Conferência na Junta de Freguesia de Matosinhos, pelo Eng. Cardia Taveira sob o tema «Os três castelos de Matosinhos».
Interessante, esclarecedora e feita de uma formam isenta.
Direi mesmo que o conferencista teve o cuidado de não ferir susceptibilidades.
Até omitiu a utilização do Castelo do Queijo nos últimos trinta anos do fascismo: sede, a Norte, da brigada naval da legião portuguesa. O que seguramente não ignora.
.
Já o mesmo se não poderá dizer da apresentadora - Elvira Castanheira.
Disse do conferencista que enquanto estudante em Coimbra foi dirigente da Ass. Académica.
A senhora ou é ignorante ou quer lavar mais branco.
Os dirigentes da Associação Académica são aqueles que são eleitos pelos seus pares, os estudantes, em eleições para o efeito realizadas.
A associação Académica foi fechada pelo governo fascista, com demissão dos seus dirigentes eleitos - que ou foram presos, ou emigraram ou foram incorporados à força na «tropa» - por três vezes no decurso dos anos sessenta; a seguir às crises académicas de 62, 65 e 69.
Para gerir a associação o governo de Salazar nomeava comissões administrativas integradas por estudantes afectos ao regime.
Pretender que esses jovens serventuários do regime foram dirigentes associativos é aviltar a condição de dirigente estudantil.
Os verdadeiros dirigentes estudantis lutavam contra o regime, pela liberdade e contra a guerra colonial. Não posso citar todos, mas assim de repente, podemos lembrar-nos de Carlos Candal, Eurico de Figueiredo, António Barreto, Otávio Ribeiro da Cunha, João Amaral, José Brros Moura e Alberto Martins.
O conferencista, Eng. Cardia, esteve na Associação integrado numa dessas comissões administrativas.
Chamar-lhe dirigente associativo ou estudantil é aviltar todos quantos lutaram, nas universidades, contra a ditadura.