28.11.09

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Camilo Lourenço
Tantas vezes vai o cântaro à fonte...


De repente o País descobriu que está na bancarrota. Ele é o endividamento do Estado, a dotação provisional, as transferências para a CGA, o custo da dívida, etc. É espantoso. Até parece que estamos perante uma novidade. Andamos todos distraídos.Só pode ser. E depois chamamos nomes feios às agências de rating quando põem o dedo na ferida, com uma profundidade incompatível com os nossos brandos costumes. Como aconteceu quando a Moody's reforçou o "outlook" negativo do rating da República.

As explicações que acompanham esta "prenda" são arrasadoras para o Governo e para o País: défice superior previsto; adiamento da reversão dos apoios à economia para depois de 2010; improbabilidade de redução do défice para 3% até 2013; crescimento fraco nos próximos anos...

Pior era difícil, dirá o leitor. Não, não é. A Moody's vai mais longe e lembra que a situação orçamental estava a deteriorar-se.... desde 2007. Ou seja, antes da crise financeira. Coisa que o Banco de Portugal anda a dizer desde finais de 2008, mas que dito por uma agência de notação internacional tem consequências diferentes. Para pior.

Teixeira dos Santos pode gabar-se, como fez recentemente, de que as taxas de juro cobradas à República mostram que os mercados não estão preocupados. Em vez da gabarolice, o ministro devia apresentar já um plano credível onde explica onde e como vai o Estado cortar despesa. Até para não ficarmos em má companhia: veja-se a agitação dos mercados em torno da possível bancarrota do Dubai e dos problemas da Grécia.

camilolourenco@gmail.com

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