14.6.10

2096




A inevitável estátua

"Os sacrifícios devem ser repartidos de forma equitativa e justa", disse o presidente da República em Faro no discurso do 10 de Junho.

Trata-se do género de frase que fica bem na peanha de uma daquelas estátuas em que o herói, hirto, estende o braço apontando o caminho aos mortais comuns.
Não será surpreendente que, daqui a uns anos, quando a memória dos dias presentes e dos passados próximos se tiver diluído, Cavaco tenha algures uma estátua dessas e que a frase lá esteja, brônzea.
Porque então já ninguém se interrogará acerca do estranho sentido que o actual presidente dará a palavras como "equidade" e "justiça".
De facto, quem se recordará nessa altura de que Cavaco apoiou uma repartição de sacrifícios decretada por sucessivos PEC pondo pobres, desempregados, pensionistas e trabalhadores a pagar uma crise que encheu os bolsos dos principais responsáveis por ela?
E quem se lembrará ainda (se até o próprio parece tê-lo entretanto esquecido) do modelo selvagem de crescimento que impôs ao país quando foi primeiro-ministro, assente precisamente no aumento das desigualdades sociais e da pobreza?

1 comentário:

paulo disse...

Olhem para o que eu digo, não olhem para o que eu fiz!
É esta a postura do nosso presidente da República e de alguns ex- ministros que pertenceram a anteriores governos.
Eu não só olho para aquilo que eles dizem, mas também olho para aquilo que eles fizeram ao nosso país.
Não me posso esquecer da destruição do nosso aparelho produtivo, o abate de barcos de pesca, arruinando a nossa indústria pesqueira, não me esqueço do celebre PAC(Politica agrícola comum), em que pagaram aos agricultores para não produzirem, nem me esqueço da destruição da Siderurgia Nacional,(são só alguns exemplos).Agora o Presidente da Re publica e alguns ex-ministros de governos que há 33 anos se vêm submetendo às ordens do capital, andam muito atarefados, marcando reuniões, participando em debates, tomando o papel de comentadores políticos, armados em defensores da Pátria, lançando sugestões para o futuro, que não passam de remédios receitados no passado, ou seja penalizar e sacrificar ainda mais os trabalhadores e o POVO!