27.2.10

1790


Publicado por helenafmatos

A cada artigo sobre o Taguspark ou mais propriamente sobre a associação entre Rui Pedro Soares, na qualidade de administrador executivo da PT, Armando Vara, enquanto vice-presidente da CGD, e Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, tornou-se-me cada vez mais presente este verso de Camões: “Errei todo o discurso de meus anos“. Porquê? Porque estou cansada de viver do outro lado. Do lado daqueles que têm de sustentar isto. Do lado daqueles que põem o dinheiro e pagam os consultores, os estudos e as cerimónias para que, como se ficou a saber ontem pelo artigo de José António Cerejo, Isaltino Morais possa ter afiançado ao então presidente da TagusPark, um quadro da mesma Câmara Municipal de Oeiras, que, se antecipasse voluntariamente o termo do seu mandato, seriam tanto ele como os vogais compensados com “indemnizações bastante favoráveis“.
Até à passada semana eu teria reagido a isto muito papalvamente perguntando-me, e quiçá perguntando neste espaço do PÚBLICO, quem pagaria essas indemnizações e mais uma vez faria figura de bota-abaixista, liberal e profundamente ignorante. Pois agora isso acabou. Resolvi que quero fazer parte desse conglomerado político-económico das empresas públicas e participadas pelo Estado. As ligações partidário-empresariais daquelas pessoas e a sua concepção do poder político como a de um facilitador para o exercício da sua particularíssima vocação empresarial, sem conta nem risco, que antes me teriam chocado, agora surgem-me como a luz no fundo do túnel.
Olho  com a admiração que leva aqueles fans histéricos à entradas das estrelas na noite dos Óscares para essa gente que passa do telemarketing para o carro de administrador e que faz negócios e negoceia contrapartidas em que nunca arrisca nada de seu porque no derradeiro momento lá estará o contribuinte a passar o cheque. O que me levou a tão drástica decisão não foi a expressão “indemnizações bastante favoráveis”, embora se os leitores quiserem concluir tal coisa também não me pareça mal. Bem vistas as coisas, o que eu passei a querer é um desses cargos em que, tal como aconteceu no TagusPark, o final dos mandatos dos administradores foi antecipado – custou meio milhão de euros em indemnizações – para entrarem outras pessoas que provavelmente também terão de antecipar o final dos seus mandatos por razões igualmente vagas e serem, por sua vez, elas mesmas indemnizadas também e assim sucessivamente.
O detonador desta minha epifania foi o Plano de Estabilidade e Crescimento, PEC de seu nome. Desde já me recuso a ficar no sítio do costume quando o dito PEC chegar, ou seja, no lado daqueles que trabalham por conta própria e são acusados de nunca ganharem o suficiente para pagar os impostos necessários para sustentar o Estado-empresário, o Estado promotor de novas atitudes, o Estado dinamizador cultural, o Estado educador, o Estado sonhador, o Estado comunicador, enfim o Estado que for necessário ao sustento dessa oligarquia que dantes me repugnava mas onde agora solicito o direito de admissão.
Por outro lado, há que ser pragmático: este território das empresas municipais, das entidades públicas empresariais e participadas pelo Estado, dos institutos não sei de quê e das unidades de negócio é de facto o único que tem o futuro assegurado. E eu, como sou optimista, acho que ainda terei alguns anos de vida pela frente. Logo, resolvi mudar-me de armas e bagagens para o sector empresarial do Estado. Por exemplo, para a Parque Escolar, a qual irá receber os edifícios escolares até agora propriedade do Ministério da Educação. A pessoa que eu fui não só teria muitas dúvidas sobre o interesse público desta operação como defenderia que o Estado atribuísse o valor que gasta na educação de cada criança à escola, pública ou privada, escolhida pelas respectivas famílias. A pessoa que eu fui seria mais uma vez insultada pela oligarquia partidário-empresarial por defender o que dizem ser o “ataque à escola pública”. Pois a pessoa que eu agora sou desde já se declara disponível para integrar essa entidade pública empresarial e, sempre em nome da escola pública, ir contratando por ajuste directo as empresas que fazem as obras nas escolas. E naturalmente ir ganhando o suficiente para poder colocar os meus filhos no ensino privado e livrá-los dos projectos pedagógicos transversais com muita motivação, integração e dinamização que, esses sim, destruíram o ensino público.
Confesso, contudo, que houve ainda um terceiro elemento a decidir-me a dar tal passo. Talvez por deformação académica e profissional, sempre dei muita importância às palavras e quase sem eu dar por isso fui-me deixando seduzir pelo ideolecto desse círculo mágico em que nunca se percebe onde acaba o político e começa o público e onde acaba o público e começa o privado. Por exemplo, nos casos onde os papalvos como eu era até há bem poucos dias falam de tráfico de influências, os membros do círculo só vêem decisões fundamentais e inquestionavelmente justificadas, como aconteceu no Taguspark, pela necessidade de encontrar “uma solução de gestão em completa consonância com a CMO[Câmara Municipal de Oeiras]“. Perfeito, não é? E o que dizer do conhecimento formal versus o conhecimento informal? Nem aquela poesia barroca em que o sujeito lírico provava uma coisa e o seu contrário atingiu este patamar de jogo conceptual.
Aqui chegados ou mais propriamente aqui chegada eu e perante o inexorável de tudo isto e sobretudo face ao ar satisfeitíssimo e próspero de toda aquela gente que vive lá desse outro lado, só posso concluir que Camões tinha razão: “Errei todo o discurso de meus anos“.
*PÚBLICO

