2.9.10

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Em nome do "povo"

Dez mortos, entre os quais crianças, e várias dezenas de feridos é o balanço provisório dos tumultos motivados pela subida dos preços dos bens essenciais em Moçambique, onde pão, arroz, electricidade e transportes sofreram aumentos que chegam aos 20%. Isto num dos países mais pobres do Mundo, com um salário mínimo que anda pouco acima de 50 euros por mês. Os protestos vinham sendo há dias convocados por SMS e, ontem, Maputo acordou ocupado por polícias, apoiados por blindados, que não estiveram com meias medidas e abriram fogo sobre os manifestantes. Os antigos guerrilheiros hoje no Poder em Maputo esqueceram rapidamente o sentido de uma palavra terrível como "fome", gritada para as câmaras da RTP por uma mulher desesperada: "Na Presidência estão comendo bem, por que é que nós havemos de morrer de fome?". Para o provavelmente bem alimentado ministro do Interior da Frelimo, que ordenou à Polícia que atirasse a matar sobre os seus concidadãos (o tal "povo"), milhares de pessoas acossadas pela fome saqueando mercados por comida são (disse-o na TV) "aventureiros, malfeitores e bandidos" a abater.

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