4.12.10

2279

.................Juro cumprir e fazer cumprir....................
Assim começa a tomada de posse de todos os Presidentes da República.
Ainda por cima não são de modas e juram por sua honra. Xiça!
Resolvi respigar a nossa Constituição, mesmo a correr, para que quem me leia, possa ajuizar de quantos Presidentes honrados já tivemos.
Art.7º
2º....a dissolução dos blocos politico-militares.........
A nossa sorte é a NATO não ter instalações em Portugal.Assim perto, tem na República de "OEIRAS".
De resto se participássemos nalgum bloco politico-militar, fosse ele a Nato ou qualquer outro o nosso Presidente da Rpública, Exmº. Sr. Professor Dr. Aníbal Cavaco Silva, que não gosta nada que o desonrem, já teria refilado.
Veja-se o barulho que fez quando disseram que foi á custa de amizades e informações preveligiadas que ganhou uns milhares a meias com a filhota, em ações do BPN.
Art.37
1º......todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio.........
Claro...Viram o barulho que fez o Sr Presidente da República quando o tiranete da Cidade do Porto invadiu um prédio propriedade dum sindicato, para de lá roubar um pano que apelava á greve geral?
Art.43
1º É garantida a liberdade de aprender e ensinar.
Muito bem. Mas se o indígena não tiver dinheiro, não pode ser o Presidente da República a pagar-lhe os estudos. Ainda por cima, agora com a vigarice do acordo de Bolonha em que qualquer curso superior fica por milhares de euros.
Art.55
Liberdade Sindical
Que poderá o pobre do nosso Presidente fazer, se um patrão puser na rua um sacana de um trabalhador que se sindicalizou só para fazer o patrão cumprir umas coisitas?????
Art.64
2.a)Através de um Serviço Nacional de Saúde universal e geral, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadão, tendencialmente gratuito.
O Serviço Nacional de Saúde vem sendo tendencialmente pago mas coitado do nosso Presidente, que ainda não foi informado e além do mais vai sempre ao privado e portanto ainda não deu por ela.
Fui verificar, e era mesmo a Constituição Portuguesa. A raiva ao explodir fez soltar alguns palavrões que se adivinham. Embora os tenha insultado até á tetra -avó não consigo amansar a raiva.
Ao menos jurem pela saúdinha da vossa trisneta; agora pela vossa honra?????
Seus desonrados

2277

PS travou solução de deputados para os dividendos


Deputados do PS elaboraram, ao longo das últimas duas semanas, "soluções técnicas" para resolver o problema da tributação antecipada de dividendos, mas esbarraram no "não" da direcção da bancada.

O PÚBLICO sabe que a decisão de "chumbar" o projecto do PCP sobre os dividendos e de não apresentar uma proposta alternativa tinha passado por uma conversa entre o primeiro-ministro, José Sócrates, e o líder parlamentar dos socialistas, Francisco Assis, no início da semana. 

...   ...   ...

2.12.10

Nem tudo pode ser mau


Tenho para mim que, nos últimos tempos, foi das (poucas) coisas boas que nos sucederam.
Pelo menos livramo-nos de outro desvario igual ao do Euro.

2275

Quod Erat Demonstrandum
(Que se devia demonstrar)
Especular sobre sondagens, torna-se perigoso, mas pode ser divertido.
Foi o que resolvi fazer com as sondagens sobre as Presidênciais,e as que ao mesmo tempo simularam as votações para as Legislativas.
Assim sendo cá vai:



Presidênciais
Cavaco Silva................................61,5%
Manuel Alegre.............................26,1%
Francisco Lopes.............................3,7%
Defensor de Moura........................0,5%




Legislativas


PSD.........................................................44,3%
PS...........................................................26,9%
BE.............................................................8,7%
CDS...........................................................6,9%
CDU..........................................................6,7%
Ora com estes dados, verifica-se o seguinte:
O PSD + o CDS somam (44,3+6,9) 51,2% enquanto Cavaco Silva tem 61,5%. Quer isto dizer que Aníbal Cavaco Silva vai buscar 10,3% que não pertencem ao seu eleitorado natural.
Por outro lado Manuel Alegre perde 8,7% do BE + 0,8% do seu eleitorado, ou seja 9,5%. A diferença do que Cavaco Silva ganha é praticamente igual ao que Manuel Alegre perde.
Se a nossa memória não for curta e nos lembrarmos que Mário Soares valeu nas últimas Presidênciais + ou - 12%, e que o ódio/inveja do sr. Mário Soares nutre pelo Manuel Alegre
não é dispiciendo teremos a chave do enigma.
Não quis propositadamente analisar mais nada. o exercício que fiz foi só demonstrar aos Socialistas de boa fé(ainda haverá) os tumores que precisam de extirpar do seu seio para voltarem a ser SOCIALISTAS. Até lá desculpem mas para mim serão um grupelho de direita.