1789

A necessidade de apoiar as pessoas atingidas pela tragédia é uma evidência inquestionável.
Mas deve ser questionada o exercício político daqueles que permitiram a criação de condições que para a «tragédia» atingisse as proporções a que chegou.
Que permitiram, ou mesmo incentivaram, construções e intervenções que potenciaram os resultados dramáticos do fenómeno natural.
Que ao longo dos anos ganharam politica, pessoal e economicamente com o que foi feito.
E que, fosse este sítio um País, deveriam ser responsabilizados; também daqui se alcança a necessidade de tipificação do crime urbanístico.

Já agora, talvez valesse a pena controlar a aplicação e destino das verbas canalizadas para a reconstrução e apoio.
É que alguns ganharam e vão continuar a ganhar.
Mas pagar, pagamos todos.


1788

O fim do regime?

Por Vasco Pulido Valente
Os regimes começam a cair pelos seus partidos. Portugal é um exemplo claro. Quando os partidos tradicionais da monarquia constitucional, o Partido Regenerador e o Partido Progressista, perderam qualquer espécie de identidade ideológica e programática, falharam sucessivamente no governo e se desintegraram em facções sem significado e sem destino, a República chegou. E, na República, quando o Partido Democrático de Afonso Costa, depois de 1918, deixou o seu jacobinismo original e passou a ser um conjunto de pequenos ranchos que se guerreavam, nada podia já impedir o 28 de Maio e a Ditadura. Mesmo a Ditadura se desfez, quando Salazar morreu, em bandos de "notáveis" que se detestavam e que pouco a pouco conseguiram paralisar Caetano.
A agonia desta II República, sob que vivemos, também está hoje à vista no calamitoso estado dos partidos parlamentares. O PC há 20 anos que não acredita na revolução e só quer impedir o governo de governar - seja ele qual for: da direita, do centro ou do PS. É um apêndice maligno, que dura contra todo o senso e toda a lógica. O Bloco, que não passa do PC da nova classe média, não serve para nada. Acabou por se tornar num grupo de protesto vociferante e vão, incompreensivelmente instalado em São Bento. E o PS, que Sócrates transformou numa tropa calada e reverente, vai desaparecendo agora, afundado (com razão ou sem ela, não importa) em escândalos de vária ordem e gravidade, e numa crise que não previu e não soube tratar. Como pode ele, sozinho, sustentar o regime?
Quanto ao PSD, Santana Lopes disse ontem que é, literalmente, uma "casa de ódios". Não vale a pena insistir na balbúrdia eleitoral em curso e na irremediável mediocridade dos candidatos. Ou no congresso extraordinário, que se reunirá em Março, ninguém percebeu ainda por quê e para quê. O PSD "precisa de salvação", como explicou Santana? Com certeza que sim. Mas, "precisando de salvação", como se propõe esse náufrago salvar o país? Falta falar do CDS ordeiro e laborioso de Paulo Portas, que não sai e parece que nunca sairá do seu cantinho. Por muitos méritos que lhe atribuam ou que, de facto, tenha, contar com ele não é realista. Na II República já não existem partidos. Existem sombras de partidos, restos de partidos, destroços de partidos. O regime não irá durar muito.

