9.4.11

A realidade segue após...

É assim um congresso emocional o que decorre em Matosinhos. Em que, de forma autista, os socialistas vão glorificar a "obra feita" nos últimos seis anos, sem nenhuma capacidade crítica de procurar sequer perceber onde  é que o PS falhou ou errou, onde é que o PS se desviou do seu trilho ideológico social-democrata. Sem nenhuma capacidade de assumir que o PS, tal como praticamente todos os partidos sociais-democratas (ditos socialistas) cederam perante a pressão ideológica do neoliberalismo que se instalou no poder no Ocidente, nesta fase de especulação financeira que domina o capitalismo. E que está apostado em diminuir o nível de vida das populações europeias e a correspondente redistribuição da riqueza em benefício do lucro da economia privada. Nem autonomia do pensamento para contribuir para a construção e  uma alternativa que permita à União Europeia sair do atoleiro em que se meteu.

Vão assim ser consagrados seis anos de poder do PS, que nada têm de socialista, antes se caracterizam pelas sucessivas cedências ao neoliberalismo e à desconstrução do Modelo Social Europeu, nomeadamente no Ensino Público e no Serviço Nacional de Saúde.

Será portanto uma cerimónia virada para o passado, em que o que eventualmente ainda existe do PS social-democrata fica de fora. À espera do futuro.  

São José Almeida
Público

alegre





De Quixote a Sancho:

Ouço em directo o discurso de Alegre no congresso.

E ouço em fundo o frémito de indignação de um milhão de votos.

8.4.11

o congresso


Começa hoje em Matosinhos o penúltimo acto de uma ópera-bufa.
Os mais acéfalos, seguidistas e alienados militantes, pastoreados pelos mais venais e incompetentes dirigentes de vários graus, vão acantonar-se à volta e em defesa do «chefe» que escolheram.
Juntando-se, sem orientação ideológica, debaixo de um programa e um projecto para o País pífio, inconsequente e que variará consoante as necessidades do Sócrates  para a sua defesa pessoal.
Quando ela cair estrondosamente no buraco para o qual precipitou o País começará a longa cena final, a da tragicomédia.

Todos os dirigentes, todos quadros políticos e a generalidade dos militantes se dedicarão afanosamente à tarefa de proclamar que nada tiveram a ver com aquilo, que nunca colaboraram na desgraça, que nem estavam de acordo, que foi um exagero, uma perversão.
Espero - ilusão minha - que o País (e o partido) não se esqueça da responsabilidade que todos eles tiveram, do que disseram, como o disseram, do que fizeram.
E que não os deixe sobreviver politicamente.

transformismos

O congresso que se "transformou" depois do pedido de ajuda ao FMI




"O congresso está concentrado nas eleições e o anúncio do pedido de ajuda externa só vem reforçar essa necessidade", afirma o responsável pela candidatura de Sócrates à liderança do partido, Capoulas Santos, deixando implícito que no encontro de Matosinhos não há lugar para os críticos. "A resposta a essas pessoas foi dada nas urnas. O resultado foi de 93,3%. Essas pessoas representam menos de 7%. Deviam era cobrir-se de vergonha de cada vez que abrem a boca"


2033

O congresso do PS que hoje começa no Porto será um momento estranho - foi no discurso de apresentação da moção que neste fim-de-semana será aclamado que Sócrates declarou que "nunca governaria com o FMI". Foi um Sócrates derrotado aquele que anunciou ao país o pedido de resgate, mas é um Sócrates 93% o homem que será hoje convenientemente aplaudido por um partido que não conseguiu, até agora, arranjar qualquer alternativa consistente. O mais provável é que Matosinhos simbolize o canto do cisne - mas os dotes misteriosos de Sócrates obrigam a alguma parcimónia analítica. 



2032

Admitir que 33% de portugueses possam vir a ilibar com o seu voto o comportamento do primeiro-ministro nos últimos seis anos é inconcebível para mim. Só pode ser gente que se encontrasse Sócrates numa viela escura a esfaquear uma velhinha viria defender publicamente que ele estava a promover a acupunctura entre a terceira idade. Caro leitor: votar no PS, ainda vá. Mas votar em Sócrates? Votar em Sócrates não tem perdão.