1.12.10

2274

Les bons esprits....






Leixões: Presidente apoia municipalização do Estádio do Mar

O presidente do Leixões, Dias da Fonseca, assumiu uma posição favorável à iniciativa da Câmara em municipalizar o Estádio do Mar, casa do emblema da Liga de Honra.
...   ....   ...



2273

Matosinhos é o concelho do Grande Porto que mais vai gastar este ano nas iluminações públicas de Natal: 140 mil euros (mais IVA)













«O que conta é o espírito», diz a Câmara de Matosinhos






JN

2272

Melhor que os analistas políticos, económicos, financeiros...









15:00
Portugal a pedir ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional até 31 de Março 2011
Irá acontecer?
Apostas depois do anúncio público serão consideradas nulas
Vencedor
Sim
Não

2271

11,1%

2270




Uma espécie de democracia

Como a generalidade dos portugueses, o leitor não fará provavelmente a mínima ideia de quem seja o sr. Oli Rehn. Devia fazer porque o sr. Oli Rehn é comissário europeu dos Assuntos Económicos e extraordinário ventríloquo, conseguindo, de Bruxelas, colocar a voz em Portugal através do actual Governo (ou de qualquer outro). De facto, quando o dr. Teixeira dos Santos ou o primeiro-ministro anunciam "medidas" limitam-se a mexer os lábios; quem realmente fala é o sr. Oli Rehn.

A coisa funciona em "mise en abîme" pois a Comissão Europeia e o sr. Oli Renh também só mexem os lábios; quem fala quando eles falam é, por sua vez, a voz dos "mercados", ou seja, da banca e da usura.
O leitor (e eleitor) estará convencido de que elegeu um Governo e um Programa de Governo. Desiluda-se, elegeu feitores. Da banca, dos "mercados", da UE e, por fim, do sr. Oli Rehn - que anunciou no dia 28, em Bruxelas, que "Portugal preparará (...) reformas estruturais no mercado de trabalho" - e do sr. Didier Reynders, ministro das Finanças da Bélgica que, "em nome de Portugal", assegurou que o Governo que o leitor elegeu irá fazer "reformas nos sectores da saúde e transportes, tal como uma reforma do quadro orçamental". E, se eles o asseguraram, não tenha o leitor dúvidas de que o Governo cumprirá, independentemente do que estiver no Programa de Governo.
Consta que Portugal é um Estado soberano. E uma democracia.

do socretismo como modo de vida

Tribunal de Contas critica adjudicação do porto de Sines


O Tribunal de Contas (TC) alertou ontem para as "fragilidades" da concessão à PSA (Port of Singapore Authority) do Terminal XXI do Porto de Sines, devido à sua adjudicação por ajuste directo, "prejudicando a competitividade".


Nos termos do relatório do TC, "no processo de consulta, algumas entidades mostraram-se disponíveis para participarem, isoladamente ou em consórcio, num procedimento competitivo a lançar pela APS [Administração do Porto de Sines]", mas "durante a fase final, uma sucessão de contactos exclusivos com a PSA, levaram a que a concessão do Terminal fosse adjudicada por ajuste directo". Algo que, frisa o TC, "desvirtuou os objectivos iniciais do processo e prejudicou a competitividade do procedimento".

Para a instituição liderada por Guilherme d"Oliveira Martins, no caso do Terminal XXI, há ainda a agravante de ter ficado "em aberto a prorrogação do prazo do contrato por mais 30 anos, duplicando assim o prazo contratual sem regime concorrencial".

Uma situação com "contornos semelhantes aos verificados no contrato de concessão do Terminal de Contentores de Alcântara" que, sustenta, "suscita reservas quanto à respectiva legalidade".

No relatório de auditoria, o TC nota ainda que o contrato de concessão do Terminal XXI "apresentou algumas fragilidades na protecção da posição do concedente" e "inclui algumas disposições de protecção ao projecto singulares, que resultam numa redução da exposição ao risco da concessionária". Exemplo disso é o "compromisso" assumido pela APS, apesar de "sem competência nesta matéria", de "não serem iniciados novos investimentos noutros portos nacionais até 2006". Lusa




Leia o relatório de auditoria do TRIBUNAL DE CONTAS: vale a pena!

