D. JANUÁRIO TORGAL FERREIRA
"Estamos a rebentar com a democracia"
Bispo das Forças Armadas alerta partidos sobre medidas de austeridade que aprofundam as desigualdades
"Tenho receios, estou muito preocupado. Somos capazes de estar a rapar o tacho e de não haver nada no fundo, só alumínio", disse ao DN, o Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, quando questionado sobre as repercussões sociais das medidas de austeridade decretadas pelo Governo.
"A minha preocupação é que sejam os mais frágeis a serem vítimas de critérios que não deveriam atingi-los. Os critérios deveriam ser proporcionais aos que ganham mais, aos que têm funções mais importantes, mais benesses, uma casa melhor...que mudam de carro quase todos os anos, que fazem viagens todos os meses....e passo o exagero de tudo isto... mas esses é que deveriam ser taxados", reiterou ao DN no final da cerimónia comemorativa do 58º aniversário da Força Aérea Portuguesa que decorreu hoje no Funchal e que contou com a presença do Ministro da Defesa Nacional, Augusto Santos Silva.
Instado a explicar afinal quem são esses que "devem ser taxados", o Bispo das Forças Armadas foi directo: "Nós sabemos quem são! Não estou a ser um denunciador. Estamos numa sociedade democrática e, felizmente, não há poderes ocultos" sublinhou. Para D. Januário Torgal Ferreira "é necessário haver alternativas aos critérios de austeridade que nos são pedidos. Espero que os partidos tenham voz e decisão e que não permitam aquilo que não deve ser permitido pela democracia. As desigualdades têm ser vencidas e se a cura de uma crise vem aumentar essas desigualdades, então estamos a rebentar com a democracia", alertou.a