15.1.10

1666


Hotel e instituto cultural na antiga conserveira

Ruínas da fábrica do Algarve Exportador jáforam demolidas. Quarteirão terá habitação e comércio

CARLA SOFIA LUZ

As ruínas da antiga conserveira do Algarve Exportador, em Matosinhos Sul, já foram demolidas. Os trabalhos começaram antes do Natal. O terreno do quarteirão fica livre para acolher um hotel, um prédio de habitação e de comércio e um instituto cultural.
Há 28 anos que Diniz Nazareth Fernandes, presidente da empresa que chegou a ser líder de exportações em Portugal, pede à Câmara de Matosinhos para demolir a velha fábrica de conservas Rainha do Sado. O aval municipal chegou quatro dias antes do Natal, após a aprovação polémica no Executivo, e fez-se a demolição. O entulho será recolhido em três semanas. O projecto de arquitectura para o quarteirão, de autoria de Rogério Cavaca e que "obteve a concordância prévia do arquitecto Álvaro Siza", será apresentado em breve ao Município.
No terreno, a poucos passos da praia de Matosinhos, surgirá um hotel de quatro estrelas com sete pisos (seis andares mais um recuado) e 161 quartos. A entrada para a unidade hoteleira será feita a partir da Rua de Roberto Ivens. O desenho para o quarteirão prevê um edifício de habitação com lojas no rés-do-chão. Na frente da Avenida da República, o prédio terá 11 andares (10 pisos mais um recuado) e cinco pisos no gaveto com Roberto Ivens. Parte do terreno central do núcleo (2477 metros quadrados de área) será entregue à Autarquia, cumprindo o acordo assinado entre o empresário e a Câmara em 2007, já sob a liderança de Guilherme Pinto, que desbloqueou o processo. A Autarquia receberá, também, cerca de dois milhões de euros.
Museu da Língua Portuguesa
Falhada a intenção de construir o Centro de Ciências e Tecnologias do Mar naquele espaço, nasce o sonho de erguer um pólo do Museu de Língua Portuguesa, sediado na cidade de São Paulo, no Brasil, associado à memória do fundador do Algarve Exportador, Agostinho Fernandes.
"Vamos iniciar as discussões com a Câmara, se bem que já sugeri a Guilherme Pinto a colocação de um equipamento cultural no terreno. Não quero uma discoteca nem um restaurante. Os brasileiros possuem o Museu de Língua Portuguesa, que tem tido um sucesso fantástico. Vou contactar o instituto nas próximas semanas, pois tenho vontade de trazer um pólo desse museu para Matosinhos. O meu avô, Agostinho Fernandes, foi um grande mecenas nas Letras, nas Artes Plásticas e no Cinema. Esse estabelecimento cultural homenageará a memória do meu avô", sustenta. Esse projecto público "auto-suficiente" seria desenvolvido pela Câmara, em cooperação com a Fundação Agostinho Fernandes.
Desde o início da década de 80 que Diniz Nazareth Fernandes procura rentabilizar a propriedade em Matosinhos Sul. Então, a zona possuía sobretudo vocação industrial, com preponderância para as conserveiras. "Apercebi-me que a zona ia deixar de ser industrial para fazer continuidade da área nobre da Foz [Porto]. Contactei a Soares da Costa para urbanizar o quarteirão da Rainha do Sado", recorda o empresário, sublinhando que a execução do projecto permitiria pagar as dívidas e revitalizar as conserveiras.
"O primeiro projecto entrou na Câmara de Matosinhos em 1981. Depois desse, entraram mais cinco projectos. Nenhum foi chumbado, mas também nenhum foi aprovado", continua. "Fui um dos primeiros a visionar a transformação da zona de Matosinhos Sul e acabo por ser o último a ser servido", insiste o empresário. No final da década de 90, a Câmara aprovou a volumetria para o local, mas o processo só foi desbloqueado, definitivamente, em Dezembro com o aval à demolição.

1 comentário:

Anónimo disse...

Dinis Nazareth Fernnandes foi um dos maiores vigaristas que este país conheceu e agora parece que vai pairar por Matosinhos.
Ver algumas golpadas dele aqui
http://alertaconstante.blogspot.com/2009/02/dinis-nazareth-fernandes.html

O pobre edificio em pouco tempo passou de imóvel classificado a ruína sem préstimo. Mais densidade numa zona em que já estamos completamente asfixiados. E assim lá vamos cantando e rindo...