30.11.10

2268

Entre a PPP e a parede



As parcerias público-privadas (PPP) são um dos mais graves problemas involucrados das contas do Estado.
Isso já sabemos. O que ninguém sabe é como desmantelá-las. Mas vai ser criada uma nova empresa pública para tratar disso. É melhor cruzar os dedos.
Cada uma das 116 PPP em exploração ou construção é uma granada sem espoleta. Nem todas são más nem confundíveis, mas todas vão rebentando anualmente sob a forma de rendas pagas pelo Estado. 
Parece o melhor negócio do mundo: taxas internas de rendibilidade de dois dígitos e sem risco.
Mas a responsabilidade não é dos privados: eles apenas fizeram o melhor negócio que o Estado deixou. E o Estado patrocinou negócios escandalosos sobretudo nas estradas. Até porque, ao contrário das parcerias na saúde, que não têm risco de procura, nas estradas o Estado paga pelos automóveis que lá não passam. E ainda reformula as rendas pela "disponibilidade da infra-estrutura", emenda pior que o soneto. 
Num acordo tão estável quanto a nitroglicerina, PS e PSD decidiram constituir um grupo de trabalho para rever as PPP, uma a uma, e cortar custos. No célebre acordo, apenas fotografado pelo telemóvel de Catroga, ficou escrito que o trabalho teria de ser concluído até ao dia 31 de Dezembro. Pedia-se máxima urgência. Foi a 30 de Outubro. A 30 de Novembro ainda nem grupo de trabalho há. Andam a brincar aos soldadinhos de chumbo. 
É como a tributação dos dividendos antecipados: um punhado de deputados do PS juntou-se à esquerda anticapitalista para cancelar a infâmia. Como o faria? "Estamos à procura de uma solução técnica." Dias depois, não se fala mais no assunto. Então? "Não há solução técnica." 
Há "soluções técnicas" para as PPP, mas implicam custos para o Estado. O Estado pode resgatar os contratos, "nacionalizá-los". Problema: a dívida bancária das concessões passa a ser dívida pública. O Estado pode rasgar os contratos. Problema: tem de indemnizar as empresas. O Estado pode suspender os contratos, atrasando a sua implementação. Problema: tem de ressarcir os bancos que já financiaram as concessões. 
Os contratos puseram a faca e o queijo na mão dos privados. Mas o Estado tem do seu lado um argumento: é o Estado. É um País. É Portugal. E o Estado pode. Rasgar? Não, mas renegociar. Como mostra o TGV, que má fama. O estigma é merecido, mas faz esquecer outros. Como a A23, que está às moscas. Ou a estrada Pinhal-Interior, de custo astronómico. 
Mas vamos ao TGV. É um projecto cujo investimento é um custo afundado e cujos custos de operação não são cobertos pelas receitas, segundo contas do próprio Governo. Mesmo acreditando nas externalidades (desenvolvimento económico e ambiental) que tornam o projecto sustentável, não era num momento de falta de liquidez que Portugal podia avançar. 
Avançou-se com a primeira fase (Poceirão-Caia), que é a melhor, pois tem uma componente altíssima de financiamento comunitário. Mas assim comprometeu-se a segunda fase (Lisboa-Poceirão), que exige um financiamento que só a banca estrangeira pode suportar. E agora? Agora está a renegociar-se a forma de baixar o investimento, o que obriga a rever a construção da ponte: fazê-la apenas ferroviária; talvez em Vila Franca de Xira; talvez na 25 de Abril. Renegociar é isto. 
Ao criar uma empresa pública para gerir as concessões e as grandes obras públicas, o Estado reconhece a sua irresponsabilidade passada. Mas vale pelo futuro. Desde que sirva para negociar a sério com os privados, sempre melhor assessorados, e impor disciplina no próprio Estado, sempre indisciplinado. E desde que não seja apenas um veículo para desorçamentar o custo futuro das PPP. Mal por mal, já basta assim.


2267


Será que começam a ser claros o «interesse» público e os «valores» culturais que fazem mover a «gestão» do dr. Pinto?

