17.12.10

2310




Ao serviço do poder

Anda por aí algum jornalismo (ou coisa parecida, cujo nome o Dicionário da Academia ainda não regista) incomodado com as revelações trazidas a público pela WikiLeaks, que boa parte dos média onde tal coisa-jornalismo é dominante procura, por todos os meios e em nome de agendas políticas próprias, ocultar ou desvalorizar. Umas vezes ignorando-as, outras, inviamente, divulgando só o que, nelas, é coscuvilhice ou insignificativo, ou então esgravatando nas suas circunstâncias, em especial nos "prejuízos" que delas eventualmente poderão resultar, e deixando de lado o seu sórdido conteúdo.

Para os abundantes profissionais da coisa-jornalismo, a verdade é um objectivo antiquado, a não ser que seja conveniente. Move-os antes o critério, político por natureza, da oportunidade e até desenvolveram uma coisa-ética "ad hoc" para o justificar. No caso, que o jornalismo deve esconder os "segredos" dos estados e dos governos, mesmo quando eles mintam ou actuem à margem da lei, e que o direito à informação dos cidadãos, o seu direito a serem informados - marca de água dos regimes democráticos, de que as garantias dos jornalistas e a própria liberdade de informação são instrumentais -, deve ficar à porta das verdades inconvenientes ou inoportunas (que os próprios, mais estados e governos, definem).
Bons (e velhos) tempos em que o jornalismo era o "watch dog" do poder político e não o seu mastim.

16.12.10

2309

PSD contra a compra dos estádios pela Câmara de Matosinhos





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Carta Aberta Aos Que Votaram Branco ou Nulo Nas Últimas Presidênciais
(A Aritmética das Presidenciais)
Em 2006 o inimitável Cavaco Silva, ganhou as eleições com 2.773.431 votos correspondentes a 50,54% com a abstenção de 38,47% ou sejam 3.495.207 votos.
Cavaco Silva foi eleito por uma unha negra. Sem mexer com aqueles "palermas" que trocam um dia de eleições por um dia de shoping, e que possívelmente irão fazê-lo novamente, para no fim de semana seguinte se poderem queixar que os políticos são todos iguais e não sei que mais, sem se darem conta que os que são todos iguais são os palermas como ele, que nada fazem para mudar, vou dirigir-me aos que votaram em branco e anularam o voto.
Os votos nulos nessas eleições foram 43.149 correspondendo a 0,77%; enquanto os votos brancos foram 59.636 correspondendo a 1,07%.
Pois bem, sem mais alterações bastava que estes tivessem votado em quem quizessem sem ser em Cavaco Silva, que o resultado seria:
Cavaco Silva teria 48,71% e a diferença de votos ser-lhe ia desfavorável em 43.270 votos.
É só fazerm as contas, e deixar-se de brancuras e nulidades.
Não querem o inimitável Cavaco Silva????? está nas vossas mãos

pagar com o pelo do mesmo cão




Futuros despedimentos serão pagos


 com desconto nos salários





O Governo quer as empresas criem um fundo para financiar os despedimentos que será alimentado através de um desconto na massa salarial, anunciou ontem a ministra do Trabalho

2306

PSD propõe referendo sobre estádios do Leça e Leixões





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2305




A uma voz

Ontem, ao fim da manhã, o presidente da CIP anunciou ao país que o Governo iria, em Conselho de Ministros extraordinário a realizar nesse dia, aprovar a diminuição do valor das indemnizações a pagar pelo patronato aos trabalhadores em caso de despedimento e que essas regras se aplicarão apenas a "novos contratados".

