A decência, finalmenteA notícia agitou no fim-de-semana a habitualmente pacata (hoje é um daqueles dias em que, como no soneto de Bocage, me acho mais pachorrento) comunicação social portuguesa. O Estado, através da Agência de Modernização Administrativa, decidiu modernizar administrativamente as meninas da Loja do Cidadão de Faro e proibiu-as de usar saias curtas, decotes, saltos altos, perfumes "agressivos" (acho bem, perfumes armados e perigosos deviam estar sob a alçada da lei das armas; e sei do que falo que já tenho sido espoliado até por águas de colónia) e roupa interior escura. Descontando as cuecas e os "soutiens", reservas ecológicas onde o Estado talvez devesse, mas que sei eu?, abster-se de edificar, o resto, juntamente com os processos a jornalistas, é já, tudo o indica, o primeiro passo da política de decência da sociedade portuguesa anunciada no Congresso do PS. Tinha que se começar por algum lado e começou-se pelas saias e decotes, que era o que estava mais à mão (salvo seja). A corrupção, o tráfico de influências e o enriquecimento ilícito que ponham as barbas de molho; um dia chegará a sua vez. |
13.4.09
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