(fotografia do MATOSINHOS HOJE)

29.11.10

2266


daqui

2265

Integrado no sistema político do salazarismo


Por Pedro Jorge Castro
Não foi qualquer gesto subversivo que levou a polícia política a interessar-se por Aníbal António Cavaco Silva. Foi o general Martiniano Homem de Figueiredo, responsável pela Autoridade Nacional de Segurança, que em Maio de 1967 pediu ao director da PIDE que mandasse averiguar se havia alguma informação em desabono deste jovem de Boliqueime. 

Se a PIDE não se opusesse, Cavaco Silva, portador do BI número 153955, poderia ser autorizado a manusear documentação classificada até ao grau de “Nato Secreto” (o segundo nível mais restrito de informação) na Comissão Coordenadora da Investigação para a NATO – como era desejo do general, que tinha sido deputado à Assembleia Nacional e presidente do Sporting, antes de assumir o comando operacional das várias entidades de defesa do país.
Aníbal tinha 28 anos e a vida encaminhada: já estava casado com a actual primeira-dama, cumprira o serviço militar em Moçambique e tinha dois filhos. Trabalhava já como investigador da Fundação Calouste Gulbenkian e professor assistente do ISCEF (Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras) onde tinha sido um dos melhores alunos.

A polícia política abriu o processo número 995/67 e pediu ao chefe de gabinete do ministro da Educação que fizesse comparecer Cavaco Silva na sede da PIDE, na Rua António Maria Cardoso. O professor faltou à primeira convocatória mas, após uma insistência do director da PIDE, em Dezembro de 1967, preencheu o “formulário pessoal pormenorizado”, um boletim de 4 páginas que era burocraticamente designado como “modelo 566”. 

A alínea 12 colocava uma questão directa: “Sua posição e actividades políticas”. Na linha de baixo, num momento em que António de Oliveira Salazar - então com 78 anos - cumpria o seu 35.º ano como líder da ditadura, Cavaco Silva escreveu: “Integrado no actual regime político”. Deixou mais uma linha e acrescentou: “Não exerço qualquer actividade política”.

Na alínea 23, solicitado a indicar “duas pessoas idóneas (de preferência oficiais do Exército, Marinha ou Força Aérea) que o possam abonar moral e politicamente”, o actual Presidente da República quis fazer mais do que o formulário requisitava. Com a sua caneta riscou o “duas” e anotou por cima “três”, para o caso de a PIDE não reparar que tinha indicado um nome extra. 

Deu então os nomes de um membro da União Nacional - o partido do regime liderado por Salazar - José Rodrigues Alho, que exercia a profissão de fiscal da Carris (a empresa que geria os autocarros e eléctricos em Lisboa); do presidente da Junta de Freguesia de Santo Condestável, o tenente do exército Artur Ticão; e de um membro do secretariado da Defesa Nacional, o capitão António Ferreira da Costa.

Depois de prestar todas as informações sobre os seus dados de identificação, como nome, morada actual e endereços anteriores (viva num 5º andar da R. Padre Francisco e antes tinha residido noutro 5º andar na vizinha Rua Almeida e Sousa, na zona de Campo de Ourique, em Lisboa), locais onde estudou, situação militar (“Teve algum castigo? Não tive punições”), empregos, nomes e dados dos pais, esposa, irmãos, cunhados e sogros, foi ainda confrontado com a alínea 20, onde lhe era perguntado se algum destes familiares tinha residido na União Soviética ou Satélites – uma pergunta obrigatória, num contexto de Guerra Fria, a qualquer candidato a manusear documentos relacionados com a Organização do Tratado do Atlântico Norte. 

Na folha de rosto do boletim está agrafada, no canto superior esquerdo, uma sua foto tipo-passe, de blazer, pullover, camisa branca e gravata escura. Na última página, a seguir à data (Lisboa, 21/12/1967), o respondente rubricou a sua assinatura: “Aníbal António Cavaco Silva”. Depois, num espaço reservado para observações, entendeu que devia prestar uma informação adicional sobre a família: “O sogro casou em segundas núpcias com Maria Mendes Vieira, com quem reside e com quem o declarante não priva.”

Os funcionários da PIDE recolheram informações sobre o “porte moral e político” do então professor e investigador, os homens indicados por Cavaco Silva foram contactados, e o agente Amorim concluiu que “moral e politicamente nada se conseguiu apurar em seu desabono”. 

