1.8.10

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"...o País perdeu a inteligência e a consciência moral.Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos.A prática da vida tem por única direcção a conveniência.Não há principio que não seja desmentido.Não há instituição que não seja escarnecida.Ninguém se respeita.Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.Alguns agiotas felizes exploram.A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.O povo está na miséria.Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia.Vivemos todos ao acaso.Perfeita,absolutaindiferença de cima a baixo!Toda a vida espiritual,intelectual,parada.O tédio invadiu as almas.A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés.A ruína económica cresce,cresce,cresce.As quebras sucedem-se.O pequeno comercio definha.A industria enfraquece.A sorte dos operários é lamentável.O salário diminui.A renda também diminui.O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo....."
Juro que não fui eu que escrevi isto em 1871.Foi Eça de queiroz.Aliás um Português que ja nessa altura era tão bom conversador como era conservador.Basta vêr a troca de correspodência dele com o Reino quando era Diplomata em Cuba(colónia Espanhola) para perceber que estavamos perante uma figura tão conservadora como são os nosso governantes de agora.Só há uma ou duas diferenças; este cavalheiro, era culto e inteligente.
(este texto pertence "As Farpas")

Rui Viana Jorge

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