1787






PS/Porto: "Não ficaria triste se José Luís Carneiro fosse eleito líder" - Almeida Santos




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1786


POLÍTICA

Manuela proíbe PSD de propor alterações ao Orçamento


no I

26.2.10

1785

1784


Enfrentado o inimigo às arrecuas

Publicado por JoaoMiranda em 20 Fevereiro, 2010
Linha de defesa nº1: Não há provas de que as escutas existam. Pode ser invenção dos jornais.
Linha de defesa nº2: As escutas existem, mas escutar o Primeiro-Ministro é ilegal
Linha de defesa nº3: Pronto, também existem escutas aos boys do PS. Existem escutas legais, mas divulgá-las é violação do segredo de justiça
Linha de defesa nº4: Tá bem. O caso foi arquivado, as escutas podem não estar em segredo de justiça. Mas divulgar escutas é violação de privacidade
Linha de defesa nº5: Pronto. Eles não discutiam a vida privada. Pode ter interesse público. Se calhar não é violação de privacidade, mas as escutas estão descontextualizadas
Linha de defesa nº6: Ok. Tá bem. Não imagino que contexto é que desculparia aqueles fulanos. Mas que fique claro, isto foi tudo iniciativa dos boys do PS. O Sócrates não sabia de nada.
Linha de defesa nº7: Para alem do mais, todos os partidos fazem o mesmo. E se falássemos do caso BPN?
Linha de defesa nº8: Sócrates? Nunca me enganou. Fez muito mal ao país e ao PS.

1783



Os amigos

por Ana Sá Lopes

SÓCRATES PEDE que não se façam juízos de valor sobre o carácter dos seus amigos, que ele também não faz sobre os amigos dos outros. A mim nunca me apanharão a fazer juízos sobre qualquer criatura a partir dos amigos que tem, porque tento evitar que me caiam juízos em cima por causa das tretas da Vanessa. Ao pé de mim, que ninguém murmure aquele provérbio assassino, o "diz-me com quem andas dir-te-ei quem és". Eu ando com quem me apetecer e não respondo pelas palermices da outra. Sócrates tem todo o direito de ter os amigos (e os primos, evidentemente) que a vida lhe trouxe. Não nos venham pedir contas morais por causa de uns jantarinhos íntimos. Amigos, amigos, negócios à parte, etc.


Dito isto, até a Vanessa percebe que a amizade é um campo fértil em consequências políticas obscenas. Por exemplo, Mário Crespo gostava tanto dos seus amigos sul-africanos que lhe arranjaram um emprego, que se instalou confortavelmente numa televisão da África do Sul, em pleno apartheid, e nem percebeu bem onde estava. Foi Crespo, o próprio, que contou isto à revista do "Sol" há umas semanas - e não, não foi nenhum inimigo dele que fez a confidência num restaurante. Ora os amigos às vezes cegam-nos, tornam-nos irracionais. Alçada Baptista disse uma vez a um amigo meu que a paixão era uma coisa psicótica. Mas existem amizades que roçam um bocadinho isso, o apego desejoso, mitificado na educação sentimental contemporânea. Para os budistas, esse apego desejoso é uma fonte de trevas. Na política e na justiça devia haver sempre um psiquiatra de serviço.

25.2.10

1782



Pedro Baganha 

joãomrt

ponto1


roubadas aqui

1781

MATSINHO? ? ?





Violaram cabra e dono do animal exige casamento

Dois jovens de Matsinho, Gondola, centro de Moçambique, foram apanhados pela polícia a manter relações sexuais com uma cabra e agora os donos do animal exigem indemnização e casamento. O caso está em tribunal.

1780



Um novo blog de Matosinhos.
Benvindo!

1779



Repto:
Queremos que exista em Leça da Palmeira um Roteiro Cultural
Siza Vieira, conhecido Internacionalmente e que atraia estudantes de
Arquitectura de todo o Mundo e que a Casa da Quinta de Santiago
sustente documentalmente esse circuito.

Queremos que se crie uma Sinalética Siza Vieira, própria, para assinalar
as obras do nosso Arquitecto e o itinerário para as suas visitas.

Tudo isto numa terra de Horizonte e Mar… e não é preciso encomendar
Estudos!!!

Saudações Marítimas
José Modesto

24.2.10

1778

Hoje foi um bom dia!


Filipa Cesar

Prémio BES PHOTO

1777

Tão amigos que eles são!
Isto é uma manobra para tentar garantir a vitória do Renato Sampaio sobre outras candidaturas?