A direcção de campanha de Cavaco Silva não respondeu aos pedidos de esclarecimento feitos pela SÁBADO e, através do assessor de imprensa Francisco Azevedo e Silva, comentou apenas: “Este tipo de guerra suja não pega com o candidato prof. Cavaco Silva. A sua vida e todos os aspectos da sua carreira política, antes e depois do 25 de Abril, é totalmente transparente e é, aliás, integralmente revelada na autobiografia”. Na autobiografia não há qualquer referência a este episódio. 

No livro Cavaco Silva contou que quando era estudante e passava junto à residência oficial de Salazar, atravessava para o passeio do outro lado da rua porque “os muros altos e os polícias impunham respeito”. E recordou a sua indignação quando rejeitaram o seu pedido de adiamento para cumprir o serviço militar e o convocaram para fazer a recruta em 1962, por causa da guerra colonial: “Fiquei revoltado e acentuou-se em mim a rejeição ao regime de Salazar”. O livro foi lançado 35 anos depois de se ter declarado “integrado” no Estado Novo.

2264


O art.º 17. º da nossa infâmia

Diz-se que a questão se originou na incomodidade dos quadros do Banco de Portugal (BdP) em se sujeitarem aos cortes salariais previstos na austeridade orçamental. O BdP hospeda e agasalha o melhor das subidas cabeças económicas e políticas da corte que manda no país - sempre tal ouvi afiançar (mas nunca acreditei): Silva Lopes, Tavares Moreira, Miguel Beleza, Vítor Constâncio, Cavaco Silva, Oliveira e Costa, Manuela Ferreira Leite, Octávio Teixeira, Ernâni Lopes e tantos outros. Em suma, que ninguém se equivoque: quando o BdP franze o sobrolho, o regime que temos estremece. As pressões levaram Jaime Gama a pedir um parecer ao BCE. Este, usou do habitual "amiguismo de classe" e sentenciou que a independência do BdP estaria ameaçada caso o Estado português prosseguisse com os cortes salariais nessas tão autónomas e soberanas figuras que jazem no BdP - logo, temos de concluir, para que a emancipação do BdP seja assegurada, o Estado está forçado a recompensar os seus milhares de funcionários e outros tantos aposentados com remunerações muito acima dos restantes servidores públicos e que nunca poderão, sequer, oscilar com os abalroamentos mais terríveis da crise!

Prontamente se percebeu que outras entidades públicas ansiavam por plagiar o exemplo do BdP à custa de qualquer pretexto. Os demais albergues do regime, como a Caixa Geral de Depósitos, acompanhada por uma série de entidades públicas ditas empresariais (como a TAP, CTT, CP e por aí fora), iniciaram nos corredores do poder uma ofensiva que tentava comprovar a mirífica possibilidade de os seus quadros superiores desertarem em massa para outras instituições, pelos vistos sedentas da competência e do mérito que por ali abundam, como é por todos consabido...
A falta de pudor que assinala os principais responsáveis por esta III República prevaleceu - na passada terça-feira, de forma dissimulada, prestes a encerrar-se o debate na especialidade do OE, em véspera da greve geral e tentando apanhar distraídos os poucos que ainda não prescindiram da capacidade de pensar e de se indignarem com o que resta deste pobre país, o PS, tácita e desgraçadamente apoiado pelo PSD, aprovou uma nova redacção do art.º 17.º do OE, segundo a qual as administrações das empresas públicas poderão ser autorizadas a realizarem "adaptações autorizadas e justificadas pela sua natureza empresarial".
Num ápice, abriu-se o postigo da vergonha! Com estas oito simples palavras está concretizada a tarefa de descobrir uma fresta para, logo de seguida, escancarar o portão das excepções aos cortes salariais, simbolizando na perfeição a notória carência de um mínimo ético por parte de quem tanto nos tem desgovernado.
Os esforços de justificação desta ignomínia ainda são mais reveladores da imensa desconsideração que os responsáveis partidários detêm pela lucidez dos portugueses - tentaram impingir-nos a ínvia fábula que assegurava que caso persistissem os cortes salariais na Caixa aquela rapaziada que para lá foi enviada (ou para outros lugares análogos) como gratificação adquirida por percursos e fretes politiqueiros, debandaria, amuada, para o J.P. Morgan Chase ou para o HSBC, que, claro, os receberiam de braços e bolsas abertas! Quiseram fazer-nos acreditar que os nossos gestores públicos, na sua maioria, autênticos especialistas em afundar as empresas por onde passam, poderão ser aproveitados por alguma entidade privada em que o mérito prevaleça e que não necessite de "Varices", ou seja dos conúbios insalubres entre decisores públicos e privados.
Fiel à sua história recente, o PS abdicou dos princípios e cedeu aos interesses mais torpes. O PSD apadrinhou esse declive ético, mostrando que ainda vê o país a partir da confundida visão da corte.
Numa hora em que importava manifestar, cá dentro e lá fora, que a austeridade é para levar a sério, exibimos os nossos piores vícios: o favoritismo, a discriminação em razão de posições de influência, a ideia de que há servidores públicos com e sem "pedigree".
Cada vez mais, os políticos deste país dão-me náuseas - que venha o FMI e depressa!

