11.4.11

Ontem como hoje


Por fim do ano de 1878, e por espírito de emitação, o Banco Ultramarino expiou, como o Banco de Bruxelas, as leviandades de uma péssima administração e o abuso de um guarda-livros, de um exército deempregados e de directores que meteram a mão nas algiberas… dos outros, postas sob a sua salvaguarda. No dia imediato ao do desastre, o tesouro público punha à disposição do Banco Ultramarino a soma de dois milhões de francos, o dobro dos desvios de fundos. Aqui temos guada-livros, tesoureiros, empregados e directores que vão ao banco dos réus  responder perante a justiça – se a justiça intervier no caso – por factos que se lhes imputam, e o governo corre em auxílio do cofre despojado! Porquê?...Por que razão?... Como é que os dinheiros do Estado têm que ver com uma sociedade constituída por accionistas, de entre os quais alguns grandes e minúsculos empregados são uns gatunos?E com que direito aqueles que administram os dinheiros públicos aos quais as cortes consignam destino especial, podem aplicá-los em socorrer um banco em falência?... Questões importantes em toda a parte mas que seriam aqui impertinentes.

Maria Rattazzi, Portugal de Relance, 1880, Antígona, Lisboa 2004, pag. 232-233

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