A história triste do nosso ministério público segue assim:
O senhor procurador de Alguidares de Baixo, quando lá chega o processo do filho da prima Antoninha, que foi apanhado a fumar um charro, mete-o na gaveta porque o filho da prima é bom rapaz e não vale a pena estragar-lhe a vida.
A seguir, em Alguidares de Cima chega ao sr. procurador respectivo o processo do afilhado que fez uma outra rapaziada; e o sr. procurador também o mete da gaveta.
E como Alguidares, seja de Cima, seja de Baixo, é sempre Alguidares, os dois senhores procuradores sabem das gavetas um do outro; e guardam cuidadosamente esse conhecimento para uma necessidade, não vá o diabo tecê-las.
Entretanto ambos defendem as suas decisões ao abrigo da independência do ministério e da autonomia funcional dos respectivos magistrados.
E as coisas vão por aí acima até ao coordenador do DIAP do Porto que se sentou em cima do processo do «doping» no futebol , mas foi apanhado porque não as mediu bem. E, apesar de tudo, foi longe de mais e hostilizou, ainda a propósito de futebol, o PGR.
Depois há a outra vertente da questão: o sr. procurador de A-da-Burra foi dar uma queca fora numa loiraça lá das relações dele.
O namorado da loiraça não gostou e foi-lhe aos fagotes.
Reage o sr procurador instaurando-lhe um processo por terrorismo e atentado ao Estado de Direito.
Esta é melhor perguntarem a um procurador ali do Alto Minho que ele saberá explica bem.
Entretanto vão subindo na carreira e vão-se encostando aos políticos.
Não por acaso o dr. Lopes da Mota - o das pressões - quando era procurador em Felgueiras deu a dica à Fátima da mesma, para se safar; Não por acaso a Fátima tinha-lhe arranjado uma conveniente requisição para a mulher.
Já para não falar de Matosinhos e do arquivamento do processo do «camarada presidente», aqui muito mais próximo.
Por outro lado, e ainda, no ministério público toda a gente tem um pé: os partidos, as associações mais ou menos discretas, o futebol e as sua vertentes, os interesses, os negócios, ...; e toda essa gente tem quem defenda os interesses no ministério público.
Chega-se depois à verdadeira pocilga: os graus superiores da estrutura: os auditores dos ministérios, os conselhos superiores e consultivos e as comissões especializadas e genéricas.
E aí os senhores procuradores - já «gerais adjuntos» - estão no seu ambiente preferencial, aquilo que sempre ambicionaram e por que sempre se esforçaram: chegaram ao contacto directo com a política e com os políticos.
E passam a pedir-lhes favores; seja para um emprego para o filho, seja para a abertura de um concurso especial para meterem no CEJ filhos, amigos e afilhados.
A partir daí ficam na mão dos políticos que não se esquecem nunca dos favores que fazem.
E tudo isto é sempre feito sobre o guarda chuva da independência e autonomia da instituição.
Que eles continuam a defender como valor inquebrantável e de interesse nacional