Linha Editorial???
Fiquei hoje a saber, pelo Jornal de Matosinhos que a Câmara de Matosinhos tem uma linha editorial para os livros que os outros publicam.
Segundo aquela «publicação», inquirido na última Ass. Mun. por um tal Carlos Paiva sobre qual a razão pela qual teria sido impedido de fazer a apresentação de um livro da sua autoria na Biblioteca Municipal, o Dr. Pinto respondeu:
"Para apresentação do livro, a Câmara tinha de perceber se tinha qualidade, se estava dentro da linha editorial do munícipio, sem que isso signifique nada contra a liberdade".
Dada a sanha que anima o director daquele periódico contra o Dr. Pinto fui tentar confirmar a informação na outra «publicação» do concelho.
Nessa, que agora é uma espécie de «A Voz» do Dr. Pinto, nada.
Trazia o "relato" do ocorrido na Assembleia, mas sobre a intervenção do Sr Paiva nem letra. O que leva a concluir que será verdadeiro o relatado, mas percebendo-se a enormidade da afirmação do Dr. Pinto se optou por escondê-la.
Finalmente, e noutras fontes, percebe-se que o livro do Sr. Carlos Paiva é um manifesto contra a política de educação do governo e do partido agora popular. Daí a manobra para a evitar num edifício municipal.
Não vão o chefe, ou o chefinho distrital, ou a senhora da DREN, tecê-las.
Chegados aqui merece alguma reflexão a atitude do preclaro presidente G. P.
A Biblioteca Municipal, como outros edifícios, tem e deve ter uma função de suporte das actividades culturais, formativas e informativas; e entre elas a da apresentação pública de obras literárias, artísticas, científicas.
É legítimo a Câmara impedir a sua utilização pelos particulares para além das impossibilidades materiais de agenda?
Parece que no entendimento do Dr. Pinto pode, e segundo dois critérios:
1 - a qualidade da obra
2 - a linha editorial do munícipio.
Pode a Câmara, como o Dr. Pinto pretende, fazer um juízo prévio da qualidade da obra apresentada, obra que a Câmara não patrocina, não edita, não a responsabiliza?
E quais são as premissas para aquilatação dessa qualidade? Quem as fixa, o vereador da cultura ou o do pelouro da matéria que a obra trata? Como são fixadas, para serem públicas, as regras da "qualidade"? Vão a discussão na Assembleia Municipal, ou são da competência do executivo? São afixadas em edital, ou aprovadas por postura? Quais os critérios da qualidade? O aspecto gráfico? A correcção gramatical? a impecabilidade do estilo? A escolha do tema?
Ou pura e simplesmente não ser contra a política do Dr. Pinto e do seu partido?
Até porque não se percebe a invocação do critério de qualidade quando se conhece a qualidade ( ou falta dela ) de muitos dos livros que a Câmara publica, apoia, patrocina.
E a Câmara de Matosinhos tem uma linha editorial?
Qual? Quem a definiu? Onde? Como? É pública?
E tem, sobretudo, uma linha editorial para os livros que os outros escrevem e editam?
Em suma, a explicação esfarrapada do Dr. Pinto envergonha-o, envergonha o partido a que pertence, envergonha os cidadãos de Matosinhos.
O Dr, Pinto quis abafar a apresentação do livro por razões meramente políticas.
Isso tem um nome!
E não é bonito!
E é, rigorosa e unicamente contra a liberdade!
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