9.12.09

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Angústia e regabofe

O desemprego e o défice público não param de crescer em Portugal. É um Estado que se afunda e arrasta consigo os cidadãos para o abismo. Tendo atingido já o número assustador de 10%, o desemprego em Portugal continuará a agravar-se. Quinhentos e cinquenta mil portugueses capazes, com competências profissionais, que poderiam gerar riqueza, não só não a produzem, como consomem recursos ao país e estão encostados. Mas, mais grave, há 200 mil concidadãos nossos que nem sequer recebem subsídio de desemprego e, portanto, estão à mercê da caridade familiar e das instituições.
Imagino a angústia de quem, no pleno vigor da sua vida física e profissional, se levanta de manhã sem saber como gastar o tempo. Sobra o tempo, falta o dinheiro e a depressão instala-se. Não há como comprar medicamentos e até alimentação. As dívidas acumulam-se. As crises familiares são uma consequência comum, pois em "casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".
A sua aflição só pode aumentar quando, ao verem as notícias, os desempregados se apercebem que a classe política anda apenas a tratar de vida, a alimentar negociatas, a dar empregos à malta do partido, a fugir à justiça… em suma num regabofe.
E o custo deste regabofe para a engorda de alguns está bem patente no despautério das contas públicas. Com um défice orçamental de cerca 9%, o Estado português está a ficar em muitos maus lençóis. Até porque um défice desta dimensão face ao Produto Interno Bruto representa na realidade um buraco, no próprio Orçamento, de cerca de 20%. Seria como se um cidadão que ganhasse mil euros gastasse, todos os meses e ao longo de anos, 1200. Já se antecipam aumentos de impostos, numa economia exangue. As empresas não suportam mais encargos, encerram e o desemprego aumenta. À custa da destruição da restante actividade económica, prosperam apenas os empresários apadrinhados pelo regime, construtores e banca.
E enquanto o estado caminha a passos largos para a bancarrota, nos debates parlamentares intriga-se, discute-se a vida privada do chefe do Governo, coscuvilha-se. Nada do que se fala tem a ver com a vida real dos portugueses. Os políticos entraram num registo de realidade virtual. Tal como na queda do império romano, já estavam os invasores à porta de Roma, enquanto no Senado ainda se discutia o sexo dos anjos.

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