À tarde, em conferência de Imprensa, o Governo revelou ter aprovado um tecto para as indemnizações a pagar em caso de despedimento, com essas regras a aplicar-se apenas a novos contratados.
De manhã, o presidente da CIP anunciou que a contratação colectiva iria ser alargada às comissões de trabalhadores "em empresas com mais de 200 ou 300 pessoas".
À tarde, o Governo deu conta da aprovação do alargamento da contratação colectiva às comissões de trabalhadores em empresas com mais de 250 pessoas. O Governo não justificou, mas não era preciso, pois o presidente da CIP já o tinha feito horas antes: "Os sindicatos têm-se mostrado pouco disponíveis para acolher novas ideias e soluções".
De manhã, o presidente da CIP anunciou ainda medidas de reabilitação urbana, de apoio à exportação e de combate à economia paralela. À tarde, o Governo confirmou.
Resta perceber se é o presidente da CIP o porta-voz do Governo ou se é o Governo o porta-voz da CIP. Ou então (hipótese não descartável) se haverá no Governo algum espião da CIP. Talvez o internacionalmente famoso 007 do BCP.

2304




O acontecimento de ontem foi, à nossa escala, um marco na cerimónia de vassalagem ao eixo Paris/Berlim, que hoje deverá ser oficializada por todos os líderes europeus em Bruxelas. Há em todo este processo de cedências a Frau Merkel qualquer coisa da saudação a Júlio César que faziam os condenados imediatamente antes de serem largados aos leões no Coliseu de Roma. Avé, Merkel, os que vão morrer - de austeridade e deflação - te saúdam.

15.12.10

cães





Jorge Roza de Oliveira, asesor diplomático del primer ministro luso, fue más lejos en la descalificación de Ana Gomes, a quien describió ante el embajador Hoffman como "una señora muy excitada que es peor que un rottweiler suelto",


















Lello aseguró a sus interlocutores que los principales líderes del PS, incluido el primer ministro, "son claramente proamericanos",





mais depressa se apanha um mentiroso...

Sócrates aprobó en secreto los vuelos desde Guantánamo

Portugal dio luz verde al uso del espacio aéreo luso y la base de Lajes para la repatriación de presos de la cárcel de Estados Unidos.- Lisboa reconoció que fue una decisión difícil


El primer ministro portugués, José Sócrates, y el ministro de Asuntos Exteriores, Luis Amado, autorizaron el sobrevuelo de aviones estadounidenses con prisioneros repatriados de la cárcel de Guantánamo, y el uso de la base aérea estadounidense de Lajes, en las islas Azores, aunque el Gobierno luso nunca lo ha reconocido públicamente. Varios cables de la Embajada de EE UU en Lisboa entre los años 2006 y 2009 dan cuenta de las presiones de Washington y la cautela con la que actuó el Ejecutivo portugués para autorizar dichos vuelos. Las denuncias de la existencia de prisiones clandestinas en Europa (Rumania y Polonia) y de vuelos secretos de la CIA, en los que detenidos de origen árabe, sospechosos de terrorismo, eran trasladados clandestinamente en aviones estadounidenses a Guantánamo, habían levantado una gran polvareda en Portugal.