2263




Conhecimentos inúteis

O aeroporto de Beja já ganhou direito a figurar no clássico "Catalogue d'objets introuvables", de Carelman, num improvável capítulo dedicado a elefantes brancos. Desde que o projecto foi lançado com a constituição, em 2001, da EDAB /Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja, já se foram, segundo o Tribunal de Contas (TC), 35 milhões, mais 39 milhões irão a seguir e aeroporto... nicles.

É certo que foram sendo feitas umas obras (muitas, como seria de esperar, por ajuste directo e sem consulta de outras empresas). E, naturalmente, com atrasos que chegam a 320% dos prazos contratados e acréscimos de custos da ordem dos milhões.
Nove anos depois, o "introuvable" aeroporto tem administradores, muitos e dispersos assessores (diz o TC que foram gastos em assessorias 300 mil euros a mais, sem contrato) e a perspectiva de 20 anos de prejuízos por conta dos contribuintes. Não tem é acessibilidades, operadores ou... pista de aterragem. Parece que houve um "erro no modelo utilizado na construção" e que repará-lo vai custar mais 8 milhões. Erro que, obviamente, não tem culpados, já que a EDAB (é uma empresa pública portuguesa com certeza) "não apurou quaisquer responsabilidades".
Nos dias de hoje, saber-se tudo isto não terá, claro, consequência alguma. Será só mais uma página a engrossar o "Catálogo de conhecimentos inúteis" que os portugueses têm sobre o modo como o seu dinheiro é gasto.

2262

EUA E a PAZ
(Para memoria futura)
1899-1902-As Filipinas lutam pela indepêndencia do País, dominado pelos EUA
1899 -Guerra com a Espanha em Cuba, pelo controlo deste território
1913 -Durante a revolução Mexicana os EUA bloqueiam as fronteiras em apoio aos revo-
lucionários.
1915 -Tropas americanas desembarcam no Haiti e transformam este País num virtual
protectorado.
1916 -Os EUA estabelecem um Governo militar na República Dominicana
1927 -Marines desembarcam na China durante a guerra civil local
1914-18 -Primeira guerra mundial
1939-45 -Segunda guerra mundial
1950 -Inicio da guerra entre as duas Coreias, na qual os EUA participam fortemente sob
a bandeira dos EUA. A guerra termina em 1953, com 3milhões de mortos sem ven-
cedores nem vencidos.
1955 -Guerra do Vietename. Milhões de mortos de ambos os lados.EUA saem derrotados.
1961 -Mercenários cubanos apoiados pelos EUA invadem Cuba(Baía dos Porcos) sendo
derrotados
1980 -Resgate falhado na Embaixada Americana em Teerão
1983 -Intervenções na América Latina(Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala) e
invasão da pequena ilha de Granada, derrubando o governo legitimo.
1986 -Aviões dos EUA atacam uma base aérea Líbia
1986 -EUA adoptam represálias contra a Libia acusando esta de terrorismo internacional
atacando bases militares em Tripoli e Bengasi. Muitos civis entre as vitimas
1986 -EUA invadem o Panamá,destituem o governo, nomeiam outro, e levam o presiden-
te Noriega ex agente da Cia, preso para os EUA
1990 - Invasão do Kuwait e Iraque
1992 -Invasão da Somália
1993 -Inicio do ataque ao Iraque(Bill Clinton)
1994 -Invasão do Haiti
1995 -Invasão da Bosnia
Fico por aqui, porque até só o resumo cansa;além do mais as mais recentes, ninguém esqueceu ainda.
Percebe-se bem porque é dos EUA a bandeira mais queimada no mundo inteiro.
Porque falo nisto agora? Porque o mundo tem que se convencer que tanto faz ser o Clinton o Bush ou o Obama, aquele país é sempre como a caixa de Pandora. Só que real. Pô-lo em sentido em vez de nos pormos de gatas, é o caminho para termos um mundo muito melhor.

