8.6.09

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Eleições com dor
As eleições não correm bem ao PS desde a vitória nas legislativas há 4 anos. Perdeu as locais de 2005 e desbaratou nelas generais como Manuel Maria Carrilho, João Soares e Francisco Assis, entre outros; perdeu estrondosamente as presidenciais de 2006 com Mário Soares na versão oficial e Alegre na versão espontânea ;e é derrotado nestas europeias com o free-lancer engagé Vital Moreira. Só Sócrates ostenta as estrelas conquistadas nas antecipadas de Fevereiro de 2005, embora não se possam dissociar os resultados subsequentes do seu modo imperioso de governar. O PS terá de mudar de filosofia de governação.

Com efeito, depois das locais e das presidenciais, e de quatro anos de governo de choque, não seria de esperar apoios entusiásticos em eleições como as europeias. Muito menos comparar com as eleições para o PE de 2004 tendo em conta os números da vitória da equipa Sousa Franco-António Costa quando o PS estava em pleno estado de graça na oposição ao executivo Barroso-Paulo Portas.

Ficar atrás do PSD agora significa que o PS vai deixar de ter grande parte do apoio dos interesses económicos que se colaram ao governo Sócrates até aqui. Com a vitória do PSD a direita política reaparece e vai deixar cair para já a ideia do bloco central. Neste particular Cavaco Silva também perde. Porém há uma outra conclusão que convém sublinhar: o PS não perdeu só para o PSD, perdeu nas duas frentes, à direita e à esquerda. O único lenitivo veio da sondagem da SIC para as legislativas. Mas muitas sondagens também foram derrotadas nestas eleições.

Medeiros Ferreira, Professor Universitário

1 comentário:

Anónimo disse...

É verdade que as últimas eleições não foram para o governo da república mas o seu resultado não pode ser completamente alheio à governação do PS.

No meu conceito de democracia, qualquer governo que durante a campanha eleitoral promete governar num determinado sentido e depois da votação, uma vez chegado ao poder procede exactamente ao contrário deveria ser imediatamente demitido e marcadas novas eleições, por falta de honestidade e de legitimidade para prosseguir a sua governação. Tal situação deveria ser até considerada na própria constituição da república.
É conhecido que os partidos fazem promessas durante as campanhas eleitorais que acabam por não cumprir, mas o PS inovou neste aspecto: prometeu, os eleitores deram-lhe o voto em virtude dessas promessas e depois quando chegou ao poder com maioria absoluta tratou de fazer exactamente o contrário do prometido, por isso não deve admirar-se do resultado destas eleições.

Zé da Burra o Alentejano