26.11.10

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O rigor é muito bonito

O ministro da Economia declarou em Bruxelas (lugar apropriado para declarar coisas) que a greve geral "não foi obviamente uma greve geral, foi uma greve parcial". O ministro tem em elevada consideração certas palavras, entre elas a palavra "geral", e custa-lhe vê-las desrespeitadas por falantes sindicalistas comuns; ora, como não fizeram greve os 10 milhões de portugueses, mas só alguns (3 de 4,9 milhões de trabalhadores, segundo os sindicatos), a greve não pode "obviamente" ter sido geral. Aliás, mesmo que 9 999 999 portugueses tivessem faltado na quarta-feira ao trabalho, à escola, ao infantário e ao centro de dia, bastaria o próprio ministro estar, como estava, em Bruxelas a trabalhar afanosamente numa tal "reunião dos ministros responsáveis pela Competitividade" para (q. e. d.) a greve não ser geral.

Já a ministra do Trabalho, talvez menos dada à semântica, optou pelo rigor estatístico e, dirimindo as dúvidas sobre a adesão à greve na administração pública, esclareceu que a coisa andou entre 5% e 95% (podia ter dito entre 0% e 100% mas não quis ser rigorosa de mais).
O Programa de Governo do PS prometia "uma governação de rigor, competência e responsabilidade". Apesar do lapso de 587 (ou seriam 437?, ou 1,8?) milhões do ministro das Finanças no Orçamento, "rigor", pelos vistos, há. Só já faltam (mas há tempo, a legislatura ainda vai no início) "competência" e "responsabilidade"

1 comentário:

Livre Pensador disse...

realmente, a greve numca é a 100%. Mas o mal deste governo é a ser constituido por pessoas que fizeram as novas "oportunidade"... logo alguma dificuldade em fazer certas leituras.
Um Lavrense atento