"Sócrates ha aceptado permitir la repatriación caso por caso de combatientes enemigos desde Guantánamo a través de la base aérea de Lajes", escribe el embajador Alfred Hoffman en undespacho enviado a Washington el 7 de septiembre de 2007, diez días antes de una reunión del presidente George Bush con el primer ministro portugués. "Ha sido una decisión difícil", añade, "debido a las críticas constantes de los medios portugueses y de elementos izquierdistas de su propio partido a la actuación del Gobierno en la controversia de los vuelos de la CIA". El embajador subraya que la luz verde de Sócrates nunca se ha hecho pública, y da cuenta de que el fiscal del Estado "se ha visto obligado a analizar una recopilación de noticias de prensa y acusaciones no probadas facilitadas por un miembro del Parlamento Europeo sobre las operaciones de la CIA a través de Portugal".
Cuatro días después, otro cable deja en evidencia al ministro de Exteriores, al reseñar que Amado también autorizó la repatriación de prisioneros a través de Lajes, bajo la misma premisa de "caso por caso en determinadas circunstancias". El despacho añade la misma coletilla de que el ministro nunca lo reconoció en público.
El compromiso de Amado
Las presiones de Washington para lograr la autorización de Portugal para el uso de la base en las Azores, como punto de tránsito de vuelos de repatriación de prisioneros de Guantánamo, quedan en evidencia en varios cables enviados desde Lisboa los años 2006 y 2007. En uno de ellos, de septiembre de 2006, el embajador Hoffman informa de una reunión mantenida con el ministro de Asuntos Exteriores. Amado contesta que tiene que consultar con el jefe de Gobierno, y adelanta que costará convencerle. Se compromete ante el embajador a hacer todos los esfuerzos para lograr una cooperación de Portugal, siempre y cuando haya transparencia total de la parte estadounidense. "Si no lo hacemos bien puede ser un tremendo fracaso", advierte Amado.
En Portugal, la oposición de izquierda acusa al Gobierno de ser cómplice de EE UU en los vuelos ilegales de la CIA y la supuesta violación de la soberanía portuguesa. El 18 de octubre, Amado comparece ante el Parlamento y compromete su dimisión si se demuestran las acusaciones. El ministro asegura que una investigación conjunta de varios departamentos gubernamentales (agencias de inteligencia, inmigración y control aéreo) no ha encontrado ninguna evidencia. Amado llega a admitir, según otro cable, que "los presuntos vuelos de la CIA podrían haber sobrevolado Portugal, pero añadió que su Gobierno no tiene que avergonzarse de nada".
Casi un centenar de vuelos
A partir de una denuncia de The Washington Post, la eurodiputada socialista y diplomática Ana Gomes (fue embajadora en Indonesia) rastreó hasta 94 vuelos con destino y procedencia de Guantánamo que sobrevolaron España y Portugal, entre otros países. En febrero de 2009, Gomes dijo a este diario que, según la información a la que tuvo acceso, hubo vuelos de traslado y repatriación de prisioneros de Guantánamo desde 2002 hasta, al menos, junio de 2006.
Las críticas provocan gran revuelo en las filas del Partido Socialista (PS), según refleja un cable de enero de 2007, que da cuenta de una reunión en la embajada con los dirigentes del PS José Lello y Paulo Pisco, en la que se habla de las acusaciones de Ana Gomes y de un sector del movimiento socialista europeo. "Lello expresó una clara aversión hacia Gomes, aunque dijo que el PS no pensaba expulsarla porque sería contraproducente para el partido", advierte el cable, que asegura que la eurodiputada está aislada tanto en el PS como en el Parlamento Europeo.
Lello aseguró a sus interlocutores que los principales líderes del PS, incluido el primer ministro, "son claramente proamericanos", y descalificó el ala izquierda del partido, a la que calificó de "alegristas", en referencia a Manuel Alegre, veterano socialista que es el candidato del PS en las elecciones presidenciales del mes próximo.
"Peor que un rottweiler"
Jorge Roza de Oliveira, asesor diplomático del primer ministro luso, fue más lejos en la descalificación de Ana Gomes, a quien describió ante el embajador Hoffman como "una señora muy excitada que es peor que un rottweiler suelto", según refleja un cable de enero de 2007. Tras aquella reunión de Roza de Oliveira con el diplomático, el testimonio de la Embajada señala que el consejero de Sócrates asumió que algunos vuelos de la CIA sobrevolaron Portugal, lo que "constituye el primer reconocimiento que nos ha hecho hasta ahora un funcionario del Gobierno portugués".
La excelente reputación de Luis Amado en la Administración estadounidense queda reflejada en un cable enviado a la secretaria de Estado, Condoleezza Rice, por el embajador Hoffman pocos días antes de una reunión entre los dos dirigentes políticos. El diplomático destaca la tradicional lealtad de Portugal, "socio fundador de la OTAN", y recuerda que se trata de una nación que apoyó desde el primer momento la intervención de EE UU en Irak y albergó la cumbre de las Azores antes de la guerra [la de la famosa foto de Bush, Blair y Aznar]. Un aliado que "permitió virtualmente libre acceso al espacio aéreo y marítimo portugués para los vuelos de apoyo a las operaciones militares en Irak y Afganistán, con unos 3.000 vuelos al año que pasaban por la base de Lajes".
Amado nunca ocultó a Estados Unidos su respaldo a la repatriación de prisioneros de Guantánamo a través de la base de Lajes, pero siempre subrayó la necesidad de que dichas operaciones se realizaran en el marco de la legalidad portuguesa.

uma questão de dignidade

A questão da relação cúmplice do dr  Cavaco com o salazarismo não é essencialmente uma questão política.


