17.12.10

2310




Ao serviço do poder

Anda por aí algum jornalismo (ou coisa parecida, cujo nome o Dicionário da Academia ainda não regista) incomodado com as revelações trazidas a público pela WikiLeaks, que boa parte dos média onde tal coisa-jornalismo é dominante procura, por todos os meios e em nome de agendas políticas próprias, ocultar ou desvalorizar. Umas vezes ignorando-as, outras, inviamente, divulgando só o que, nelas, é coscuvilhice ou insignificativo, ou então esgravatando nas suas circunstâncias, em especial nos "prejuízos" que delas eventualmente poderão resultar, e deixando de lado o seu sórdido conteúdo.

Para os abundantes profissionais da coisa-jornalismo, a verdade é um objectivo antiquado, a não ser que seja conveniente. Move-os antes o critério, político por natureza, da oportunidade e até desenvolveram uma coisa-ética "ad hoc" para o justificar. No caso, que o jornalismo deve esconder os "segredos" dos estados e dos governos, mesmo quando eles mintam ou actuem à margem da lei, e que o direito à informação dos cidadãos, o seu direito a serem informados - marca de água dos regimes democráticos, de que as garantias dos jornalistas e a própria liberdade de informação são instrumentais -, deve ficar à porta das verdades inconvenientes ou inoportunas (que os próprios, mais estados e governos, definem).
Bons (e velhos) tempos em que o jornalismo era o "watch dog" do poder político e não o seu mastim.

Sem comentários: