11.5.11




O pecado original

Em contraste com Sócrates, que interpreta um guião comunicacional de que nunca se afasta um milímetro, há em Passos Coelho uma autenticidade e uma vulnerabilidade que o tornam simpático. Até o modo desastrado como tem gerido as suas declarações públicas, em acréscimo à convicção de que se encontra rodeado de gente incapaz e/ou pouco fiável - que, como é tradição no PSD, na primeira oportunidade lhe espetará uma faca nas costas - acabam por lhe granjear simpatia.

(Passos Coelho parece porém consciente, ou subconsciente, de quem tem à volta, a crer no seu acto falhado de há dias na RTP assegurando que fará um Governo com gente competente e não da Comissão Política do PSD).
Só que também ele está ferido do pecado original de todos os líderes do PSD, o inimputável Carnaval financeiro que dura há décadas na Madeira. Jardim acaba, aliás, de desautorizar todo o discurso de austeridade e de "Estado mínimo" do PSD, desviando, numa altura em que a dívida da Madeira atinge valores astronómicos, 7 milhões de euros de uma empresa de capitais públicos (uma entre a miríade tentacular de empresas com ligações ao Governo Regional, e esta ainda por cima falida) para a construção de mais um... campo de golfe.
Para Passos Coelho poder ser levado a sério quando fala de rigor orçamental teria que desautorizar Jardim. Mas, para isso, simpatia não chega, é preciso coragem. E coragem não parece ser o seu forte.

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