5.7.11




Novas do Calvário

O alvoroço das confederações patronais na disputa dos despojos da primeira fatia da descapitalização da Segurança Social encetada, apesar de todas as promessas eleitorais, pelo Governo de Passos Coelho seria patético se não fosse indecoroso.
O memorando da "troika" impõe uma redução, até final de Julho, a TSU (Taxa Social Única, contribuição dos patrões para a Segurança Social, actualmente de 23,75%), que o PSD, em campanha eleitoral, anunciou como podendo ir até 4 pontos percentuais. Para "compensar" os 1600 milhões que assim passarão da Segurança Social para o bolso dos patrões, Passos Coelho decidiu ir buscar, através de um imposto extraordinário equivalente a 50% do subsídio de Natal, 800 milhões ao bolso de trabalhadores e pensionistas e fazer ainda umas "acomodações" a anunciar na despesa do Estado (que não é difícil adivinhar sobre quem recairão).
Ora tão fácil bolo parece ter feito perder a cabeça ao patronato, com a CIP, por um lado, e a CCP, por outro, a puxarem ontem pelo casaco do Governo de dedo no ar: "A mim! A mim!". Cavalgando a maré neoliberal, a CIP reclama, não 4 pontos de redução, mas mais do dobro (8,75 pontos, isto é, uma redução de quase 40% na TSU), e apenas para a indústria; só que a CCP não se cala e exige, pois ou há moralidade ou comem todos, uma parte também para o comércio.
E se fizessem como os soldados romanos com a túnica de Cristo e deitassem à sorte?

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