria verdadeiramente sentido era uniformizar as condições de recursos para todas as prestações com uma componente não contributiva, à cabeça a pensão social e os complementos sociais das pensões. Se o objectivo é poupar dinheiro, é duro dizê-lo, mas há muito mais margem para poupança no acesso indevido às pensões não contributivas do que com os "malandros do rendimento mínimo". Se se pretende, e bem, uniformizar as condições de recursos, não há razão para excluir os idosos das novas regras.

2106

Preços em Lisboa e no Porto aumentam a partir de Julho

Os preços dos transportes públicos de Lisboa e do Porto, bem como os transportes fluviais da Área Metropolitana de Lisboa, vão aumentar, em média, 1,2 por cento a partir de Julho, informou hoje a tutela.
Em comunicado hoje emitido, os ministérios das Finanças e Administração Pública, da Economia, Inovação e Desenvolvimento e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações informam que "fixaram em 1,2 a percentagem de aumento médio para os transportes urbanos de Lisboa e do Porto, para os transportes colectivos rodoviários e ferroviários interurbanos de passageiros até 50 quilómetros e para os transportes fluviais na Área Metropolitana de Lisboa".
Este aumento "engloba a variação da taxa reduzida do IVA [Imposto de Valor Acrescentado] de cinco para seis por cento".

2105


Matosinhos e as novas portagens.

A intervenção do Dr. Pinto na defesa dos interesses do concelho:

Porto com o troço de SCUT mais caro por quilómetro

VIRGÍNIA ALVES

O valor base por quilómetro nas SCUT é de oito cêntimos, mas apenas num sublanço portajado será pago esse valor. Feitas as contas ao preço por pórtico e aos quilómetros do troço, há utentes que vão pagar o equivalente a mais de 20 cêntimos por quilómetro.
As contas até são simples de fazer. Considerando os valores a cobrar por cada pórtico colocado nas três auto-estradas sem custos para o utilizador (SCUT), definidos em decreto-lei publicado esta semana, e a distância compreendida entre os dois nós onde está colocado o pórtico, facilmente se percebe que apenas num, entre Estarreja e Ovar, serão cobrados os oito cêntimos por quilómetro (0,75€), definidos noutro diploma, que apontava como valor referência 0,06671 euros mais IVA.
Mas é a excepção a que pode juntar-se apenas mais uma, que terá uma cobrança abaixo do valor de referência: será cobrado 0,07 euros por quilómetro entre Perafita e o Aeroporto (SCUT do Grande Porto), ou seja, 0,25 euros no total do lanço (ver infográfico).
Pelo lado contrário, as duas mais caras também se situam na SCUT do Grande Porto: uma entre a Via Norte Nascente, com saída na Ponte da Pedra, que tem uma distância 1,1 quilómetros, mas que está portajada com 0,25 euros, ou seja, o utente pagará o equivalente a 0,22 euros por quilómetro. O mesmo acontece no nó entre a EN14 e a EN107, que apesar de ter dois quilómetros de extensão terá uma portagem de 0,45 euros, ou seja 0,22 euros por quilómetro.
De acordo com fonte do Ministério das Obras Públicas, a explicação para estas diferenças reside no facto de se tratar de um "sistema de cobrança aberto", isto é, "existem trajectos onde os utentes não pagam qualquer valor".
Sem avançar com uma explicação de como é que um lanço de 1,1 quilómetros pode ter uma portagem de 0,25 euros, a mesma fonte avançou que "a colocação dos pórticos baseou-se em extensões médias, por exemplo, nesse caso, pode continuar e fazer três quilómetros até um novo pórtico".
Além disso, adiantou, a localização dos pórticos dependeu de uma proposta da Estradas de Portugal (EP), "que teve por base o tráfego, a extensão média e as vias alternativas".
A fonte do Ministério deu o exemplo da SCUT Norte Litoral, que apenas tem quatro pórticos, ou a Costa de Prata, que "entre Miramar e Maceda não tem pórticos porque vai ser alvo de obras de alargamento", mas não significa que assim continue, porque, de acordo com o decreto-lei, compete à EP a gestão do sistema de cobrança de portagens", e poderá alterar o actual esquema.
O que se sabe é que, a partir de 1 de Julho, as SCUT serão portajadas e as empresas que estão na zona industrial de Aveiro já devem estar a fazer contas, isto porque, do nó da Zona Industrial até Angeja, um sublanço de 6,2 quilómetros, vão pagar 0,65 euros, ou seja, o equivalente a 0,10 euros por quilómetro. É claro que se pode argumentar que se seguir viagem por cerca de oito quilómetros não irá encontrar mais nenhum pórtico. No entanto, pode também argumentar-se que no nó da zona industrial de Aveiro, uma boa parte dos utentes não serão de automóveis ligeiros com uma passagem por dia, mas sim, de veículos pesados e com o valor a multiplicar várias vezes para cada uma das empresas.
Quem também já está a fazer contas à vida é a Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT), que teme que a introdução de portagens na A28 venha a representar uma quebra significativa de turistas galegos na região Norte. "A obrigatoriedade dos condutores estrangeiros terem de adquirir um identificador", e "o elevado valor das cauções exigidas e das multas associadas", levam a associação "a recear que os turistas da Galiza coloquem em causa a frequência das viagens à região".


