É assim um congresso emocional o que decorre em Matosinhos. Em que, de forma autista, os socialistas vão glorificar a "obra feita" nos últimos seis anos, sem nenhuma capacidade crítica de procurar sequer perceber onde é que o PS falhou ou errou, onde é que o PS se desviou do seu trilho ideológico social-democrata. Sem nenhuma capacidade de assumir que o PS, tal como praticamente todos os partidos sociais-democratas (ditos socialistas) cederam perante a pressão ideológica do neoliberalismo que se instalou no poder no Ocidente, nesta fase de especulação financeira que domina o capitalismo. E que está apostado em diminuir o nível de vida das populações europeias e a correspondente redistribuição da riqueza em benefício do lucro da economia privada. Nem autonomia do pensamento para contribuir para a construção e uma alternativa que permita à União Europeia sair do atoleiro em que se meteu.
Vão assim ser consagrados seis anos de poder do PS, que nada têm de socialista, antes se caracterizam pelas sucessivas cedências ao neoliberalismo e à desconstrução do Modelo Social Europeu, nomeadamente no Ensino Público e no Serviço Nacional de Saúde.
Será portanto uma cerimónia virada para o passado, em que o que eventualmente ainda existe do PS social-democrata fica de fora. À espera do futuro.
São José Almeida
Público