CONSTÂNCIO PERSISTE NA DEFESA DO INDEFENSÁVEL
A DEMISSÃO SERIA O MÍNIMO QUE SE LHE PODERIA EXIGIR
Constâncio errou pelas mesmas razões que teriam errado a maior parte dos economistas do sistema que saltitam do Banco de Portugal para a Caixa Geral de Depósitos, da Caixa Geral de Depósitos para a Associação de Bancos Portugueses, daqui para o governo, do governo para uma qualquer grande empresa: o papel deles é defender em primeiro lugar o capital financeiro contra os utentes do sistema. Defender o sistema a qualquer preço, mesmo quando estupidamente o fazem contra os próprios interesses do sistema. Mas como Portugal é um país pequenino, com primos e primas por todo o lado, com amigos de amigos comuns e com interesses cruzados em todo o tipo de actividades, o mais cómodo, para quem nunca elegeu coragem como padrão de conduta, é ir contemporizando com tudo até que a força avassaladora dos factos desnude por completo uma situação cujas consequências não podem mais ser escondidas ou encobertas.
Não há durante o longo mandato de Constâncio uma único acto do Banco de Portugal destinado a defender, por iniciativa sua, os utentes do sistema. Foi assim com os arredondamentos, foi assim com os pequenos accionistas do BCP, foi assim com as comissões indevidamente cobradas, foi assim com tudo. Somente quando um clamor se levantava na imprensa, nas televisões, na opinião pública em geral, é que Constâncio, contrafeito, actuava.
Por outro lado, todas – mas mesmo todas! – as declarações públicas de Constâncio sobre a evolução da economia nacional apontavam sempre para a penalização de quem trabalha, para a contracção da massa salarial, enquanto os bancos privilegiados pelo fisco e por operações especulativas sem controlo iam acumulando lucros obscenos, muitas vezes obtidos, como se está ver, a custa de quem neles confiou.
Já aqui explicámos neste blogue que as situações ocorridas no estrangeiro, nomeadamente em Espanha e em França, invocadas por Constâncio para justificar o seu comportamento enquanto supervisor não têm qualquer analogia com o que se passou cá.
Constâncio está agarrado ao lugar e sente com certeza as “costas quentes” para assim proceder. Tem certamente o apoio daqueles cujos interesses defende. Mas não tem seguramente o apoio do povo português. Deveria ir para casa. Estudar. Meditar sobre o que se está passar com o capital financeiro em vez de continuar a usar argumentos de baixa política que, esses sim, mais do que uma tentativa denegridora do Banco de Portugal são um verdadeiro acto consumado de agressão à inteligência de quem o ouve.
Correia Pinto, no POLITEIA
1 comentário:
Acho que realmente, este senhor está agarrado ao poder e só a morte o de lá tirará. (é mal pago)
Ainda bem que a morte
existe,porque da forma que alguns pensam e hajem isto era tudo deles,e não havia espaço para eu e outros cá estar...
Um matosinhense atento!
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