14.8.09

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Uma discussão inútil

Em período de defeso futebolístico, a discussão sobre as listas eleitorais para as legislativas confunde-se com a da constituição dos plantéis das principais equipas para a próxima época. Só que, no futebol, uma equipa ter um jogador e não outro pode fazer, e faz habitualmente, a diferença, ao passo que na AR tanto faz. Porque, no estado a que chegou a nossa democracia, os deputados não jogam, são meros espectadores, claques organizadas constituídas por gente sem vontade, e muitas vezes sem carácter, incapaz (ao contrário do que acontece no futebol) do mínimo sobressalto crítico.

Por algum motivo o Parlamento, que deveria constitucionalmente ser o coração da democracia, é hoje a instância mais desprestigiada da vida política portuguesa. Mesmo as suas competências legislativas foram progressivamente apropriadas pelos governos. Aí, no Governo, é que tudo se joga. E, aí, os eleitores não metem prego nem estopa. Os partidos deviam anunciar a composição dos governos que propõem aos portugueses e não as inúteis listas de "yes men" que eles irão principescamente pagar durante os próximos quatro anos.

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