A mais curiosa característica do PS será, talvez, esta: quando está na oposição é um partido de esquerda, quando está no governo transforma-se no PSD. Habitualmente, por isso, a escolha dos eleitores faz-se entre o PSD normal e o PSD do Largo do Rato.
A estratégia do PS é interessante sobretudo porquanto dificulta o trabalho do PSD: quando estão no governo, os sociais-democratas enfrentam um opositor feroz que considera vergonhosas as suas políticas; quando está na oposição, o PSD tem de inventar discordâncias com um governo que é extremamente parecido com o seu.
O problema das listas do PS é que parecem desenhadas para compor a bancada socialista quando está na oposição. É verdade que, somados, os partidos à esquerda no PS tiveram, nas últimas eleições, mais de 20% dos votos, e é natural que os socialistas queiram recuperar alguns desses eleitores. Mas, na eventualidade mais ou menos remota de o PS ganhar as legislativas, terá a bancada parlamentar minada por gente que não costuma apoiar o PSD do Largo do Rato. Um putativo governo do PS terá maioria nas urnas, mas não no seu grupo parlamentar. Lá divertido vai ser.
Ricardo Araújo Pereira na VISÃO
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