4.9.10

2279


ORÇAMENTO

Reunião secreta juntou Sócrates e Passos em Junho

por PAULA SÁ

Primeiro-ministro ficou a conhecer condições do PSD antes das férias.
Em Junho, o primeiro-ministro e o líder do PSD encontraram-se e Pedro Passos Coelho colocou sobre a mesa a ideia de que não aceitava um novo aumento de impostos por via do corte nas deduções fiscais. Fontes do gabinete do presidente social-democrata garantiram ao DN que "José Sócrates ficou, nessa altura, esclarecido sobre essa matéria". E a verdade é que ontem Passos voltou a elevar a pressão sobre o Orçamento do Estado para 2011, ao garantir ao semanário Sol que chumba o OE se aquela medida for por diante para todos os escalões do IRS e se não existir uma redução da despesa do Estado.
O líder laranja deve, amanhã, no encerramento da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, reiterar as suas condições para que a bancada do PSD viabilize o documento para o próximo ano.
O que parece ainda pouco claro é como se desenrolará todo este processo nos bastidores. O gabinete de Passos Coelho garante que, até ao momento, "não estão previstas quaisquer negociações com o Governo". Embora ainda ontem, numa entrevista ao Diário Económico, o ministro da Presidência tenha garantido esperar as "tais negociações". Não sem avisar que o Executivo não deixará "subverter" um "orçamento que será muito exigente". E afirmava sobre o cenário de um chumbo ao OE: "Uma crise política seria tão negativo que se o PSD arrastar o País para um cenário desses pagará um preço elevado."
O facto de Passos ter rejeitado liminarmente a possibilidade do Executivo mexer nas deduções fiscais com educação e saúde, levou o primeiro-ministro, na rentrée do PS em Mangualde, a acusar o PSD de tentar proteger os mais ricos. Na tentativa de desarmar a argumentação de José Sócrates, o secretário-geral social-democrata, Miguel Relvas, veio admitir aos jornalistas, em teoria, que essa medida pudesse atingir os escalões mais altos do IRS, a partir do 6.º escalão, que abrange rendimentos acima dos 60 mil euros anuais, que se entende já não serem os típicos de classe média. Mas as declarações de Passos ao Sol deitaram mesmo por terra essa possibilidade.
Seja como for, são muitas as vozes (ver em baixo) que dentro do PSD se levantam, incluindo a dos antigos líderes do partido, Marcelo Rebelo de Sousa e Marques 

Sem comentários: