15.11.10

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Cheira a carniça

Como a raposa da fábula que, "crendo que era algum bago,/ volta depressa o focinho", mal Luís Amado pediu uma coligação na primeira página do "Expresso" o CDS deu logo um passo em frente oferecendo-se para um "governo de salvação nacional" com o PS e o PSD mas... sem Sócrates. E, sobretudo, sem eleições, pois poderia acontecer o estúpido povo dar de novo a maioria a Sócrates. (Na mesma página, ao lado, noticia-se que "10 desempregados perdem o subsídio a cada hora", mas nisso o CDS não reparou, porque o CDS não se preocupa com desempregados, beneficiários de Rendimento Social de Inserção e outros madraços).

A crer no "Público", também a "esquerda do PS e figuras do soarismo procuram alternativa a Sócrates", desta vez para um "Governo patriótico". A dificuldade estará, parece, em "encontrar uma figura que [seja] uma referência do partido e que [tenha] um perfil impoluto e fortes convicções democráticas e éticas". Convenhamos que é, de facto, pedir muito. Isso não impede, porém, que, enquanto Ana Gomes e João Proença, da UGT, clamam por uma remodelação do Governo, todos os dias apareçam novos putativos candidatos ao lugar de Sócrates. Só que, como no CDS, também por aqui ninguém quer ir a votos.
Há um cheiro a carniça no ar, e todo o tipo de passarada necrófaga paira (alguns, como Amado, já mergulham em voo picado) sobre os despojos. Só o povo não é, pelos vistos, para aí chamado.

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