É sobretudo uma questão de dignidade.


Há quem nunca o tenha feito.


Há quem nunca o faria






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2300

Câmara de Matosinhos reduz estrutura

Por Aníbal Rodrigues
O executivo da Câmara de Matosinhos aprovou ontem uma redução da sua macroestrutura. No caso dos Estudos e Planeamento Estratégico, onde existia um director municipal e outro de departamento, passa a haver dois directores de departamento. Também o Acolhimento ao Munícipe e Comunicação perde o director municipal, mantendo os anteriores director de departamento e de divisão. Uma redução semelhante à aprovada para a Cultura e Educação, que perde o director municipal e mantém dois directores de departamento. Já no Jurídico, mantém-se o director mu- nicipal mas desaparece um dos dois cargos de director. Por último, nos Investimentos e Infra-Estruturas, de dois directores de departamento passa-se também a apenas um. As alterações serão votadas amanhã pela Assembleia Municipal de Matosinhos, que vai também indicar o máximo de divisões municipais (o executivo pretende passar de 31 para 28). Segundo o vice-presidente da Câmara de Matosinhos, Nuno Oliveira, a autarquia pretende assim cumprir a nova lei, agilizar os serviços e garantir uma contenção de custos.

2299




Motivos de vergonha

Há hoje em Portugal, até onde é possível fazer contas, mais de 300 mil pessoas que passam fome e dependem, para sobreviver, da ajuda de instituições como o Banco Alimentar Contra a Fome e outras. "Recebemos todos os dias pedidos de ajuda de pessoas sem dinheiro para comer, para medicamentos, renda, água ou uma botija de gás para cozinhar", diz a AMI ao DN. "Já não são só os sem-abrigo a procurar as carrinhas de distribuição de comida", acrescenta Heloísa Teixeira, da Legião da Boa Vontade. E, depois, há ainda a chamada "pobreza envergonhada", que para já não procura ajuda porque a vai conseguindo, designadamente a alimentar, junto de amigos, vizinhos ou familiares, e da qual não se conhece a verdadeira dimensão.

Cavaco Silva tem pois todos os motivos para, como disse, se sentir envergonhado com a situação de fome que muitos portugueses hoje vivem.
Mas deveria sentir-se também envergonhado, e deveria dizê-lo, por, simultaneamente, outros portugueses viverem na mais escandalosa abundância (como sucedeu nos tempos das vacas gordas dos fundos comunitários em que foi primeiro-ministro e em que nasceu o Banco Alimentar Contra a Fome), e banca e grandes empresas todos os dias anunciarem lucros da ordem dos milhões que, na maior parte dos casos, irão parar a "offshores", enquanto avidamente disputam a pobres e desempregados as cada vez mais escassas verbas com que o Estado ainda os vai apoiando.

