17.5.09

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Vitalino é só o porta-voz de um partido e de um Governo que são a mesma coisa: comprovadamente vocacionados para a tirania encapotada e para a excepção democrática metódica a todos os títulos. Mas enquanto símbolo vivo que dá a cara e a vozinha, Vitalino tem naturalmente o azar de ter muito poucos adeptos com pachorra para lhe aturar a boquinha multitachívora. Soa sempre àquela coisa provocatória e contraproducente. Parece que além da sensação de impunidade judiciária dos Fortes, dos Grandes pelo Poder e pelo Dinheiro que esta 'democracia' acoita com o seu labirinto legislativo corruptíssimo («corruptissima respublica plurimae leges»), este PS está empenhadíssimo em passar à sociedade uma sensação enraizada, indelével, de impunidade política, toda a gente lavando as extremidades porcinas e atirando o ónus da própria sujidade para quem estiver mais à mão: o PM para o PGR e o PGR, aliviando o cromo que terá agenciado este imbróglio, o ministro da Justiça, com a confirmação de um processo disciplinar a Lopes da Mota. Mas isto não deveria implicar que Alberto Costa deixe de decidir imediatamente sobre a não-permanência do magistrado no Eurojust. Se o ministro disse no Parlamento, em Abril, piscando muito os olhinhos, que caso se confirmassem as pressões, saberia "retirar todas as consequências", o facto é que até agora não se lhe ouviu palavra. Era para enganar. O membro nacional do Eurojust foi nomeado por despacho dos ministros da Justiça e dos Negócios Estrangeiros após proposta do Procurador-geral da República não sem antes lhe ter sido tal cromasso-das-pressões e rabos de palha impingido pelo grande partido da glutonaria clientelar, pá. Não é por acaso que o hábil e habitual Alberto Costa acoita-se assim a adiar uma decisão saudável sobre Lopes da Mota com a desculpa da conclusão do inquérito disciplinar acabadinho de abrir, mais um capítulo da burocracia de empatar e enfastiar o Povo, pá. Espero que não passe pela cabeça de este PS de excepção, a que Vitalino empresta a vozinha, considerar ilegítima a pressão da cidadania, dos movimentos de cidadãos, dos eleitores por que tal PS do empurra-empurra se morigere e modere porque não há paciência para tanta habilidosa fuga para a frente a juntar à consabida altivez, autossuficiência e desprezo pelos cidadãos com as cenas a que se presta. Isto é um PS-Governo onde tudo se fez por que se inculcasse culpa na pobre psique dos pobres cidadãos mal pagos para justificar por que ganham tão miseravelmente, tal como o ME tudo fez para esmagar de oprimências intoleráveis os professores: a suposta fraca qualificação e outros chavões de verdade malígna e imperfeita, quando a verdade é que os mais qualificados emigram ou permanecem longamente desempregrados e os cérebros críticos e contestatários de um Regime a Cair de Podre, esta porcaria injusta, esta 3.ª República Corruptíssima, são sanitariamente arrumados como nos regimes mais oprimentes, desumanos e fedorentos do passado e do presente. Ó Vitalino, por mim, entras de férias dos teus multitachos e até de fastidioso porta-voz de essa besuntada bosta para sempre. Que tal, pá? Quem é amigo, pá?: «O deputado Nuno Melo anunciou ontem que o CDS-PP vai “fazer tudo” para levar Lopes da Mota, presidente do Eurojust, ao Parlamento. O Bloco de Esquerda manifestou ontem o mesmo interesse e o PSD pondera essa necessidade. Hoje, Vitalino Canas respondeu e acusou os partidos de estarem a exercer uma “pressão ilegítima”. No entanto, adianta que o PS vai apreciar o pedido para saber quais os seus fundamentos.»

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