14.2.10

1736

Um texto do RUI VIANA JORGE


Revisão da História recente da Pátria Lusa

Chegados a este estado de coisas, talvez não fosse mau relembrar a algumas cabeças e a alguns cabeçudos como chegamos aqui.
Em 25 de Abril de 1974, a rotura com o regime (ditadura) existente, pretendeu acima de tudo, restituir a liberdade e dar dignidade ao mundo de trabalho.
Direitos liberdades e garantias, a par da autodeterminação e independência dos povos por Portugal colonizados, tarnaram-se prioridades absolutas.
Quem toda a vida lutou por estes objectivos, deu a cara e o corpo. Os outros os que sempre lutaram para que as coisas não fossem assim tão más, apanhou um “cagaço” de todo o tanhanho.
Por isso trataram de fantasiar a verdade dos seus objectivos com socialismos de rosto humano e não sei quantos mais adjectivos que só serviam para mascarar as suas intenções. Assim nasceram o PSD e o CDS que nos seus primeiros estatutos se raclamavam de socialistas.
Estavam enganados e não tinham precisado de tanta hipocrisia se conhecebem bem os objectivos do PS.
Vejamos então como correram as coisas:
A estrema esquerda fazia ocupações selvagens e arbitrárias  e logo aparecia o PS a acusar o PCP de as fazer;
O PCP opunha-se a algumas greves sem razão de ser e logo o PS acusava o PCP de estar contra os trabalhadores;
O PCP apoiava( e apoia) a reforma agrária e logo o PS saía em defesa dos grandes agrários que tinham as terras abandonadas;
A CGTP fortalecia-se e logo aparecia a carta aberta do sr. Gonelha dizendo que ia partir a espinha á intersindical, com aplauso de toda a direcção do PS.
Não descansaram enquanto não dividiram o movimento sindical com o aparecimento da UGT, enfraquecendo assim o mundo do trabalho; claro que tudo isto com o nobre sentimento de construirem um movimento sindical verdadeiramente livre, sem ser a correia de transmissão do PCP, escamoteando que na CGTP militavam e continuam a militar milhares de elementos do Partido Socialista, e esquecendo-se de dizer que a UGT, essa sim nasceu dentro das paredes do PS.
Muito cedo o PS e toda a direita Portuguesa perceberam que não conseguiam conter sózinhos este avanço democrático. De intentona em intentona, rápidamente entenderam que sem o apoio do resto da Europa não atingiam seus objectivos.
Nada melhor do que entrar para a CEE, de joelhos beneficiando assim de fundos que ao mesmo tempo disfarçava os seus intentos, obtendo fundos que serviriam para disfarçar o desmantelamento do mundo do trabalho que tanto os assustava.
Alguns dados para melhor se compreender o que digo;
Portugal produzia nessa altura cerca de 75% dos productos alimentares que consumia. Hoje produz uns escassos 20%. Importando o resto.
Tinham assim estes democratas de meia tijela oportunidade de derrotar a referida reforma agrária recebendo de mão beijada em dinheirinho o que se devia cá produzir.
A metalicomecânica pesada que possuiamos, prestigiada em todo o mundo tinha um defeito inaceitável: possuia uma célula de trabalhadores fortíssima que lhes dava água pela barba, alinhada ideologicamente com o PCP.
Percebe-se porque rápidamente foi desmantelada.
Nas pescas com tanta ZEE (tanto mar) e tanta comidinha e trabalho teria que ser feito um esforço para a desmantelar. Nada melhor que pagar o abate dos barcos em que ingenuamente os trabalhadores do sector embarcaram.
Depois são minudências, como o revogar o decreto (Vasco Gonçalves) que definia os trabalhadores como primeiros credores da massa falida em caso de falência de uma empresa.
Criar recibos verdes para os patrões poderem argumentar com despedimentos sem justa causa e fugiram as suas obrigações sociais. ETC.
E como o arrazoado já vai longo ficar-me-ei por aqui, prometendo dar á estampa mais alguns pormenores.
UMA COISA É CERTA: em tudo isto se encontra a mãozinha do PS.
Quando o Ex director da CIA se torna grande amigo de Mário Soares, sabia bem o que estava a fazer.
De resto, é tão verdade o que digo, que não se vê ponta de indignação por todo o PS pelo que agora se lá passa.
Contráriamente a muitos eu acho que este é o verdadeiro retrato genético do PS.
Deste e de todos os PS(s) que povoam  nossa EU.
Parafrazeando Fidel Castro;
A história dar-me-á razão.

ruivianajorge@kanguru.pt

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx


leitura sugerida:




3 comentários:

A Chalandra disse...

Exactamente. O PS sempre teve uma linha política dúplice e hipócrita. Uma retórica de esquerda quando estava na oposição e um alinhamento com a direita contra os trabalhadores quando se apanhava no Governo. Mas agora com Sócrates até essa máscara caiu. a descredibilização dos partidos do centrão é total e só se aguentam no poder através do controle e manipulação das televisões, com opinadores e comentadores escolhidos a dedo.

Anónimo disse...

Li e reli o texto do Rui Viana Jorge e apetecia-me acrescentar mais alguns factos, factos que iriam contra ao que os propsgandistas de serviço ao longo destes anos têm divulgado e, com êxito, manipulado as consciêcias. Hoje estamos num pântano económico e social, mas também ético. Mas isto não se resolve com a mudança do actor principal, até porque não o é, mas com a mudança de toda a política que até aqui nos conduziu.
O "engº" aparece como actor principal, o caminho deve ser a rua passando a ser um sem abrigo na política, mas quem escreve a peça toda são os grandes grupos económicos e financeiros. Os "Vampiros" estão cada vez mais insaciáveis.

Jose Castro disse...

É preciso dizer que apenas uma edição foi publicada (que esgotou). E nunca mais se ouviu falar deste senhor.

Por outro lado, os proclamados incautos da democracia (Pacheco Pereira, Manuel Alegre, entre outros) que se enchiam de Tucídides e Herculano, prostram-se agora aos benefícios desses excessos.

Que concluir?
O regime e o tempo "habituador" desvirtuam qualquer um (político).

Salve os Barretos e os Cravinhos. Salve os afastados coercivamente.