O tango e a tanga
O Estado português está em pré-falência, já não consegue honrar os seus compromissos. Perigam as reformas e os salários da Função Pública. E que faz o Governo? Controla despesa, racionaliza a Administração? Não, agrava a carga fiscal. Esta medida parece ter como único objectivo ampliar a dívida pública. Aumentando os impostos, e com as garantias dadas por estes, o Estado português pode contrair mais empréstimos. Endividar o país é assumido como o grande objectivo nacional, acabou a vergonha.
Com mais impostos e mais crédito, o Governo pode continuar a favorecer os amigos com negócios chorudos, como o TGV, ou o novo aeroporto. E como - citando o padre António Vieira - "para alimentar um peixe grande são precisos muitos peixes pequenos", para que poucos fiquem cada vez mais ricos, os pobres serão cada vez mais pobres. Os cidadãos e as empresas irão pois ter de fazer mais sacrifícios, viveremos todos pior, o investimento privado vai baixar, aumentará o desemprego. Adivinham-se tempos problemáticos.
Em desespero, a braços com diversos escândalos, José Sócrates sabe que não pode abandonar o seu lugar, pois só o cargo lhe garante a sobrevivência política. Neste cenário de decadência, o primeiro-ministro encontrou dois cúmplices de ocasião. Por um lado, Cavaco Silva, que não despede Sócrates, pois não quer crises políticas até à sua reeleição e está disposto a sacrificar o país à sua estratégia eleitoral. E, por outro, Passos Coelho, que aposta na deterioração da situação económica e espera pacientemente que o poder lhe caia no colo.
"O Partido Social Democrata disponibilizou-se até para colaborar neste aumento de impostos, a ponto de Sócrates vir dizer que já tinha alguém com quem dançar o tango, neste caso o PSD. Para Sócrates, a política pode de facto parecer um baile, pois rodopia, pula de escândalo em contradição, de forma errática. Mas a música que os portugueses ouvem não é tango, é tanga. Estamos de tanga e ainda por cima estes políticos só nos dão tanga."
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