2ª Carta Aberta a Renato Sampaio
Porto, 25 de Setembro de 2008
Caro Camarada Renato Sampaio:
Faz hoje quinze dias que lhe escrevi, convidando-o a aceitar dois ou três debates públicos na TV e na rádio.
Não obtive qualquer resposta.
O que só pode significar que, além de ter pouco em conta a cortesia, o Camarada não consegue ter argumentos para nada, nem sequer para se recusar a debater comigo.
Pelo meu lado, continuo a cumprir a minha obrigação, vou insistir.
Destrata-me não respondendo, mas eu vou continuar pois, na verdade, tal não me afecta nada, o que me interessa é que se faça o debate necessário para que PS-Porto se volte a identificar com a região que lhe compete defender, para que volte para onde pertence ou seja para as bases e que deixe de ser um grupo fechado onde V. e mais dois ou três cozinham, mais de acordo com os seus interesses particulares do que de acordo com os interesses do partido e muito menos dos cidadãos.
Eu gostava que V. esclarecesse porque nunca tomou uma posição em defesa da região do Porto em assunto nenhum, como é que nunca abriu a boca quando as dezenas de milhares de milhões dos programas temáticos do QREN foram desviados do Norte para Lisboa, como é possível que o TGV ( se vier a ser feito) não passe pelo Aeroporto F. Sá Carneiro sem V. dizer nada, como é que foi possível com a sua silenciosa aquiescência adiar o avanço das obras do Metro ao contrário do que estava acordado por falta de verbas que no entanto não faltam para o faraonismo das obras públicas lisboetas, como é que tivemos uma redução de 37% do PIDAC na AMP de 2006 para 2007 com o seu voto favorável e dos outros deputados do Porto e sem uma palavra, como é que, ao contrários dos líderes concelhios socialistas da Póvoa, de Vila do Conde, ou de Matosinhos, V. não abre a boca sobre a tentativa de pôr as SCTUS do Porto como as únicas que passariam a pagar portagem… enfim, tantos temas de que só estou a apontar alguns e não aponto mais porque, pelo andar da carruagem, terei de os guardar para a próxima carta, daqui a quinze dias, se V. voltar a não me responder ou continuar a fugir aos debates públicos comigo.
Mas, meu caro, compenetre-se, V. não tem por onde fugir. Não o vou largar e, se com o silêncio, V. quiser insinuar qualquer superioridade intelectual, cultural, política ou de qualquer tipo, só me enche, a mim e a toda a gente, do mais saudável e desopilante riso às gargalhadas. Só conseguirá arvorar a arrogância dos fracos e uma doentia incapacidade para o sentido do ridículo.
Quem é V. para fugir ao debate? Quem é V. para não comentar o que digo? Que devo pensar? Que devo concluir?
Que V. foge porque, pelos vistos, não é capaz de um debate argumentativo nem que pague a peso de ouro o trabalho insistente de muitos explicadores? Que V. não debate, nem comenta, porque não tem argumentos, o seu trabalho faz-se pela calada, nos corredores, entre o aparelho que V. não deveria poder utilizar, distribuindo e negociando um poder que não é seu mas dos portugueses, e tudo nas costas dos cidadãos e dos militantes de base que V. não conhece, não quer conhecer e até despreza?
Não terei razão?
Oxalá que não! É provável que eu não tenha razão!
Venha então a debate, deixe de usar ilegitimamente e à socapa o aparelho do partido para armar a teia do deve e haver dos seus apoios, venha à luta de ideias e de factos, venha esclarecer os cidadãos eleitores, os simpatizantes, os militantes, venha-me esclarecer a mim e a si próprio, que também não lhe fará mal.
Se continuar escondido no silêncio dos cemitérios significa que V. está morto politicamente. É consigo! Mas o partido não está disposto a isso. Nem os cidadãos. Querem estar vivos, querem que os esclareçam, querem que lhes prestem contas dos resultados do emprego do dinheiro com que financiam, com o seu esforço, os partidos e os auto-proclamados “políticos”.
Vir a debate comigo, em público, não é uma opção sua. É uma obrigação a que não pode fugir sob pena de, como sói dizer-se, ficar muito mal na fotografia.
Aguardando mais uma vez uma resposta, endereço-lhe as minhas cordiais
Saudações Socialistas.
(Pedro Baptista)