19.7.10

2202




Uma noite há nove meses

Quando, há um ano, Sócrates, já em campanha, prometeu que o seu Governo abriria uma conta de 200 euros para cada bebé, um estremecimento erótico (toda a gente sabe que o dinheiro é o melhor e mais lubrificante amigo dos amantes) percorreu o país do Minho ao Algarve (ou "Allgarve" ou lá como aquilo se chama agora). E, na noite eleitoral, mal se confirmou a vitória do PS, desligaram-se os aparelhos de televisão e apagaram-se as luzes da sala de jantar em milhares de lares, começando a chiar por todo o lado as molas dos colchões. Os portugueses metiam-se afanosamente ao trabalho, entusiasmados com a ideia de terem um filho rico. Afinal foi trabalho em vão e mais lhes valia ter ficado a ver a telenovela. O Governo, pela voz do ministro da Presidência e das más notícias, acaba de anunciar que a medida será "recalendarizada", o que, em português comum, significa que a palavra-chave da tal "Conta Poupança Futuro" era "futuro" e não "conta" ou "poupança". Uma coisa é certa: a geração do "baby-boom" resultante daquela noite histórica será mais céptica em relação a promessas eleitorais que a dos pais.

1 comentário:

Um lavrense vivo disse...

Seja bem vindo, sexta-feira não estava cá.Fiquei estupfacto, mas acabei por ler o artigo no JN.
Sobre este artigo, acho, que se deve aos bancos que só aceitam o minimo para abrir conta mais de 200€!...

Um Lavrense atento