Impoluto ou ainda menos
Exagerada ou não, a notícia da morte política de Sócrates teve um efeito esclarecedor: fez sair precipitadamente da toca um inquietante naipe de candidatos e nem por isso à sua sucessão. "Uns de finos modos,/ outros só por desprazer", e quase todos notáveis por não lhes ser conhecido qualquer tipo de pensamento próprio ou distinto do pensamento venerador e obrigado dominante no actual PS.
Um dos mais ruidosos, sobretudo depois da entrevista ao "Expresso" a pôr-se na "pole position", é o ministro dos Negócios Estrangeiro, Luís Amado. Ao que "Público" noticia, o seu nome já em Maio terá estado em cima da mesa de "dirigentes do PS, outras figuras políticas e empresários" que discutiram a substituição de Sócrates (que raio fariam "outras figuras políticas" e "empresários" no debate de uma "alternância de Governo interna ao PS"?).
Amado preenche o modelo de político em voga nos tempos medíocres que vivemos,"é bonito, apresenta-se bem,/ parece que tem/ uma face morena". Resta saber o que o distinguirá de Sócrates além do alfaiate e se corresponderá ao que, segundo os jornais, o PS procura: "uma figura que [seja] uma referência do partido e [tenha] um perfil impoluto e fortes convicções democráticas e éticas". Não me admiraria se Amado fosse "uma referência" do PS mas, depois do episódio Carrilho e de tudo o que o antecedeu, duvido que possa ser eleito o "perfil impoluto" e "ético" do ano.
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