17.6.10

2104


O governo que ainda temos, apoiado na coligação de interesses que o suporta e responde pelo nome de PS, agravou hoje mais uma vez as condições de vida dos portugueses mais pobres e mais carentes , diminuiu os apoios sociais, aumentou os transportes públicos, reduziu na assistência pública na saúde, diminui a comparticipação nos medicamentos, limitou as reformas e pensões sociais, etc, etc, etc...

No entanto, não introduz medidas que levem a que a banca pague IRC como as demais empresas, não taxa as operações com as off-shores, não tributa as mais valias bolsistas, não tributa as grandes fortunas, não criminaliza o enriquecimento ilícito.

Mantém o investimento socialmente inútil e não reprodutivo que se destina a enriquecer o grande capital financeiro e as empresas de obras públicas e as, estrangeiras, que fornecem meios de produção a integrar nessas obras megalómanas.(vem aí, ou já aí estão, mais contrapartidas e negócios corruptos adjacentes).

Os idiotas úteis periféricos, os que vivem no e do aparelho partidário, os que comem da gamela do estado (como dizia a outra, europeia) os que não tem coragem para se opor a esta condução do País e foram tragados pela morte da ideologia dentro do PS, apoiam e aplaudem, por covardia e acefalia, toda esta política.

Desafio:
Onde e como vão acabar os do «inner circle»  do  clepto-socretismo: no BES, na Mota -Engil e em tuti quanti que enriqueceram com o desgoverno que trouxeram ao País


2103

2102




"Viver e deixar morrer"

ATVI noticiou ontem que o INEM vai acabar com aquilo que o seu presidente classificou de serviço "dispendioso": a ajuda, quer telefónica quer no terreno, a pessoas em tentativa de suicídio (bem como ainda às vítimas de violação e de maus-tratos). As ordens "de cima" são para poupar e o INEM poupará deste modo nos salários de 7 psicólogos, que atendiam, em média, 27 chamadas e saíam 5 vezes por semana para apoiar pessoas em estado de grande depressão e em vias de se suicidarem. Um cínico diria que os critérios de poupança do INEM se justificam inteiramente. Impedir alguém de se matar contribui, de facto, para o agravamento do défice, sendo, por isso, antipatriótico. Implica não só encargos com pessoal e meios como ainda obsta a que a Segurança Social poupe em pensões e subsídios, já que boa parte dos potenciais suicidas, quando não são doentes crónicos ou terminais que oneram o SNS, são provavelmente idosos, desempregados e beneficiários de Rendimento Social de Inserção, isto é, gente "inútil" e, pior, fardos que só atrasam a gloriosa marcha de Portugal em direcção aos 3% de défice em 2013.

