18.5.11




Os homens das "mudanças"

Nos dias que correm, com o país (ou a parte dele visível nos jornais e nas TVs) de olhos esbugalhados postos no pós-5 de Junho, a conjunção que mais vezes por aí se pronuncia nos discursos políticos é a subordinativa condicional "se".

O que não deixa de ser singular, tendo em conta que, sob a forma de memorando, a oração principal e seus sujeitos (FMI, BCE e UE), predicados e complementos não dependem da verificação de qualquer condição. Talvez por isso, o "se o PSD vier a formar governo" e o "se eu vier a ser primeiro-ministro" de Passos Coelho têm, de preferência, condicionado matérias da governação mais adjectivas que substantivas.
Recentemente foi essa coisa misteriosa que vem nas últimas páginas dos Orçamentos e dos programas eleitorais dos partidos e é de uso designar por "cultura" (no programa do PSD começa na página 253, imediatamente antes do "desporto" como nos jornais).
Parece que, no seu afã de "Mudar Portugal", Passos Coelho se prepara (tinha que começar por algum sítio) para, "se" o PSD ganhar as eleições, mudar o Ministério da Cultura do Palácio da Ajuda para uma arrecadação no nº 4 da Rua da Imprensa à Estrela onde, longe dos olhos dos tutores da "troika", se lhe dedicará pessoalmente.
Tantas vezes seduzida e abandonada, a Cultura encontrou finalmente alguém que tomará conta dela "de forma sustentada" e a fará (programa dixit) "cumprir integralmente o seu potencial". "Se"...

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