6.4.11

do dificil modo de vida socretino

O 1 de Abril todos os dias




O 1 de Abril todos os dias


A notícia veio no CM do dia 1 de Abril e eu, que sou um ingénuo, julguei que se tratava de uma mentira própria do dia: a administração da Carris ter-se-ia autocontemplado, em 2010, com quatro viaturas topo de gama em ALD, apesar de a empresa apresentar um "buraco" financeiro de 776,6 milhões de euros.

A generalidade das empresas públicas cumpre, como se sabe, a patriótica tarefa de dar emprego a "boys" e "girls" do PS e do PSD. Por isso mesmo, a última aliança parlamentar dos dois partidos-comadres antes da zanga foi para chumbarem na AR uma proposta no sentido de, em tempos de crise, haver também limites para os salários, prémios e mordomias várias dos chamados gestores públicos.
Ao contrário do que sucede com os salários, pensões, subsídio de desemprego e prestações sociais, salários & prémios dos "boys" do PS e PSD continuam, pois, a não ter, na prática, outros limites senão os da decência dos próprios (já que a paciência dos contribuintes e dos eleitores parece ser, também ela, ilimitada).
Daí que, além dos novos Mercedes, Audi e BMW, os administradores da Carris também se tenham aumentado em 2010, premiando-se por terem conseguido o milagre económico de afundar nesse ano a empresa com mais 42,3 milhões em resultados negativos.
Quem não tomaria tudo isto como peta do 1 de Abril? Só que hoje, em Portugal, 1 de Abril é sempre que um homem quiser. E, nos últimos anos, tem sido todos os dias

do socretismo como modo de vida


Rui Pedro Soares recebeu mais de um milhão de euros da PT em 2010


O ex-administrador da Portugal Telecom (PT) Rui Pedro Soares, que abandonou a empresa na sequência do processo "Face Oculta", recebeu em 2010 cerca de 1,2 milhões de euros resultantes de indemnização e salário até quando desempenhou funções.

O responsável recebeu 648,7 mil euros de indemnização, 104,2 mil euros de remuneração fixa e 459,4 mil euros de prémio anual sobre o exercício de 2009, informa o relatório e contas da PT hoje divulgado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Fernando Soares Carneiro, também ex-administrador da PT que saiu igualmente no seguimento do processo "Face Oculta", recebeu um total de 1,8 milhões de euros: 973 mil euros de indemnização, 175 mil euros por compromisso de não concorrência, 201 mil euros de remuneração fixa e 459,4 mil euros de prémio anual sobre o ano de 2009.
Rui Pedro Soares renunciou ao cargo na empresa a 17 de Fevereiro de 2010, ao passo que Soares Carneiro viria a abandonar a PT cinco dias depois, a 22 de Fevereiro.
Soares Carneiro e Rui Pedro Soares abandonaram a empresa após a divulgação de escutas telefónicas no âmbito do processo "Face Oculta" e de um alegado plano do Governo que envolvia a PT na criação de um grupo de comunicação social.
Ainda de acordo com o relatório e contas hoje divulgado, o presidente executivo da PT, Zeinal Bava, teve uma redução de 44% no salário de 2010 face ao ano anterior devido ao não pagamento do prémio plurianual e à redução em 10% da remuneração fixa.

5.4.11


É essencial acabar com as chamadas parcerias públicas e privadas, dignificando o serviço público e eliminando os boys, que entram no Estado por via dos partidos e não por concurso público.

notícias do rigor

Censos 2011 consideram reclusos como trabalhadores

"Sempre que houver um trabalho e um pagamento correspondente a mais de uma hora trata-se de um emprego"

Os reclusos estão a ser contabilizados como trabalhadores no censo de 2011 com o critério de que efectuam dentro das prisões serviços que são pagos a dois euros ao dia, em média. Uma situação que foi confirmada ao i pelo Instituto Nacional de Estatística, sustentando que "sempre que houver um trabalho e um pagamento correspondente a mais de uma hora na semana de referência se trata de um emprego, de acordo com as normas internacionais. A situação aplica-se a toda a população, ou seja, quem trabalhar mais de uma hora por semana - independentemente do que lhe for pago por esse serviço - é registado como estando empregado. 

O que acontece, neste caso, é que uma parte da população prisional exerce actividades na limpeza de instalações, lavandaria, cozinhas ou jardins e cada recluso recebe cerca de dois euros por dia. Para o censo, esta população é considerada "empregada", mesmo sabendo que dificilmente as actividades praticadas pelos presos podem ser consideradas um emprego. 

Um país em forma de assim




Um país em forma de assim

Num país de trafulhas que, se apanhados com a boca na botija (e a mão na massa) ainda passam por vítimas, a minha simpatia vai para o administrador dos CTT Marcos Batista, que pediu a suspensão do cargo "por razões pessoais" mal o jornal "i" descobriu que não é licenciado como declarou no currículo publicado em "Diário da República" aquando da nomeação.

Por pouco era uma atitude decente. Só que Batista não se demitiu nem apresentou voluntariamente na esquadra mais próxima. Apenas suspendeu o mandato, explicando que "sempre [esteve] convencido" que era licenciado. À bolonhesa mas, para todos os efeitos, licenciado, coisa de que o seu ex-sócio, o secretário de Estado Paulo Campos, que o nomeou, certamente também "sempre [esteve] convencido".
No país "em forma de assim" de Alexandre O'Neill, em que "o engenheiro, afinal, não era engenheiro/ e a rapariga ficou com uma engenhoca nos braços", para pagar a um pobre o que baste para completar 189,52 euros por mês, o Estado exige-lhe que preencha os modelos RSI 1/2010. RSI 1/1, RSI 1/2 e RV 1013 e que apresente BI, NIF, declaração médica, comprovativos de rendimentos, de bens móveis e imóveis, cadernetas prediais e declaração de autorização de acesso à informação bancária.
Já em lugares de nomeação política em empresas públicas como o do ex-sócio do secretário de Estado, paga 257 000 euros por ano sem sequer exigir um certificado de habilitações.

4.4.11




Os culpados do costume


Não li na íntegra o artigo do "Wall Street Journal", citado por vários jornais portugueses, que "explica" a crise económica que Portugal atravessa com a pouca qualificação dos trabalhadores, mas conheço bem o jornalismo que chega a um local exótico, fala com uma ou duas pessoas que conhece no bar do hotel, junta uns dados estatísticos e julga ter descoberto a verdade sobre os autóctones.

De acordo com o resumo feito pelo DN, para o "Wall Street Journal" o fraco crescimento da economia portuguesa resultaria de "apenas 28% da população entre os 25 e os 64 anos [completar] o ensino Secundário".
O artigo não se interroga - tal tipo de jornalismo raramente se interroga - por que motivo a "mão-de-obra não qualificada" portuguesa contribui tanto para o crescimento da economia dos países para onde emigra e não da portuguesa. Provavelmente, no bar do hotel, ninguém lhe terá dito que, em Portugal, existem poucos empresários, a maior parte "Estadodependentes", e muitos patrões, nem lhe terá falado da cultura empresarial dominante por estas latitudes: a do tráfico partidário de influências e dos ajustes por baixo da mesa.
E quem lhe forneceu as estatísticas da qualificação dos trabalhadores ter-lhe-á omitido que, segundo dados do INE, 74,1% dos patrões portugueses só têm o ensino Básico, ou nem isso, e apenas 13,9 e 12% possuem formação secundária ou superior (contra 15,2 e 14,5% dos trabalhadores).

3.4.11

do socretismo como modo de vida

Governo fez 156 nomeações e promoções



Apesar de demissionário, o Executivo de José Sócrates contratou e promoveu funcionários. Após o chumbo do PEC4 no Parlamento, foram publicadas em Diário da República 85 nomeações e 71 promoções.
Segundo o Diário de Notícias, as 85 nomeações constituem uma média recorde de 12 nomeações diárias, sendo o Ministério da Administração Interna o que contou com o maior número de membros – 19.
A Presidência do Conselho de Ministros registou 13 nomeações e o Ministério da Defesa nove.
De acordo com o diário, 27 das 85 nomeações foram substituições.