17.7.09

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Quem cala consente?

Jardim tem um mérito: diz o que pensa. O pior é que pensa o que diz. Como muita gente que correu a comprar uma casaca democrática após o 25 de Abril, tem a sorte que outros portugueses não tiveram: pôde dizer o que pensava e ocupar cargos nos ominosos tempos do "Estado Novo" porque pensava em conformidade com ele e pôde continuar a fazê-lo depois porque outros lutaram e morreram pela sua liberdade de expressão. A sua proposta de proibição do Partido Comunista é, pois, coerente. Como seria coerente se propusesse a criação de um Tarrafal na Madeira para os comunistas. Menos coerente é o silêncio da Direcção do PSD perante o que Jardim diz. A mesma Direcção que tem "lapsus linguae" como o de "rasgar" as políticas sociais e privatizar a Segurança Social e o SNS ou de "suspender" a democracia e que, depois, caindo em si, recua. Como no poema de Niemoller, estas coisas começam sempre pelos comunistas e nós, como não somos comunistas, ficamos em silêncio; depois vêm os sindicalistas, os homossexuais, quem sabe?, os judeus, até que chega a nossa vez; e já não haverá ninguém para levantar a voz.

2 comentários:

Guilherme Tell disse...

O silêncio do PSD nesta matéria é altamente comprometedor. Incrível como estes deslizes para o regime ditatorial de uma direita que se diz moderada não tem praticamente qq repercussão no eleitorado. Assobia tudo para o lado.
O Alberto João é impecável... Com quem alinha com ele, o resto são comunistas logo deviam ser proibidos de existir.

Anónimo disse...

Na ilha da Madeira
Não é gente parvinha
Percebe o Presidente
Não se revê laranjinha

É um pobre coitado
Consegue sobreviver
Mas é mal-educado
O que se pode fazer

Um Matosinhese Atento.