2298


Ter como ministro dos negócios estrangeiros um amigo dos americanos





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14.12.10

2297

Para que conste, sou comunista

Declaração
Para que conste, sou comunista, e ao contrario do grande ideólogo Mário Soares cuja ideologia é:"SÓ NÃO MUDAM OS BURROS", eu estou tão seguro de mim, que posso afirmar: eu não mudarei nunca.
Claro que quer eu quer o dito ideólogo falamos em termos de ideologia.
Serei eu burro????Vejamos; por me manter fiel á minha ideologia Mário Soares chama-me burro? OK; não preciso dizer mais nada.
E quem muda? Deixa de ser burro? Não sei se deixa, mas sei que ganha o estatuto de "vira-casacas", ou aldrabão ou outra coisa qualquer.
E que razão me leva a esta explicação?
Simples; Atacaram aqui o PCP a partir das minhas atitudes.
Pois bem; denunciaram um juízo escondido que é tão simples como isto:
O PCP ou qualquer um dos seus militantes, diz sobre um assunto qualquer, exactamente a mesma coisa; QUE FIABILIDADE. Quer isto dizer que ao contrário dos outros partidos, nós discutimos internamente os assuntos e definimos as nossas posições.
Já nos outros partidos tem dias.......
Então como atacar o PCP?
Simples: primeiro tratar os assuntos epidermicamente. E isto por duas razões: a primeira,é porque para as aprofundar, dá trabalho, é preciso estudar, etc. A segunda é porque sendo o auditório a que se dirigem, enfim como direi, pouco virados para as coisas da inteligência, qualquer coisa serve.
Assim sendo, se o PCP defende algo que lhes faça mossa, nada mais simples que invocar a Coreia.
Se o PCP se manifesta a favor dos mais desfavorecidos, invoca-se a China.
Se o PCP defende princípios ideológicos, aqui d´el rei que o comunismo já morreu.
E em desespero de causa pergunta-se por um País onde o comunismo tenha singrado.
Sem se darem conta, atiram pela borda fora o evolucionismo social, e abrem os braços ao criacionismo.
O que me chamariam se eu dissesse algo deste tipo: O catolicismo é uma religião que defende a pedofilia!
Diriam que eu era um imbecil rechapado por não saber distinguir a ideia, do promotor dela. E tinham toda a razão.
Ou por exemplo como dantes se dizia aos comunistas;vai mas é para Moscovo; já ouviram algum comunista dizer a um qualquer capitalista; vai mas é para washingon.
E já agora porque será que se incomodam tanto por os comunistas querem a igualdade? E porque ficam furiosos quando os comunistas defendem os mais desfavorecidos?
E porque vão aos "arames" e dizem que somos contra a UE quando defendemos o nosso País?
Ai se o PCP um dia tem o azar de ter algum militante menos escrupuloso!
Cai o Carmo e a Trindade, abrem-se telejornais fazem-se primeiras páginas especiais e durará essa notícia dias sem fim. E porque não acontece isso com os outros partidos? porque todos os
outros nunca prometeram ser sérios competentes e trabalhadores. Essa é que é a verdade.
Mas essa não interessa discutir.
O desafio que o PCP faz permanentemente ao Povo Português, é: vamos discutir o real, o concreto. E o que dizem os outros? Vamos discutir a realidade virtual. Daí as Coreias as Chinas as URRS as Cubas, o diabo a 7 e o raio que os parta.

12.12.10

ainda a municipalização













Posso não me ter dado conta, mas à esquerda (do PS) ninguém tem nada a dizer sobre a municipalização dos estádios?
Será que estão de acordo?
Que entendem que é um investimento produtivo, criador de riqueza, gerador de desenvolvimento, bom para o fortalecimento cultural e desportivo dos munícipes?


Ou é melhor não se falar nisso que se podem perder votos?  



