23.10.09

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Concelhia do PSD retira apoio a José Guilherme Aguiar

Actual líder da estrutura diz que autarca agiu sem respeito pelo partido e num acto de desespero


CARLA SOARES

Clarisse de Sousa, líder do PSD em Matosinhos, criticou, ontem, quinta-feira, José Guilherme Aguiar por aceitar um pelouro no âmbito do acordo com o PS. Acusado de agir "sem respeito pelo partido", o autarca fica sem o apoio da Concelhia.
Questionada pelo JN sobre o entendimento entre Guilherme Aguiar, candidato derrotado do PSD, e Guilherme Pinto, socialista que perdeu a maioria absoluta na Câmara, Clarisse de Sousa não poupou críticas. "Não concordamos com este acordo e até o desconhecemos. Se existe, foi feito à margem do partido", afirmou, lembrando que Guilherme Aguiar "foi convidado pela Comissão Política". Perante a pesada derrota da Direita, diz que "a obrigação dele era assumir uma oposição firme e responsável". E "fazer um acordo nunca esteve na cabeça de ninguém no partido", assegura. Além disso, "foi candidato numa lista do PSD, não de independentes", recorda, estendendo o recado ao vereador Nélson Cardoso.
Clarisse de Sousa diz assumir as suas responsabilidades e não irá recandidatar-se à liderança, a 21 de Novembro. Mas diz-se certa de que quem a irá substituir "também não concordará com o acordo" e "retirará a confiança política" ao autarca, uma vez que "ele não respeitou o partido". A propósito, diz ver "com bons olhos" a candidatura de Pedro Vinha da Costa à Concelhia. O JN tentou, ontem, falar com este social-democrata, mas sem sucesso.
Pelo PSD/Porto, Marco António Costa, que também vai a votos no próximo mês, escusou-se a tecer comentários. "Que eu saiba, a Distrital não concorda", atirou Clarisse. Mas Guilherme Aguiar afirmou, na véspera, ter "total cobertura" daquele dirigente.
Seja como for, a Concelhia considera que Guilherme Aguiar devia assumir o mau resultado em vez de fazer acordos num "acto de desespero". "É o poder pelo poder", resume, notando que, "se temos uma derrota estrondosa, não podemos vender-nos por meia-dúzia de lentilhas". "Se fosse ele, tinha vergonha e ia embora para Gaia. Foi a maior derrota desde o 25 de Abril", rematou.
A Distrital do CDS não reagiu ao acordo, mas o líder da Concelhia, Paulo Coutinho, fez saber que concorda. Recordando que "é a primeira vez que o PS não tem maioria absoluta", nota que o entendimento "beneficiará o concelho" e "não significa estar a ceder". Além disso, dará "visibilidade" às posições da Direita. A propósito, diz que "Sá Carneiro também defendia que primeiro está o país e depois está o partido". E, neste caso, "primeiro está Matosinhos".

no JN

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