16.6.10

2101

Pontapé na redondinha

Seria suposto que alguém com laivos e vontades de cronista, deveria nesta altura falar de futebol.
Das tácticas e das técnicas do 4x4x2, ou do 3x3x4. ou doutros números quaisquer desde que a sua soma dê 10 porque o guarda-redes não é para aqui chamado nem achado.
Devia perorar com ar inteligente que o Professor Carlos Queiroz (nunca percebi porque é que uns são professores e outros são só treinadores) devia ter posto este e tirado aquele, etc etc.
Não me apetece fazê-lo e não percebo a ponta dum chavelho de bola. Gosto de ver e só no meu sofá. “Guita p´rá bola” aqui népia.
Gosto do futebol, mas odeio o que anda á volta dele; sejam as carolinas, seja a fruta distribuída.
Não acho que os árbitros na sua generalidade sejam corruptos, acho é que os gajos que acham isso são burros que nem pneus.
Detestei o nacionalismo barato das bandeiras á janela. Detesto ver os políticos porem-se a jeito para a fotografia ao lado dos Ronaldos. Não distingo a Federação da Liga. Pois acho que é a mesma m.....
Não entendo como o futebol desporto está falido, os clubes sem dinheiro para mandar cantar um cego, e a malta que habita ao lado enche os bolsos com isso.
Detesto ter tido um Presidente da República que achou o campeonato de 2004 um desígnio nacional e á custa desta burrice lá se foram construindo não sei quantos estádios que agora estão vazios a ponto de se pensar implodir alguns.
Detesto que os clubes apadrinhem claques que só servem para provocar distúrbios além de distribuir droga a preços controlados.
Detesto bandeiras nazis nalgumas dessas claques que só a ignorância da polícia vai permitindo existirem.
Detesto que se alterem os PDM das duas maiores cidades para se poderem construir os respectivos estádios.
Por isso não fico triste por aí além, quando a selecção nacional empata com um minúsculo país, do terceiro mundo.
O portuga enche o papo com qualquer mer.., mesmo que o governo lhe esteja a meter a mão ao bolso da maneira mais descarada.
O portuga não vota (50%) porque diz que são todos iguais, quando o mais igual é ele mesmo.
O Eça quando disse que Portugal não era um País era um sítio, tinha razão; esqueceu-se de dizer, é que era um sítio muito mal frequentado.

ruivianajorge@kanguru.pt


2100


O presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto (PS), registou, da parte do Governo, “um esforço para corresponder às reivindicações” do concelho, mas não isentou a medida de críticas: “Não faz sentido pagar entre Matosinhos e Leça do Balio ou S. Mamede”, disse.


JN

15.6.10

2099

Matosinhos Cívico está de luto

Ouvi  Siza Vieira  já lá vão muitos anos explicar a força centrifuga das cidades.
Ouvi e acalmei o meu ego, por ter sido escorraçado da cidade do Porto por tal fenómeno.
Matosinhense desde 1986, com quase 70 anos e um  dos poucos que acham que Matosinhos pode ser a segunda cidade deste país pequenino( mas isso ficará para outras calendas) fico triste( porque um homem não chora, ah macho) sabendo que um jornal morreu.
Como se chama o periódico ?????? Que importância tinha???? Mas será que quando morre alguém é importante saber quem é?????
Morreu em  MATOSINHOS um bocadinho da liberdade de todos nós.
Quero lá saber como foi , o que fez, e o que deveria ter feito. A revolta não me permite dizer tudo o que me vai na alma tal com em qualquer enterro não pode ser falado em voz alta as injusti9ças contra o defunto.
A DEMOCRACIA ESTÁ DOENTE. E a DOENÇA É DE TODOS NÓS.
Que vergonha  não sermos capazes de  sustentar quem nos vai fazer muita falta no futuro.
Sinto raiva e é melhor ficar por aqui
ruivianajorge@kanguru .pt

2098

MÁRIO SOARES
É bom que os portugueses tomem consciência do que se está a passar no mundo e nomeadamente na União Europeia, a que pertencemos. Conhecem, obviamente, o que se passa em Portugal, visto sentirem na carne as dificuldades que existem: o desemprego crescente; o alargamento das manchas de pobreza; as pensões que, com maior frequência, conduzem agora à "pobreza envergonhada"; as escandalosas desigualdades sociais; os cortes orçamentais, que se reflectem negativamente nas vidas difíceis dos pequenos funcionários e da classe média-baixa; etc. E para agravar a situação, noutro plano, o endividamento externo, público e privado, a dificuldade do crédito externo, até para os bancos, etc.

