Jorge Luís Borges, 1975
Antes que os remadores de Odisseu
Fatigassem aquele mar cor de vinho
As inefáveis formas adivinho
Daquele deus cujo nome foi Proteu.
Pastor dos dois mil rebanhos de oceanos
E detentor do dom da profecia,
Preferia ocultar o que sabia
E entretecer oráculos e enganos.
Instado pelas gentes, assumia
A forma de leão ou de fogueira
Ou de árvore que dá sombra a uma ribeira
ou de água que na água se perdia.
Com Proteu, o egípcio, não te assombres,
Tu, que também és um e muitos homens.
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