19.5.11


Estatísticas: Duas gerações ‘à rasca’ de trabalho

84,5 mil doutores sem emprego

Ser um jovem licenciado em Portugal é cada vez mais sinónimo de estar desempregado. Os dados do INE ontem revelados mostram que a taxa de desemprego jovem já atinge os 27,8 por cento.
Em cada grupo de dez portugueses entre os 15 e os 24 anos, há três que não têm emprego. Desempregados com licenciatura já são 84,5 mil. A esta ‘geração à rasca’ junta-se agora outra que parece demasiado velha para conseguir emprego mas muito nova para a reforma: as pessoas com mais de 45 anos representam 30,3 por cento do total de desempregados no País.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) colocam a taxa de desemprego em Portugal nos 12,4 por cento no primeiro trimestre de 2011, um máximo histórico que, contudo, não pode ser comparado devido à alteração de metodologia na recolha dos dados. O valor é, de qualquer modo, elevado e mostra que há agora duas ‘gerações à rasca’ no País. Se somarmos os jovens sem trabalho aos desempregados com mais de 45 anos, temos 332 mil desempregados de duas gerações diferentes em Portugal. É praticamente metade de toda a população desempregada.
A agravar este cenário, há ainda o facto de mais de metade dos portugueses sem trabalho estarem nessa situação há mais de um ano .
Em termos geográficos, o Algarve lidera, com uma taxa de desemprego de 17 por cento, seguido da Madeira, com 13,9 por cento, e de Lisboa, com 13,6 por cento de população activa desempregada. Também o Norte, com 12,8 por cento, e o Alentejo, nos 12,5 por cento, ficam acima dos 12,4 por cento da média de Portugal estimada pelo INE.
Os 12,4 por cento de taxa de desemprego registada no primeiro trimestre deste ano colocam em risco a previsão do ministro das Finanças. Teixeira dos Santos afirmou, durantea apresentação das medidas da troika (BCE/FMI/CE), que a taxa de desemprego deveria chegar aos 13 por cento no final de 2013. Ao ritmo a que se tem verificado o crescimento do número de desempregados, há uma forte probabilidade de chegar aos 13 por cento já este ano.
NÚMEROS NÃO SURPREENDEM GOVERNO
O secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, disse ontem que o aumento da taxa de desemprego "estava dentro das expectativas", ressalvando que "o contributo mais significativo foi de pessoas que não estavam à procura de emprego e que agora estão".
"O contributo mais relevante foi dado pelos fluxos da passagem de inactivos para a situação de desemprego", afirmou o governante, acrescentando estar "preocupado com a alta taxa de desemprego" ontem divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística.

Sem comentários: