25.11.10

25 de Novembro sempre?


Coronel louvado suspeito de burla

Jaime Neves comprava material de manutenção para o Exército a preços elevados para favorecer amigos. Militar recebe 3700 euros de reforma


Comprava candeeiros, lençóis e colchões a preços muito elevados para favorecer a empresa de alguns amigos e, em troca, recebia cerca de mil euros por mês. Entre 1998 e 2001, o esquema liderado por Jaime Rodrigues Neves, um coronel louvado pelo Exército, lesou o Estado em 1,2 milhões de euros. A investigação, na qual o militar e mais quatro pessoas foram constituídas arguidas, durou vários anos, tendo ontem a unidade que combate o crime económico da PJ anunciado a conclusão da mesma.
O processo segue agora para o Ministério Público, com proposta de acusação pelos crimes de corrupção e de participação económica em negócio.
O coronel do Exército, que está reformado há dois anos, auferindo uma pensão mensal de 3700 euros, terá começado o esquema em 1998. Na altura, Jaime Neves era director dos Serviços de Manutenção Militar, no Carregado, sendo, por isso, responsável por todo o material. O militar começou a encomendar os lençóis, candeeiros, colchões e outros bens a uma empresa de alguns amigos, que cobrava ao Exército preços muito mais elevados do que aqueles que eram praticados no mercado.
A empresa passava ainda facturas falsas, que diziam respeito a bens que nunca chegavam a ser entregues aos militares e por serviços não prestados. O Exército pagava por bens que não usufruía. O coronel recebia ainda, todos os meses, uma avença de cerca de mil euros, que era paga em dinheiro ou cheque. O coronel foi apanhado três anos após o início do esquema fraudulento, durante uma auditoria na qual se descobriu que o Estado tinha sido lesado em 1,2 milhões de euros.
O militar deixou o cargo que tinha e passou a exercer as funções de inspector-director da Inspecção de Análise de Programas e Sistemas da Defesa Nacional.
Foi exactamente no exercício dessas funções que o chefe do Estado-Maior do Exército o distinguiu, em 2006, com um louvor publicado em Diário da República. Reformou-se dois anos depois.

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