28.11.10

Vai uma aposta?

É cada vez mais evidente onde isto vai acabar: na privatização






SECUNDÁRIAS

Parque Escolar vai cobrar 50 milhões em rendas em 2011

por PEDRO SOUSA TAVARES

Em 2015, total das rendas rondará os 153 milhões de euros, 75% dos encargos anuais do TGV 
As escolas secundárias intervencionadas pela Parque Escolar vão pagar em 2011 à empresa pública uma média anual de cerca de 500 mil euros de renda. Somadas as 105 escolas que já passaram para a sua dependência, a Parque Escolar encaixa quase 50 milhões de rendas, valor que triplicará daqui a cinco anos - aproximadamente 75% do que o Governo prevê gastar anualmente com o TGV - para quando está prevista a conclusão da intervenção em 330 secundárias.
Mas, já a partir de Janeiro, as 105 escolas que já foram remodeladas passam a pagar uma renda mensal de 1,6 euros por m2, que no final do ano ascenderá a uma média de 461 476 euros, acrescidos de IVA, por estabelecimento. Valores que serão transferidos para as escolas pelo Estado. Em Outubro, o Conselho de Ministros aprovou uma resolução reservando já um total de 59,913 milhões de euros (mais IVA) para este fim, dos quais 11,458 milhões ainda para 2010, presumivelmente para pagamento de rendas retroactivas das escolas já sob a alçada da Parque Escolar. De acordo com os estatutos da empresa, esta passa a deter as escolas que intervenciona.
Os 48,5 milhões de euros para 2011 referem-se, segundo disse ao DN a empresa, a "uma estimativa máxima que depende da conclusão das obras e entrada em fase de operação das escolas e naturalmente das áreas das mesmas". Em causa estão 105 escolas, o que permite chegar ao tal número de mais de 461 mil euros por unidade. Também tendo em conta este valor indicativo, é possível prever que após 2015 - ano em está prevista a conclusão da intervenção em 330 secundárias - o total de encargos anuais com estas rendas rondará os 153 milhões de euros.
No caso da Parque Escolar, os contratos a celebrar com as escolas terão uma duração de 10 anos. As rendas servirão, explica a empresa, para duas componentes. A primeira, será cobrir "os custos operacionais respeitantes à manutenção preventiva e correctiva das escolas e demais equipamentos" e seguros que tem a obrigação de pagar. A outra, "o pagamento dos encargos com o serviço da dívida respeitante ao investimento não suportado pelo Estado ou Fundos Comunitários". Ou seja: as dívidas à banca. Em Maio deste ano, a empresa totalizava já 1,15 mil milhões de euros de empréstimos contraídos.
As rendas e os apoios directos do Estado não serão a única fonte de rendimento da empresa, já que esta passará a gerir e a arrecadar 50% dos alugueres de espaços escolares, como pavilhões.
Por outro lado, existe outra factura pública associada às intervenções, esta resultante da beneficiação das escolas com novos espaços: o aumento das despesas de manutenção 

2260


Investimento

Dívida dá milhões de lucro à Banca

De Janeiro a Setembro, aplicações subiram 7,8 mil milhões. Bancos vão buscar crédito ao BCE a 1% e investem em dívida pública a taxas superiores. Em 2010, já ganharam mais de 150 milhões de euros.










