18.5.09

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No I






Empresas alugam navios para estacionar petróleo à espera que o preço do ouro negro suba

No início do ano uma empresa alugou um superpetroleiro e atestou-o com dois milhões de barris de petróleo, comprados a 40 dólares. Se o mercado de futuros não enganar, em Dezembro cada um destes barris valerá 61 dólares, mais 21 dólares. Multiplicado por dois milhões de barris, são 42 milhões de dólares de ganho para a empresa. Alugar um petroleiro, com tripulação e seguros, custa 53 mil dólares/dia. Um ano inteiro: Cerca de 19 milhões de dólares. Feitas as contas, manter o petroleiro em alto mar durante um ano pode dar um lucro de 23 milhões neste caso real.

As contas são da EA Gibson Shipbrokers, empresa seguradora de navios, que estimou este mês que existam "cerca de 55 petroleiros com 102 milhões de barris de crude [o consumo mundial diário é de 85 milhões de barris] e outros 33 navios com 19 milhões de barris de derivados de petróleo" estacionados em alto mar à espera de melhores preços no mercado. Em Dezembro de 2008, diz a mesma Gibson Shipbrokers, nem 5 milhões de barris estavam nesta situação. Em Fevereiro já eram mais de 60 milhões e agora mais de 100 milhões. 

A estas operações deu-se o nome de Contango, e a entrega no mercado de todo este petróleo "teria uma forte possibilidade" de baixar o preço, incentivando novas manobras deste género já que quanto mais baixo o valor, mais provável é o retorno.

Segundo os dados da seguradora, cerca de 42% do total do petróleo que passeia no Mar encontra-se no Atlântico, enquanto 32% está no Mar do Norte ou no Mediterrâneo e 16% por águas africanas. E são várias as empresas que apostam nesta táctica. A norueguesa Frontline, dona de 50 petroleiros para alugar, já salientou que pelo menos 25 dos seus barcos foram contratados para este fim. E, segundo o Times, a Shell terá quatro destes barcos e a British Petroleum, ou BP, pelo menos um, tal como os norte-americanos da Koch. 

Mas nem sempre as coisas correm bem. A 15 de Novembro de 2008 piratas somalis sequestraram o superpetroleiro Sirius Star, carregado com dois milhões de barris. No dia do ataque o petróleo estava a 57,04 dólares. A 9 de Janeiro foi pago um resgate de 3 milhões pelo navio mas o ouro negro já estava nos 40,83 dólares. Em dois meses os piratas provocaram um prejuízo de 32,4 milhões de dólares e ainda receberam um resgate.

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