29.3.07

49

O outro josé

A negação do direito de oposição ao governo, a tortura, a censura e a discriminação no emprego existiram exactamente porquê? O próprio Rui Ramos o escreve e explica: “ Salazar e os seus adversários pensavam em termos de guerra civil”.
Ora quem assim pensa, justifica as suas acções de supressão de direitos e liberdades individuais, para assegurar o bem colectivo que entendem primordial e se a maioria do colectivo aceita as premissas, não sente a perseguição e justifica-a. Seja de um lado; seja de outro.

26.3.07

48

Filosofia moral ao quilómetro
Observava Pascal que o que é verdade do lado de cá dos Pirenéus não é necessariamente verdade do lado de lá. O nosso filósofo Pimenta Machado ficou, entre outras famas, famoso por ter adaptado o dito à verdade futebolística. Da verdade por assim dizer política encarregou--se agora outro dos nossos grandes filósofos morais, Francisco Louçã, que celebrou em Salvaterra de Magos um jantar-missa de "solidariedade" com a presidente-arguida Ana Ribeiro, um dos três-autarcas-três bloquistas a contas com a justiça "no" concelho "do" BE, de quem o celebrante, na homilia, após a sobremesa, benzeu, perante 500 fiéis, a política de "justiça e transparência". Como se sabe, o BE tem exigido em Lisboa, em nome da mesma "justiça e transparência", a demissão de Carmona Rodrigues, que não é arguido em coisa nenhuma mas tem dois vereadores sob investigação. A filosofia moral do Bloco é, porém, de curto alcance. Quais Pirenéus! Bastam 50 quilómetros e "verdade", "justiça" e "transparência" do BE mudam magicamente. Ao contrário de Lisboa, em Salvaterra de Magos, pedir a demissão da presidente-arguida já é "baixa política" e é a Oposição a tentar obter (como declama outra filósofa, Fátima Felgueiras) "através da PJ e dos tribunais o que não conseguiu nas urnas"
Manuel António Pina no JN de hoje