Banca privada comprou mais dívida pública nos últimos seis meses

Por Cristina Ferreira e Paulo Miguel Madeira
O Estado português está a contar, durante a crise, com uma maior ajuda dos bancos privados para se financiar. O BCP foi o que mais adquiriu títulos de dívida
A exposição dos três principais bancos privados portugueses à dívida soberana nacional aumentou mais de dois mil milhões de euros, ou seja, quase um terço, entre 30 Março e o final do terceiro trimestre, para cerca de 9,1 mil milhões de euros. Este valor representa 6,5 por cento do total do stock da divida pública nacional.
Este reforço por parte dos bancos constitui uma ajuda preciosa para o Estado português numa altura em que as fontes de financiamento internacional não abundam. Do lado dos bancos, a compensar os riscos de desvalorização dos títulos de dívida pública estão outros factores importantes: as taxas praticadas são elevadas, as Obrigações do Tesouro podem ser entregues ao BCE como garantia para empréstimos e um apoio ao Estado é, nesta fase, um contributo para descongelar o acesso da banca nacional aos mercados internacionais.
Até ao início da crise da dívida soberana da zona euro, o empréstimo de fundos aos Estados era visto como uma estratégia de investimento segura e conservadora, pois o risco de incumprimento era teoricamente nulo. E os bancos elegiam muitas vezes os países periféricos para investir, pois as obrigações soberanas ofereciam juros ligeiramente mais elevados, não se admitindo nunca uma eventual entrada em bancarrota.
Agora, apesar de a crise ter revelado situações de Estados em risco de derrapagem, um cenário desse tipo dificilmente se coloca a curto prazo. Isto porque, ao criar na Primavera o fundo europeu de estabilidade financeira (FEEF) em articulação com o FMI, a zona euro veio reduzir o risco de incumprimento de reembolso das dívidas soberanas. Nesta óptica, ou os Estados têm a sua situação financeira controlada, ou recorrem a este mecanismo, e tranquilizam os seus credores.
Assim, no caso da banca nacional, a sua exposição à divida da República só constituirá um risco mais elevado a partir de 2013, no final da vigência do actual FEEF, e quando for criado um novo instrumento permanente que, se a sugestão alemã vingar, terá os particulares a serem chamados a assumir custos de reestruturação da divida emitida a partir daquela data. 
Além disso, ao darem empréstimos ao Estado português, BCP, BES e BPI não só estão a fornecer liquidez à República (evitando contágios mais negativos para si próprios), como também a obter garantias para, eles próprios se poderem financiar junto do BCE. A dívida acumulada da banca nacional junto do BCE era em Setembro de 40 mil milhões de euros.

BCP reforça posições
Uma análise da exposição dos três principais bancos privados portugueses à divida soberana permite concluir que o peso das obrigações portuguesas é, em termos absolutos, maior no BCP, embora seja no BPI que assume a percentagem mais elevada dos activos. E o BCP foi o que mais "ajudou" o Governo a financiar-se no mercado. Em apenas seis meses, entre 30 de Março (segundo os testes de stressrealizados à banca europeia) e 30 de Setembro, o maior banco privado português multiplicou a sua carteira de obrigações da República 4,7 vezes, enquanto o BPI a reduziu em 37,7 por cento. Já o BES apresentou uma subida de 13,8 por cento. 
Para além de obrigações portuguesas, BCP, BPI e BES possuem ainda dívida grega, irlandesa e italiana, totalizando cerca de três mil milhões de euros. A carteira de títulos soberanos dos quatro países perfaz mais de 12 mil milhões de euros. 
A 30 de Setembro, o BCP possuía 4,5 mil milhões de euros de obrigações nacionais, o que representava 4,5 por cento dos seus activos totais (99 mil milhões de euros). E 950 milhões de euros de dívida da Grécia e da Irlanda. Ainda assim, a exposição do BCP a Portugal, à Grécia e à Irlanda não ultrapassava os 5,5 por cento dos activos do banco. Na sua estratégia de aplicação de fundos, emprestou também ao Estado polaco 1,1 mil milhões de euros. O grupo controla um banco na Polónia, o Millennium Bank, e outro na Grécia, o NovaBank. 
Já o BPI financiava a 30 de Setembro o Estado português em 2,631 mil milhões de euros, o que traduz uma queda de 37,7 por cento face aos 4,22 mil milhões de euros referidos no final de Março. No entanto, revela o maior peso no activo total (47 mil milhões), cerca de 5,6 por cento. À semelhança do que fez o BCP, também o BPI investiu em obrigações gregas e irlandesas, onde detinha 881 milhões de euros. Aplicou ainda recursos em títulos dos Estados italiano (1,024 mil milhões de euros) e brasileiro (261 milhões de euros). O grupo presidido por Fernando Ulrich exibia indirectamente, através do Banco de Fomento de Angola, que controla, créditos ao Estado africano de 2,014 mil milhões de euros. Dos três bancos analisados, a carteira do BPI, composta por obrigações públicas de vários países (6,7 mil milhões de euros), era a maior, e equivalia a 14 por cento do seu activo total. 
O BES foi o que divulgou a menor carteira de divida pública, de apenas 2,386 milhões de euros, sendo os títulos da República de dois mil milhões de euros, ou seja, 2,30 por cento dos activos totais (87 mil milhões de euros). 
Os bancos, a par dos bancos centrais, dos fundos soberanos (dos Estados), e, em menor escala, dos fundos de pensões, dos fundos de investimento e das seguradoras, estão entre os financiadores dos países.