do modo de vida socretista

POLÉMICA

Governo convidou consultora de imagem para blindados

por VALENTINA MARCELINO


Uma das empresas convidadas para fornecerem os blindados à PSP produz 'marketing' e comunicação. A certificação para equipamento de defesa só veio depois do convite feito
Uma das empresas que o Governo convidou para participar no concurso dos seis blindados para a PSP é uma consultora de imagem, gestão e marketing, que só obteve certificação do Ministério da Defesa, para o exercício da actividade de indústria de armamento (bens e tecnologias militares) representar equipamentos militares, depois do convite feito.
A Central M- Consultadoria de Gestão e Marketing foi, segundo um comunicado do Governo Civil de Lisboa (GCL), uma das cinco empresas chamada a apresentar uma proposta, ao procedimento concursal, tendo em vista um ajuste directo de um milhão e oito mil euros (sem IVA). Mas, apesar de um dos pressupostos ser a certificação das empresas na área militar, a autorização da Central M para esse efeito só foi publicada em Diário da República (n.º 222, 2.ª série) a 16 de Novembro de 2010. Nesta data, aliás, o concurso estava já fechado.
"É a primeira vez que estou a ouvir isso", garantiu ao DN António Galamba, o governador civil. "O elenco de empresas a serem consultadas foi definido por representantes do GCL, da PSP e da Direcção-Geral de Infra-Estruturas e Equipamentos do Ministério da Administração Interna (MAI), sob proposta final da PSP", afiança. Contactada a PSP para esclarecer a situação não foi obtida resposta.
O MAI, que tem assumido a responsabilidade política do processo, diz que "é absolutamente falso que o Governo Civil tenha convidado uma empresa de comunicação e marketing para o procedimento dos blindados".
Por seu turno, um porta-voz da Central M confirmou ao DN que "apesar de ser representante de algumas marcas de material de defesa" a empresa só pediu a autorização necessária ao Ministério da Defesa, para "entrar neste concurso". Esta fonte explica que soube deste procedimento através das declarações, na altura, do ministro da Administração Interna. "Pedimos então ao Governo Civil para nos convidar", acrescenta o mesmo interlocutor. O convite "foi feito na semana de 26 a 29 de Outubro", recorda este responsável.
Apesar do contra-relógio a Central M acabou por nem sequer apresentar nenhuma proposta, o que, aliás, aconteceu com outras três convidadas (ver caixa ao lado). Apenas uma, a Milícia se candidatou ao negócio e viu adjudicado o fornecimento dos seis blindados a 15 de Novembro.
O DN contactou com altos responsáveis de todas estas empresas concorrentes, a Pinhol, a Lasi Electrónica e a Montagrex-Optatrex, todas credenciadas no ramo. Os motivos da desistências são comuns a todas: os prazos dados pelo Governo Civil para entregar as propostas (cerca de cinco dias) e para fornecer as viaturas (10 dias) era "impossível de cumprir no tipo de equipamento em causa".
O administrador da Pinhol, Luís Filipe Pinhol, que recentemente vendeu ao exército, 24 blindados HMMWV, disse ao DN que "com mais alguns dias era possível até apresentar uma boa proposta dentro do preço-base lançado, mas com o prazo definido era impossível". A Pinhol pretende avançar com um processo para tribunal (ver texto em baixo).
O especialista em Contratação Pública, Nuno Monteiro Dente, concorda que "pode haver neste processo matéria de contestação". Embora salvaguarde desconhecer "em detalhe o processo" sublinha que "os prazos são demasiado curtos". No seu entender "sem prejuízo de uma grande capacidade própria, eventualmente só quem tivesse o procedimento comercial já em curso poderia cumprir os prazos exigidos".
O DN tentou também contactar o director da Milícia para esclarecer como conseguiu cumprir os difíceis prazos, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.
Para Nuno Monteiro Dente, que é co-autor do livro Código dos Contratos Públicos - Comentado, há ainda outra matéria neste processo que "é discutível". Trata-se do motivo invocado pelo Governo para proceder ao ajuste directo. Ao contrário do que se julgou inicialmente, que a razão era a urgência na aquisição dos equipamentos, supostamente para serem usados na Cimeira da NATO, o ajuste directo foi feito ao abrigo da norma legal que o admite quando o contrato em causa seja declarado "secreto ou a respectiva execução deva ser acompanhada de medidas especiais de segurança, bem como a defesa dos interesses essenciais do Estado o exigir".
Para Nuno Dente, "à partida, não é o caso destas viaturas, pois a publicitação das capacidades destas viaturas não põem em causa a segurança, antes pelo contrário, servem de dissuasão". A não ser que "no limite, considerem que o nível de protecção balística deva ser secreto ou que se tenham feito adaptações às viaturas que também tenham sido classificadas como secretas".
Estas questões vão ser analisadas pelo Tribunal de Contas, onde foi entregue o pedido de visto. E Rui Pereira vai terça-feira ao Parlamento dar explicações sobre a aquisição dos blindados.