Faltou ao Dr. Soares por o dedo noutra e mais grave chaga deste governo: a incapacidade de reduzir a despesa pública, impondo que o combate à crise (?) se faça à custa do aumento da carga fiscal selectivamente dirigida.
Quanto a explicar o desatinado amor deste governo e do seu «chefe» pela banca e pelos seus lucros crescentes, nada...

14.6.10

2097


Leituras recomendadas:






RELATÓRIO Nº 8/2010 – 1ª S.

ANÁLISE DE ADICIONAIS A CONTRATOS DE EMPREITADA VISADOS


Uma extensa análise do Tribunal de Contas a esse cancro das finanças públicas e veículo privilegiado da corrupção que são as normalmente chamadas «obras a mais».

2096




A inevitável estátua

"Os sacrifícios devem ser repartidos de forma equitativa e justa", disse o presidente da República em Faro no discurso do 10 de Junho.

Trata-se do género de frase que fica bem na peanha de uma daquelas estátuas em que o herói, hirto, estende o braço apontando o caminho aos mortais comuns.
Não será surpreendente que, daqui a uns anos, quando a memória dos dias presentes e dos passados próximos se tiver diluído, Cavaco tenha algures uma estátua dessas e que a frase lá esteja, brônzea.
Porque então já ninguém se interrogará acerca do estranho sentido que o actual presidente dará a palavras como "equidade" e "justiça".
De facto, quem se recordará nessa altura de que Cavaco apoiou uma repartição de sacrifícios decretada por sucessivos PEC pondo pobres, desempregados, pensionistas e trabalhadores a pagar uma crise que encheu os bolsos dos principais responsáveis por ela?
E quem se lembrará ainda (se até o próprio parece tê-lo entretanto esquecido) do modelo selvagem de crescimento que impôs ao país quando foi primeiro-ministro, assente precisamente no aumento das desigualdades sociais e da pobreza?

2095




Uma alternativa de justiça!

Na Alemanha, proíbem-se fundos de risco de operar nas bolsas. Em Portugal, podem operar quase livres de impostos. O país está transformado numa espécie de paraíso fiscal onde SGPS, fundos de risco e entidades residentes no exterior quase nada pagam ao Estado. Esta é uma das faces da injustiça em Portugal. Mas, ao contrário do que dizem o PS e o PSD, há um caminho alternativo para aumentar as receitas do Estado em época de crise. Não pode ser sempre o povo a pagar pela especulação de um sistema financeiro irracional, não podem ser sempre os mesmos a perder o emprego e os apoios sociais a que têm direito, a sofrer na carne o aumento dos impostos.

Há alguma razão para que aviões particulares, iates e casas de luxo, Ferraris ou Bentleys não paguem uma taxa adicional e temporária de imposto, como o PCP propôs esta semana no Parlamento?
Há alguma razão para que - tal como já anunciaram a Alemanha e outros, e como fez o PCP esta semana - não se crie um novo imposto sobre transacções financeiras, e se taxam as transferências para paraísos fiscais destinadas a fugir aos impostos (e que em 2009 atingiram mais de 11 mil milhões de euros, quase tanto como o défice do país)?
Há alguma razão para que a Banca (com lucros de 5 m€ por dia em 2009), e os grupos económicos com lucros acima de 50 m€, continuem a beneficiar de benefícios fiscais que lhes permite pagar de IRC uma taxa sempre inferior a 14%, quando as pequenas empresas pagam uma taxa efectiva de 25%?
Com a alternativa do PCP, o Estado poderia obter três vezes mais receita do que a que o bloco central espera ter com o PEC2, que penaliza ainda mais quem trabalha. Não basta - como fazem PS e PSD - invocar o interesse nacional em vão. O interesse nacional mede-se sobretudo pela justiça do que se propõe.

2094

Defesa: Revela documento incluído no processo ‘Portucale’

Offshore esconde luvas dos submarinos

A Escom, Ltd, sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, terá ocultado, segundo o Ministério Público, os beneficiários de eventuais comissões ilegais no negócio dos submersíveis.
O Ministério Público suspeita de que a Escom, Ltd, uma sociedade offshore do Grupo Espírito Santo (GES) sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, terá escondido os beneficiários das comissões ilegais que terão sido pagas no negócio dos submarinos.