10.12.09

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"Normalidade" parlamentar

Quando for finalmente publicada uma antologia das tiradas parlamentares mais insólitas, o deputado Ricardo Rodrigues terá um capítulo só para si.

A imprevisibilidade do agora vice-presidente da bancada do PS é tal que já se tornou previsível que, mal se levanta para falar, diga alguma coisa imprevisível.
A última foi um pedido de intervenção "preventiva" do presidente da República para impedir as oposições de… votarem contra o Governo, já que isso poria em causa o "normal funcionamento das instituições".
A questão não é tanto a do voto, mas a de esse voto não ser, como nos gloriosos anos de maioria absoluta, um mero voto de vencido. Desses anos, o deputado guarda ainda a melancólica memória do que é a "normalidade" parlamentar. O Parlamento deve dizer sempre ámen ao Governo, e assim é que exercerá a função fiscalizadora que a Constituição lhe atribui.
Um Parlamento com vontade própria, que faz leis que o Governo executa em vez de se limitar a aprovar leis feitas pelo Governo, não é um Parlamento "normal". Por isso, é perfeitamente "normal" que seja chamado à pedra pelo presidente da República.

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