12.8.11




Os "uns" e os outros


A redução da TSU das empresas é a panaceia com que o Governo pretende resolver quase todos os problemas económicos (e, por arrasto, financeiros) do país, do crescimento ao défice, este através do aumento miraculoso das exportações. Como anteriores panaceias, a universalidade da mesinha é mais "universal" para uns (os mesmos de sempre) do que para outros (também sempre os mesmos).
Dados do Governo e Banco de Portugal apontam para que os maiores beneficiários da coisa sejam, de novo, bancos e seguradoras (que raio exportarão os bancos e as seguradoras?). A conta irá ser paga pela Segurança Social e, tudo o indica, pelo aumento do IVA nas taxas reduzida (alimentação, água, electricidade, transportes, medicamentos, etc.) e intermédia (combustíveis, energias alternativas, alfaias agrícolas...); a taxa máxima mantém-se e, entre outros, não serão afectados (podemos sossegar) os artigos de luxo.
A descida da TSU representará, assim, uma transferência de parte dos rendimentos que os portugueses destinavam (os que ainda o podiam fazer) a bens de primeira necessidade para, fundamentalmente, os bolsos dos accionistas das grandes empresas (já antes isentos dos "sacrifícios para todos" do imposto extraordinário), financeiras à cabeça.
Espera o Governo que, aumentando os lucros dos "uns", estes investi-los-ão. Resta saber se o farão na produção de bens e na criação de trabalho se em "offshores" e ostentação.

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