17.4.09
615
Vital, o "amordaçado"
Aproveitando sofregamente a circunstância de Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD às europeias, ter usado a palavra "mordaça" para dizer que não se calaria, durante a campanha, sobre questões nacionais, Vital Moreira, o tal candidato "independente" do PS - crendo, como na fábula, que era algum bago -, veio auto-medalhar-se com o facto de que ele é que sabe "o que é suportar mordaça" pois terá "suportado mordaça" durante o Estado Novo, coisa de que o juvenil Rangel, na altura recém-nascido, não pode gabar-se.
Conta-se que uns irlandeses terão procurado um dia George Bernard Shaw ostentando as chagas da repressão inglesa e pedindo o seu apoio à causa republicana, e que Shaw julgou perceber em tal ostentação algum orgulho, comentando: "Não vejo que ter sido maltratado possa ser motivo de orgulho…". O "professor de Coimbra, meu Deus!" e arrependido do PCP orgulha-se do seu passado de "amordaçado" e tenta pô-lo a render (é, pensará, um capital de credibilidade) na bolsa eleitoral. O que sempre me pergunto, em casos como o de Vital Moreira, é o que, se falasse, o seu passado diria do seu presente.
614
16.4.09
612
609
Metro pagou 3,5 milhões a mais ao Salgueiros
Ministério Público não encontrou indícios de crime em venda de terrenos acima da avaliação e arquivou o caso
15.4.09
605
Dê-me um pouco de atenção (2 X)
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os têm
Aos outros um passou bem
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Quem anda a despedir
Ainda se fica a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
Espero vir a ter
Uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Vou conseguir encontrar
Mais força para lutar (4 X)
Senhor Engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar, enganar
O povo que acreditou
Conseguir encontrar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar
Mais força para lutar (3 X)
Senhor Engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão
Senhor Engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a …
Senhor Engenheiro
Dê-me um pouco de atenção (2 X)
14.4.09
604
Inteiramente gratuito, eis o guia com que sempre sonhou
por JOÃO MIGUEL TAVARES
Ajustiça em Portugal parece-lhe confusa? Não faz ideia porque é que todos os processos que envolvem pessoas importantes acabam sempre em regabofe? Diga não à desorientação! Em apenas 20 passos, eis o guia ideal para entender todos os casos que em Portugal começam com a palavra "caso":
1) Os jornais publicam uma notícia sobre qualquer pessoa muito importante que alegadamente fez qualquer coisa muito má. 2) Essa pessoa muito importante considera-se vítima de perseguição por parte de forças ocultas. 3) Outras pessoas importantes vêm alertar para o vergonhoso desrespeito do segredo de justiça em Portugal, que possibilita a actuação de forças ocultas. 4) Inicia-se o debate sobre o segredo de justiça em Portugal. 5) Toda a gente tem opiniões firmes sobre o que é preciso mudar na legislação portuguesa para que estas coisas não aconteçam. 6) Toda a gente conclui que não se pode mudar a quente a legislação portuguesa. 7) A legislação portuguesa não chega a ser mudada para que estas coisas não aconteçam. 8) As coisas voltam a acontecer: os jornais publicam notícias sobre essa pessoa muito importante dizendo que ainda fez coisas piores do que as muito más. 9) Outras pessoas importantes vêm alertar para o vergonhoso jornalismo que se faz em Portugal, que nada investiga e se deixa manipular por forças ocultas. 10) Inicia-se o debate sobre o jornalismo português. 11) Toda a gente tem opiniões firmes sobre o que é preciso mudar no jornalismo português. 12) Toda a gente conclui que estas mudanças só estão a ser debatidas porque quem alegadamente fez uma coisa muito má é uma pessoa muito importante. 13) Nada muda no jornalismo português. 14) Enquanto o mecanismo se desenrola do ponto 1) ao ponto 13) a justiça continua a investigar. 15) Após um período de investigação suficientemente longo para que já ninguém se lembre do que se estava a investigar a justiça finaliza as investigações e conclui que a pessoa muito importante: a) Não fez nada de muito mau. b) Já prescreveu o que quer que tenha feito de muito mau. c) É possível que tenha feito algo de muito mau mas não se reuniram provas suficientes. d) Afinal o que fez não era assim tão mau. 16) Pessoas importantes que são amigas dessa pessoa muito importante concluem que ela foi vítima de perseguição por parte de forças ocultas. 17) Pessoas importantes que não são amigas dessa pessoa muito importante concluem que em Portugal nada acontece às pessoas muito importantes que fazem coisas alegadamente muito más. 18) As pessoas citadas no ponto 17) iniciam mais um debate sobre a justiça em Portugal. 19) As pessoas citadas no ponto 16) iniciam mais um debate sobre o jornalismo em Portugal. 20) Os jornais publicam uma outra notícia sobre uma outra pessoa muito importante que alegadamente terá feito outra coisa muito má. Repetem-se os passos 1) a 19).