Manuel Pizarro, Manuel Seabra e Guilherme Pinto falaram anteontem, a uma só voz, na defesa da antecipação das eleições para a Federação do Porto do PS


no PÚBLICO


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23.2.10

1776


SÓCRATES, FIGO E O CRIME DO PADRE AMARO




DA “IMPOSSIBILIDADE METAFÍSICA” À TEORIA DOS MILAGRES

1775




"Viva la muerte"

Só nos faltava esta: uma ministra da Cultura para quem divertir-se com o sofrimento e morte de animais é... cultura. Anote-se o seu nome, porque ele ficará nos anais das costas largas que a "cultura" tinha no século XXI em Portugal: Gabriela Canavilhas. É esse o nome que assina o ominoso despacho publicado ontem no DR criando uma "Secção de Tauromaquia" no Conselho Nacional de Cultura. Ninguém se espante se, a seguir, vier uma "Secção de Lutas de Cães" ou mesmo, quem sabe?, uma de "Mutilação Genital Feminina", outras respeitáveis tradições culturais que, como a tauromaquia, há que "dignificar".
O património arquitectónico cai aos bocados? A ministra foi ali ao lado "dignificar" as touradas. O património arqueológico degrada-se? Chove nos museus, não há pessoal, visitantes ainda menos? O teatro, o cinema, a dança, morrem à míngua? Os jovens não lêem? As artes estiolam? A ministra foi aos touros e grita "olés" e pede orelhas e sangue no Campo Pequeno. Diz-se que Canavilhas toca piano. Provavelmente também fala Francês. E houve quem tenha julgado que isso basta para se ser ministro da Cultura...

22.2.10

1774

Penso que as questões que tem vindo a ser publicamente suscitadas em redor do PARQUE ESCOLAR, da «privatização» das escolas, da contratação das obras e da forma de adjudicação delas e dos respectivos projectos, merece atenção.
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Para além da petição que está a circular.

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Ler os dois textos publicados no Público de ontem, e transcritos aqui e aqui.

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21.2.10

1773


Bible study in a jesuit college

1772

O PS que fique ciente

Por Vasco Pulido Valente
O primeiro-ministro, por estranho que pareça, anda em campanha no seu próprio partido. Já reuniu o Secretariado Nacional, a Comissão Nacional e o grupo parlamentar; e vai reunir a também os "companheiros de caminho" das "Novas Fronteiras". Tudo isto é mau sintoma: é o sintoma de que ele começa a perder a confiança da gente a que deve o poder. Mas, como de costume, Sócrates fez de mais. Esta despropositada reafirmação de autoridade não o fortalece. Pelo contrário, revela pública e dramaticamente a sua fraqueza. Claro que será sempre apoiado por órgãos que ele mesmo em grande parte formou e que ninguém vai dizer agora o que, de facto, pensa. Quem está contra ele, não levantará um dedo até o ver perdido. Por enquanto, espera em silêncio e segurança atrás da "lealdade" à seita: uma desculpa inatacável.
Tanto para fora como para dentro, o exercício é frívolo. Principalmente, porque Sócrates nem sequer escondeu a sua verdadeira preocupação: a hipótese (de resto, longínqua) de que o PS, com a cumplicidade de Cavaco, o substitua como primeiro-ministro, continuando no Governo. Fora as piedades da praxe sobre a urgência de pensar nos genuínos "problemas" do país (por outras palavras, de não pensar, nem discutir os sarilhos em que ele alegadamente se meteu), a mensagem desta peregrinação às fontes é muito simples: suceda o que suceder, "o líder sou eu". Sócrates nunca se afasta da sua pessoa e do seu destino, que evidentemente confunde com a pessoa e o destino dos portugueses. Não lhe serviu de emenda o desastre a que essa obsessão pouco a pouco levou.
Foi o ilimitado ego que Deus lhe deu que o provocou a uma guerra com os média, inteiramente nociva e desnecessária. E que, no fundo, explica o desprezo e a fúria com que trata o mais leve obstáculo à sua vontade. Na gabarolice simplória de provinciano como no desrespeito pela oposição, no insulto imperdoável e gratuito como na fantasia de que é uma pura vítima da mentira e da calúnia, há invariavelmente um ponto comum: a ideia de que Sócrates não é comparável à multidão de metecos da política indígena. Que um belo dia os metecos se fartassem dele não lhe passou pela cabeça; e muito menos que pedissem um socialista qualquer mais suportável para o lugar dele. Ele é o líder, o líder sem substituto concebível. Ele é o único Sócrates de Portugal e do universo. O PS que fique ciente.