603
Quimicamente purosÉ um dos mitos mais generalizados o de que os jornalistas, como os anjos, não têm sexo, que é como quem diz vida pessoal, relações, interesses. Toda a gente sabe que não é assim, mas trata-se de uma convenção que os jornalistas permanentemente alimentam e sobre que o jornalismo, enquanto profissão, constrói de si mesmo, para si e para o mundo exterior, a ideia especular de um nicho quimicamente puro de "isenção" e "independência" pairando acima da sociedade. É nessa ideia que o jornalismo funda a legitimidade de que se reclama de vigilante e juiz da sociedade. Quando um jornalista se mostra como sendo, afinal, humano ou tendo motivos e interesses, e se atreve - em vez de os ocultar, como manda o código de aparências corporativas - a falar sem exibir publicamente "distância" e "isenção", viola regras não escritas e desencadeia reacções automáticas de exclusão. O que aconteceu recentemente com uma jornalista do DN e o mal-estar que gerou por ter deixado "contaminar" a sua opinião (opinião, sublinhe-se) pela sua alegada vida pessoal é um bom exemplo da hipocrisia de que se alimenta o jornalismo. |
13.4.09
600
A decência, finalmenteA notícia agitou no fim-de-semana a habitualmente pacata (hoje é um daqueles dias em que, como no soneto de Bocage, me acho mais pachorrento) comunicação social portuguesa. O Estado, através da Agência de Modernização Administrativa, decidiu modernizar administrativamente as meninas da Loja do Cidadão de Faro e proibiu-as de usar saias curtas, decotes, saltos altos, perfumes "agressivos" (acho bem, perfumes armados e perigosos deviam estar sob a alçada da lei das armas; e sei do que falo que já tenho sido espoliado até por águas de colónia) e roupa interior escura. Descontando as cuecas e os "soutiens", reservas ecológicas onde o Estado talvez devesse, mas que sei eu?, abster-se de edificar, o resto, juntamente com os processos a jornalistas, é já, tudo o indica, o primeiro passo da política de decência da sociedade portuguesa anunciada no Congresso do PS. Tinha que se começar por algum lado e começou-se pelas saias e decotes, que era o que estava mais à mão (salvo seja). A corrupção, o tráfico de influências e o enriquecimento ilícito que ponham as barbas de molho; um dia chegará a sua vez. |
599
no JN
A falência anunciada da Metro do Porto
Nem a Junta Metropolitana nem o Governo leram bem o relatório e contas da "Metro do Porto" que aliás aprovaram. Ou talvez estejam apenas a assobiar para o ar, esperando que ninguém repare como conduziram o metro do Porto à falência técnica.
No momento em que se anima a malta para enterrar a linha do Campo Alegre, o essencial é perceber se nessa altura ainda existirá empresa ou se terá condições financeiras para concluir os projectos da 2ª fase…
As razões que levaram o metro do Porto ao vermelho, com uma situação líquida negativa de 68,7 M€, não se superam com o simples aumento do capital da empresa. Se não terminar a discriminação com que os governos têm sempre tratado o metro do Porto, o espectro da falência regressará sempre.
Investiram-se 2236 M€ na rede mas o Orçamento do Estado, em doze anos, "só entrou" com 136,8 M€, 6,12% do total!
Esperava-se uma comparticipação a fundo perdido (Estado e fundos comunitários) de 43,9% do valor a investir, acabou em 26,2%, um rombo de 40% no financiamento público!
Quanto às indemnizações compensatórias devidas pelo serviço público que presta, o Governo PS entregou em 2008, 11,7 dos 246 M€ orçamentados!
Face ao garrote financeiro dos governos, a rede do metro do Porto foi construída quase integralmente pelo recurso ao crédito. Opção insustentável, não espantando que o endividamento a médio e longo prazo atinja em 2008 mais de 1900 milhões de euros!
Com o tempo torna-se assim mais clara a intenção do Governo PS: manter o subfinanciamento público, (basta ver o PIDDAC/09 e o QREN para confirmar), indemnizar indigentemente o serviço público, permitir a continuada degradação financeira da empresa, justificar, no tempo certo, aumentos dos bilhetes para melhor viabilizar desde já a concessão a grupos privados, no longo prazo a privatização da empresa.
Afinal, é a cartilha neoliberal com que Sócrates acusa a Direita em vésperas eleitorais…